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Biografia História Negritude Raça

Contra o apagamento histórico: “Enciclopédia negra” e “Personalidades negras invisibilizadas da História do Brasil”

Imagem ilustrativa com duas capas de livros

Resultado do apagamento histórico que as pessoas negras sofrem no Brasil, suas histórias de vida ficam desconhecidas do grande público até que pesquisadores tenham condições de divulgá-las. Daí vem a importância de duas obras que apresentam algumas dessas pessoas negras que deixaram suas marcas no mundo, influenciaram suas épocas, mas em alguns casos ainda não são conhecidas ou reconhecidas por todos.

Em 2021 a Editora Jandaíra publicou o livro Uma História feita de histórias: personalidades negras invisibilizadas da História do Brasil, que conta com organização de Djamila Ribeiro, Lizandra Magon de Almeida e Maurício Rocha, e é ilustrado por Robson Moura.

Como resultado de um edital que recebeu mais de duzentos textos, a obra reúne 16 biografias de personalidades negras que foram esquecidas ao longo do tempo, todas escritas por pesquisadores negros de diferentes lugares do Brasil. Há biografias de escravizados, libertos, líderes, educadores, artistas de diversas áreas. Essa publicação contribui para que se construção uma nova identidade brasileira, reconhecendo a importância das pessoas negras na construção do país.

Assista ao vídeo para saber mais sobre o livro

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Outro livro publicado em 2021 e que tem uma proposta parecida com o anterior, mas muito mais ampla, é a Enciclopédia negra: Biografias afro-brasileiras, que conta com mais de quinhentos verbetes biográficos de pessoas negras que merecem ser relembradas. A organização da obra é de Flávio dos Santos Gomes, Jaime Lauriano e Lilia Moritz Schwarcz, e além disso, também conta com ilustrações de 36 artistas negros convidados que deram rostos aos biografados.

Confira abaixo alguns dos nomes:

Tia Maria do Jongo 

Tia Maria do Jongo 

Nasceu em 1920 e foi uma produtora cultural que teve forte influência para a manutenção e expansão da tradição de jongo do Rio de Janeiro.

Mestre Verequete

Mestre Verequete

Nasceu em 1916 e foi um artista essencial para difusão do carimbó, gênero e estilo musical que ganhou muita força na Amazônia, especialmente no estado do Pará. O carimbó já era presente no século 19 e surgiu como dança e música criadas a partir das influências indígenas e africanas, chegando a ser reprimido por ser considerado “festa de preto”.

Maria Nascimento 

Nasceu em 1924, e foi casada com o artista e ativista Abdias Nascimento. Ela fez parte do Teatro Experimental do Negro no Rio de Janeiro e dirigiu o Departamento Feminino do TEN. Atuou como assistente social, professora e também foi uma defensora dos direitos da mulheres negras e de iniciativas voltadas à maternidade das mulheres negras e às crianças.

Mestre Bimba 

Mestre Bimba

Nasceu em 1899 e foi fundador de uma academia para ensinar capoeira em uma época que a prática era perseguida. Posteriormente Mestre Bimba passou a ser identificado como criador das formas de capoeira contemporânea praticadas a partir da década de 60 em várias partes do Brasil.

Mãe Beata de Yemanjá

Mãe Beata de Yemanjá

Nasceu em 1931 na cidade de Cachoeira no Recôncavo Baiano. Foi iniciada nos anos 1950 no Ilê Maroialaji e fundou aeu terreiro Ilê Maroialaji, que significa em iorubá “a casa das águas dos olhos de Oxóssi”, em 1958. Foi uma defensora da diversidade cultural e da luta antirracista; batalhou pelo acesso mais democrático à saúde; combateu as diversos formas de discriminação e lutou pela educação e pela introdução do ensino de África e cultura afro-brasileira nas escolas, pelos feminismos negros e pela defesa do meio ambiente.

Esperança Garcia

Esperança Garcia

Ela escreveu uma carta para o governador do Piauí expressando as suas vontades, desejos e expectativas. A carta é considerada o primeiro documento escrito por uma pessoa escravizada. Recentemente foi reconhecida como a primeira advogada do Piauí.

De Chocolat

De Chocolat

Nasceu 1887, véspera da abolição. Foi um ator e passou a usar o nome De Chocolat após uma temporada atuando em cabarés em Paris, onde era apresentado como Monsieur De Chocolat. Fundou a Companhia Negra de Revistas no Brasil, a companhia Ba-Ta-clan Preta e outras companhias de dança e de teatro. De Chocolat passou a propor apresentações teatrais a partir de autores, intérpretes, atores, atrizes e diretores negros e negras. Também foi um compositor foxtrots, sambas, marchas, valsas e maxixes gravados por importantes intérpretes da música nacional.

Este texto foi escrito por Mayra Guanaes com colaboração de Maria Ferreira.

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