Blackout: O amor também brilha no escuro é um livro composto por seis contos, cada um escrito por uma autora negra: Dhonielle Clayton, Tiffany D. Jackson, Nic Stone, Angie Thomas, Ashley Woodfolk e Nicola Yoon. O livro inova ao reunir autoras de diferentes gêneros para entregar contos distintos, mas que têm em comum a exaltação do amor e uma representação positiva e diversa de juventude negra, com a cidade de Nova Iorque como cenário, durante um apagão.
O primeiro conto é de Tiffany D. Jackson, divide-se em cinco partes que são intercaladas ao longo livro. Conta a história de dois jovens ex-namorados que se reencontram em uma entrevista de emprego em que estavam concorrendo para a mesma vaga sem saber. Justo no momento em que iam ter a resposta da aprovação, aconteceu o apagão e os dois se veem sem alternativas a não ser permanecerem juntos até chegarem à uma festa que fechará o quarteirão.
O segundo conto foi escrito por Nic Stone e conta a história de dois garotos bissexuais, um deles já bem resolvido com sua sexualidade e desejos, enquanto o outro, ainda tem muitas dúvidas e inseguranças. O leitor acompanha o desenvolvimento da história dos dois e principalmente sua aproximação decorrente do apagão quando os dois estão no metrô da cidade e um deles desmaia.
No terceiro, Ashley Woodfolk constrói um cenário no qual uma jovem está visitando o avó em uma casa de repouso no momento do apagão e lá ela conhece outra jovem que costuma fazer visitas acompanhada de seu pitbull para alegrar as pessoas. As duas são incentivadas a passarem um tempo juntas quando o avó da primeira perde uma foto com forte significado emocional e elas se voluntariam para procurar a foto. Dessa forma, este conto entrega uma história de amor entre duas garotas, mas também expõe seus relacionamentos passados, que inclui uma pessoa não binária.
Dhonielle Clayton escreve no quarto conto a história de um casal de amigos que estão na biblioteca pública da cidade durante o apagão à procura do melhor livro. A garota está tentando criar coragem para revelar que é apaixonada pelo melhor amigo, mas tem medo da rejeição.
O penúltimo conto é de Angie Thomas e trata-se de uma história que envolve um triângulo amoroso durante um passeio de escola, em que a turma está conhecendo a cidade de Nova Iorque durante o apagão. Uma jovem se vê dividida entre o namorado e um colega de classe, e reflete sobre qual será a melhor decisão.
O último conto é de Nicola Yoon e mostra como o amor pode estar nos lugares mais inesperados, como em uma corrida por aplicativo. Neste conto uma passageira e um motorista estão à caminho de uma festa, quando a conversa filosófica que acontece entre os dois faz a garota repensar seu objetiva de ir encontrar o ex namorado.
Blackout: O amor também brilha no escuro mostra que é possível que jovens negros não estejam presos à narrativa única de violência e racismo, assim como mostra que histórias de amor muito bonitas, fofas e esperançosas também são uma realidade para eles. Algo muito positivo do livro é sua representatividade e diversidade, pois além de todos os personagens principais serem negros, os relacionamentos não estão presos apenas à lógica heterossexual, de modo que há relacionamentos com pessoas não binárias, há relacionamentos entre meninas e entre meninos. O livro faz jus àquela máxima de que todas as formas de amor são válidas, inclusive e principalmente o amor próprio.
Para além das ótimas histórias, o livro também tem um excelente projeto gráfico em que a capa brilha no escuro, proporcionando uma experiência única para quem lê.
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