Entrevista com o autor Lucinei M. Campos

Ontem, eu publiquei uma postagem apresentando um livro que vai ser lançado em breve- Lavínia e a Árvore dos Tempos– e do que foi me permitido ler, eu posso garantir que vai ser sucesso de público e todo mundo que ler vai gostar. Sem contar que a capa do livro é uma fofura^^
Hoje, venho anunciar a parceria com o autor do livro, Lucinei M.  Campos e mostrar a entrevista que ele tão gentilmente nos concedeu.
Eu, particularmente, fico sorrindo que nem uma boba com as respostas dele. Simplesmente amei. 

1-Quanto tempo foi o intervalo entre sonho e realidade? Em outras palavras, quanto tempo levou para o livro ser escrito e depois de escrito, quanto tempo levou para ser publicado?

Eu costumo carregar histórias comigo. Não tenho uma boa memória, mas consigo guardar o enredo de algo. Depois de fazer um curso sobre as famosas fábulas, decidi criar uma que fosse mais próxima à minha realidade e legal para narrar ao meu futuro filho. Escrevi Lavínia e a Árvore dos Tempos em três meses, em 2010. Para a realização do sonho foram quatro anos.

2-O fato de você ser professor, o que implica estar em constante contato com crianças de diversas idades, te influenciou na hora de construir o enredo?

 Sim. Há inúmeras Lavínias e Léos por aí. Já me deparei com crianças muito inteligentes e problemas parecidos com o que a Lavínia passa. Sendo que a infância dela é na verdade a minha.

3-E, sendo um professor tão querido por seus alunos, acredito eu, que isso vá influenciar muitos, até que os que não apreciam a leitura, a lerem seu livro. O que você acha disso?

Acho maravilhoso. Alguns ficam se organizando para me encontrar com o livro. Outros vivem perguntando quando poderão comprar e ler. E outros contam que será o primeiro livro que irão ler.

4-Lavínia e a Árvores dos Tempos é um livro infanto-juvenil, mas pelos ensinamentos e pela forma como é escrito, também pode ser muito proveitoso para os mais adultos. Dito isso, qual é seu público-alvo?

 Todos. Nunca pensei em um público determinado. Crianças ou adolescentes, pois acho que a história é capaz de causar identificações. Esta coisa de categorizar é meio que comercial, uma direção. No entanto, não creio que devemos atentar a isso. Como a Lavínia tem nove anos, quase dez, como ela mesma diz, então o livro deve ser suave. Quem sabe os próximos, com sua idade avançando, os leitores não venham sentir seu desenvolvimento junto ao dela.

5-É comum aparecerem dificuldades quando se resolve escrever um livro. Seja o tempo que é escasso, as ideias que vêm… E você, teve quais dificuldades ao escrever seu livro?

No meu caso são duas. Eu esqueço o que escrevo e não gosto de ler o que escrevo. Dificilmente eu paro para ler algo que escrevi. Eu primeiro faço uma linha na minha cabeça do que será o livro. Depois, vou nomeando os capítulos e por último, faço um breve resumo de cada um deles. Isso não quer dizer que será assim, pois às vezes gostamos tanto de um determinado ponto do livro que o mudamos no futuro.

6-Geralmente escritores também são leitores. Você é um bom leitor? Qual foi o último livro que você leu?

 Eu invejo os adolescentes e jovens que curtem ler. Eu não consigo terminar um livro em dois dias. Fico muito chateado com isso, mas tenho uma característica que adoro, consigo ler vários ao mesmo tempo. Por exemplo: Li O Clube da Luta, Ethernity e Al-Aisha ao mesmo tempo. O último que li foi o Clube da Luta.

7-Tem algum escritor que te serve como referencial?

 Um apenas não, mas para citar nomes tenho Stephen King e Douglas Adams. Eu gosto de inovações e coisas que nos levem a pensar após ler.

8-Infelizmente, a literatura nacional ainda não recebe seu devido valor e sofre muito preconceito principalmente por parte dos próprios brasileiros, leitores e editoras. Você acha que esse cenário um dia pode mudar?

Neste momento em que vivemos, de protestos, de suposta visão política do povo, não sinto boas expectativas. As grandes empresas vêm aglomerando as editoras e, com isso, restringindo somente o que terá lucro certo. O novo assusta. E muitos brasileiros ainda são consumidores dos enlatados estrangeiros, sendo eles filmes, livros, roupas e outros.

9-Sendo escritor independente, futuramente, você acha que existe a possibilidade de publicar seu livro por uma editora?

Sim. A produção independente foi mais um teste. Uma aventura que embarquei ciente dos riscos. Algumas editoras, não todas, querem deixar menos de 10% da venda do livro para o autor e isso é inadmissível. Havia recebido algumas propostas bem legais para o lançamento de Lavínia e a Árvore dos Tempos. Cheguei a voltar atrás algumas vezes, mas aí, como já estava de frente com algumas coisas, decidi continuar. Quem sabe um próximo livro, sendo Lavínia ou não. No momento, estou terminando um outro bem mais maduro e tenho seis novos projetos engavetados.

10– Agora, eu gostaria de agradecer por ter nos concedido esta oportunidade única de entrevista-lo e quero perguntar se você tem algo a acrescentar?

 Eu quem devo agradecer por esta entrevista, Maria Ferreira. Mesmo não sendo presente, senti um aconchego e liberdade para falar. O blog é maravilhoso, com uma criadora jovem e muito perspicaz quanto ao mundo literário. O que posso acrescentar? Hum! Bom, agradeço a todos que leram, deram um pouquinho do seu tempo para saber mais desta nova obra. Espero que sintam vontade de conhecer a Lavínia, o Léo e o Lorivaldo, é claro. E espero fazer parte da história de quem levar para si Lavínia e a Árvore dos Tempos. Obrigado e beijos a todos. 

Para mais informações:

3 respostas

  1. Aiiii, eu também quero ler, adoro livros com essas capas fofinhas, depois conta mais do livro pra gente…parabéns pela ótima parceria, aguardo resenha.
    bjs

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Maria Ferreira

Maria Ferreira é uma mulher negra baiana. É criadora do Clube Impressões, o clube de leitura de livros de ficção do Impressões de Maria, e co-criadora e curadora do Clube Leituras Decoloniais, voltado para a leitura e compartilhamento de reflexões sobre decolonialidade. Também escreve poemas e tem um conto publicado no livro “Vozes Negras” (2019). É formada em Letras-Espanhol pela Universidade Federal de São Paulo. Seus principais interesses estão relacionados com temas que envolvem literatura, feminismo negro e decolonial e discussões sobre raça e gênero. Enxerga a literatura como uma ferramenta essencial para transformar o mundo. 

R$ 5.829/mês 72%

Participe do Clube Impressões

Clube de leitura online que tem como proposta ler e suscitar discussões sobre obras de ficção que abordam assuntos como raça, gênero e classe, promovendo o pensamento crítico sobre a realidade de grupos minorizados.