A audácia dessa mulher- Ana Maria Machado

O livro começa com Beatriz e Virgílio, os personagens principais, em uma reunião que apresentava um novo projeto de novela de época. Os dois foram contatados para fazerem parte da preparação da novela, mas nenhum dos dois sabiam o motivo de terem sido escolhidos se não trabalhavam na área televisiva. A primeira, é colunista de viagens para um jornal e o segundo, dono de um restaurante. Mesmo quando ouvem a explicação do motivo de os quererem como consultores, não se convencem muito, mas aceitam, pensando no dinheiro extra que ganhariam.

Trabalhando juntos, Beatriz e Virgílio passam a se encontrar fora do horário de trabalho e com o tempo começam a se relacionarem de um modo mais íntimo, mas nada realmente sério, uma vez que Bia é sincera com Virgílio e fala sobre não conseguir esquecer o relacionamento anterior. 
Aos poucos, é apresentada a relação anterior que Beatriz teve. O rapaz se chamava Fabrício e eles tinham uma espécie de relacionamento aberto. Ambas as partes podiam sair com outras pessoas, desde que não fossem do mesmo círculo de amigos. 

“A gente tem uma lealdade absoluta um com o outro, mesmo não respeitando a tal da fidelidade. Nem fingindo respeitar, como tanta gente faz… As coisas são conversadas, temos uma cumplicidade um com o outro”. (p.73)

Em determinado momento, Virgílio conta para Bia da existência de um caderno de receitas do século XIX que está em sua família e que talvez possa ser útil para o trabalho dela. O que Bia não esperava era que esse caderno, além das receitas, tivesse uma espécie de diário e que ela fosse se envolver tanto com os segredos escritos lá.
Outro ponto importante e que merece destaque, é a narrativa em terceira pessoa em que a autora faz intromissões, da mesma forma que Machado de Assis em seus textos. E essa não é a única coisa que remete ao grande autor. Além disso, o livro apresenta diversos dados históricos que enriquecem a narrativa, o que mostra que é um livro não só para entretenimento, mas também é possível aprender um pouco sobre o período da escravidão no sul dos Estados Unidos e no Brasil. É um livro cheio de referências, não só históricas mas também literárias, vários autores são citados ao longo da narrativa.

“Os livros continuam uns nos outros, apesar do nosso hábito de julgá-los separadamente”. (p.165)

Terminei a leitura bem satisfeita. Gostei da forma como a autora foi apresentando o relacionamento da Bia com o Fabrício. Outra coisa que gostei muito foi como a autora fez com que algo aparentemente sem importância, como um caderninho de receitas escrito no século XIX, se tornou algo muito maior, que o leitor vai percebendo ao longo na narrativa, mas é no final que todas as desconfianças são confirmadas.
Leitura feita para o #Desafio12MeseLiterários.
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16 respostas

  1. Olá!
    Não conhecia esse livro, gostei de como os personagens principais interagem diante do cenário.
    Outra coisa que gostei da resenha foi que ressaltou pontos históricos! Adoro livros que além de entreter também promove algum conhecimento.
    Fiquei com vontade de ler!

    Beijos!

    Camila de Moraes – Blog Book Obsession.

  2. Oi.

    Não conhecia o livro, mas já ouvi falar da autora. Estou na dúvida se anoto o nome do livro para ler depois. Não leria no momento porque tenho muitas leituras atrasadas, mas assim que diminuir a pilha eu penso se adiciono esse livro para ler em breve.

  3. Não conhecia essa obra, mas faz um tempo que quero ler algo da Ana Maria Machado e vejo que esse é um belíssimo livro pra iniciar. Amo enredos que fazem essa ponte com fatos e históricos e ainda com outros autores, sem dúvida deixa a obra ainda mais rica e nos instiga a conhecê-la. Beijos do Wes ^^

  4. Oi, tudo bem?
    Não conhecia esse livro ainda, mas fiquei muito curiosa para ler.
    Achei o enredo bem legal e fiquei curiosa para saber as histórias que estavam nesse caderninho de receitas. Além disso, adorei que a autora traz dados históricos e faz referências ao Machado de Assis.
    Fico feliz que tenha sido uma boa leitura. Adorei sua resenha e já anotei a dica.
    Beijos!

  5. Oie tudo bem?
    Mesmo a resenha mostrando vários pontos positivos do livro, infelizmente, não consegui me interessar muito nele 🙁
    E também, não sei porque mas não consigo ler livros em 3 pessoa acredita?!
    Beijos

  6. Olá, tudo bem?
    Eu nunca tinha lido nada sobre esse livro e confesso que não é um gênero que leio com frequência, sabe? Mas fiquei curiosa, achei bacana essa coisa livro de receitas ser uma espécie de diário e também achei bacana a narrativa ter algumas intromissões como Machado de Assis fazia.

    Beijos :*

  7. Não conhecia o livro, mas a história me chamou muita atenção ainda mais quando você falou que tem semelhanças/referências com Machado de Assis.
    Acho que nunca li nada da autora, mas tenho muita curiosidade.

  8. gostei demais do enredo, parece ser a dose certa de romance com história. adoro ler livros que contam um pouco de como eram as coisas no passado, deixa tudo mais interessante para mim. fiquei curiosa para saber que fim tomou a relação de Bia e Virgílio, mas para saber tenho que ler! bjs

  9. Olá, tudo bem? Tocou demais no meu ponto fraco que é romance de época, mais do que dica anotada! Adorei a forma que você fez a resenha e estou de olho <3
    Beijos,
    diariasleituras.blogspot.com

  10. Olá, tudo bem? Não conhecia o livro, mas a autora me parece familiar. Amei a premissa e a sua resenha me deixou bastante motivada. Vou tentar adquirir a obra sim, essa leitura me parece aquela que você deve apreciar aos poucos. Amei a dica. Beijos

  11. Olá!

    Nossa gostei muito da sua resenha, eu nunca tinha visto o livro, é um clássico? Ele foi escrito na época que se passa ou não? De qualquer forma eu adorei a sutileza do caderninho rs, vou anotar ele aqui <3

    Bjus

  12. Olá, tudo bem.
    Achei muito interessante a proposta do livro. Conheço a autora , mas ainda não li nada dela. Mas adoro livros que nos transmite mais, que nos faz refletir. Adorei a dica.

    beijos

  13. Achei o livro muito legal e interessante, a diagramação da capa me lembrou demais aqueles livros antigos que os professores nos forçava a ler no ensino médio mas com uma historia tão boa super leria sem obrigação nehuma kk

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Maria Ferreira

Maria Ferreira é uma mulher negra baiana. É criadora do Clube Impressões, o clube de leitura de livros de ficção do Impressões de Maria, e co-criadora e curadora do Clube Leituras Decoloniais, voltado para a leitura e compartilhamento de reflexões sobre decolonialidade. Também escreve poemas e tem um conto publicado no livro “Vozes Negras” (2019). É formada em Letras-Espanhol pela Universidade Federal de São Paulo. Seus principais interesses estão relacionados com temas que envolvem literatura, feminismo negro e decolonial e discussões sobre raça e gênero. Enxerga a literatura como uma ferramenta essencial para transformar o mundo. 

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