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Romances com casais LGBTQIA+ para o dia dos namorados

Existe algo mais prazeroso do que fazer leituras de casal? Ter a possibilidade de passar várias horas agarradinhos lendo um livro embaixo das cobertas não tem preço. As opções são várias: se ambos possuem o gosto literário diferente, podem ler livros diferentes, cada um na sua própria vibe, aproveitando a companhia um do outro; se o gosto é parecido, o casal pode ler o mesmo livro ao mesmo tempo e no final de cada capítulo podem debater suas impressões enquanto bebem uma xícara de chá ou qualquer bebida que gostem.

Não importa em qual raça ou grupo minoritário você esteja: trans, cis, gordo, negro, branco, asiático, hétero, bi, ace, ou pansexual, a probabilidade de aproveitar e se apaixonar por uma obra será bem maior se você — em maior ou menor grau — se sentir representado na trama. Você pode ser fã de rock ou de rap, pode gostar de livros longos ou curtos, pode gostar de tramas que passam por décadas ou que duram apenas um dia ou um final de semana, pode gostar de romances YA’s clichês ou de livros de sci-fi complicados e abstratos. Não interessa o seu gosto literário, se sentir representado em obras literárias é muito reconfortante.

Dessa forma, confira essa lista com romances de gêneros e casais variados para celebrar a pluralidade sexual e literária no dia dos namorados.

Mundo real – Brandon Taylor 

Brandon Taylor aborda e mistura microagressões raciais e erotismo de modo sublime ao narrar as descobertas sexuais de um jovem negro gay e gordo em uma cidade litorânea ensolarada repleta de pessoas de várias nacionalidades.

O ponto de partida do enredo é simples: no decorrer de um final de semana abafado de verão em uma cidade universitária, conhecemos Wallace, um rapaz negro, gay e gordo, que graças à uma bolsa de estudos, está fazendo sua pós-graduação em uma universidade repleta de pessoas de várias nacionalidades, e o fato de Wallace ser o primeiro aluno negro em décadas faz com que ele alterne momentos de solidão, autossabotagem, dúvidas profissionais e encontro sexuais com Miller, um de seus amigos brancos, que apesar de afirmar várias vezes não ser homossexual, está questionando sua sexualidade — nesta relação que, apesar de durar apenas três dias, é violenta sexual e fisicamente de um modo que não me lembro ter visto na literatura recente.

A análise completa do romance pode ser lida aqui.

A metade perdida – Brit Bennett

Na trama de A metade perdida iremos acompanhar a jornada de Desirée e Stella Vignes, duas irmãs gêmeas idênticas que nasceram em uma cidade pequena dos Estados Unidos chamada Mallard, onde pessoas negras de pele escura não existem. Durante a infância as irmãs decidem se mudar dessa cidade definitivamente, após viverem juntas por cerca de um ano em outra cidade, Stella simplesmente desaparece da vida da irmã e vai viver como uma mulher branca em outra cidade. A partir deste momento, no entanto, e por grande parte da narrativa, iremos testemunhar a jornada de Desirée na busca pela irmã, e o porquê dela ter decidido se mudar sem deixar aviso. Uma das sub-tramas do romance envolve a relação entre uma jovem negra e seu namorado trans, também negro, nos anos 80. 

A análise completa do romance pode ser lida aqui.

O mau exemplo de Cameron Post – Emily Danforth

Esta é a história de Cameron Post, uma jovem lésbica que vai viver em uma cidade rural com uma tia conservadora após a morte dos pais em um acidente de carro. Ao se apaixonar por Coley, Cameron é enviada para um acampamento de conversão para ser curada de sua homossexualidade.

A obra foi adaptada para o cinema em 2018 com direção de Desirèe Akhvan , talentosa diretora de origem iraniana. No elenco contam nomes como Sasha Lane (Docinho da América), Chloë Grace Moretz (Suspíria), Jennifer Ehle (Orgulho e preconceito). A adaptação cinematográfica recebeu aclamação de público e crítica, vencendo o festival de Sundance no mesmo ano — algo já esperado, uma vez que o talento de Akhvan como diretora já pôde ser confirmado no filme Appropriate Behavior, de 2014, e na série de tv The Bisexual.

O poço da solidão – Radclyffe Hall

Clássico lésbico e best-seller internacional banido em 1928, O poço da solidão conta a história de Stephen, uma jovem de família aristocrática conservadora que apesar de ser uma heroína de guerra e autora de sucesso, precisa enfrentar a sociedade da época vitoriana — que não aceita sua orientação sexual.

Considerado uma bíblia transexual lésbica, o romance foi banido em vários países desde a sua publicação, sendo relançado somente na década de 40. Nele a autora Radclyffe Hall tinha como intenção desestigmatizar as orientações sexuais gays e lésbicas, consideradas como criminosas na Inglaterra, e para isso, usou como inspiração sua própria vida, suas viagens à frança — onde ser gay e lésbica não era considerado um crime — para desenvolver grande parte dos personagens.

Elvis & Madona: Uma nova lilás – Luiz Biajoni

Publicado em 2021 pela Bazar do Tempo, Elvis & Madona: Uma novela lilás conta a improvável história de amor entre Madona e Elvis. Elvis é uma mulher cisgênero lésbica que faz uns bicos entregando pizza em Copacabana enquanto seu tão sonhado emprego como fotógrafa jornalística não acontece. Pendendo para o lado burguês da sociedade, ela fugiu de uma pequena cidade mineira quando a heterossexualidade compulsória que seus pais lhe forçavam a fez abandonar tudo e tentar a vida no Rio de Janeiro. Madona é uma travesti que trabalha como cabeleireira e que sonha em produzir e protagonizar seu próprio show de teatro. Assim como muitas outras travestis e mulheres trans, Madona se viu cercada de ódio, homofobia, e adiante, após sua transição, transfobia. A aleatoriedade de uma noite de entregas colocou frente a frente duas mulheres carentes de afeto genuíno e de um simples abraço reconfortante. Cada uma, a seu modo, tenta fugir de uma sociedade transfóbica, homofóbica e objetificadora.

A análise completa do romance pode ser lida aqui.

Loira Suicida – Grace Steinke

Para os fãs de David Bowie e Velvet Underground, esse clássico junkie feminista aborda a relação conturbada entre Jesse, mulher heterossexual, e Bell seu namorado bissexual no auge da epidemia da AIDS nos anos 90.

Publicado em 2021, a trama de Loira suicida é ambientada na década de 90 por um período de duas semanas em uma São Francisco suja, fétida, decadente e assolada pela epidemia da AIDS. O romance conta a odisseia de Jesse, uma mulher angustiada que vive uma crise existencial causada pelo trauma do abandono e pela falácia do american dream. Aos 29 anos, ela se encontra sem dinheiro, sem casa e em um relacionamento conturbado e fadado ao fracasso com Bell, um ator de teatro bissexual que se culpa pela morte do pai. O livro é uma jornada neo-noir em tons neon assustadoramente autodestrutiva, que ameaça a saúde mental, sexual e física da protagonista. 

A análise completa do romance pode ser lida aqui.

É assim que se perde a guerra do tempo – Amal El-Mohtar e Max Gladstone

Escrito por Amal El-Mohtar e Max Gladstone, É assim que se perde a guerra do tempo (publicado no Brasil em 2021) é um frescor não apenas no gênero ficção científica como também na literatura como um todo. Mesclando o futurismo do sci-fi com o gênero epistolar, o romance atinge a perfeição ao mostrar o crescimento de um amor proibido entre Red e Blue, duas assassinas rivais terrivelmente solitárias que viajam entre o espaço e o tempo cumprindo as missões recebidas por suas respectivas superiores. Um dia, no entanto, uma delas é surpreendida ao receber uma carta da outra. A partir deste momento entramos em um jogo epistolar de sedução entre inimigas mortais.

A análise completa pode ser lida aqui.

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