Al-Aisha e os Esquecidos- Marcel Colombo

Comprei esse livro em 2014 e apesar da minha euforia inicial para lê-lo, os anos foram se passando sem o fazer. Por estar a tanto tempo parado na estante, resolvi colocá-lo na categoria de autor nacional do #Desafio12MesesLiterários que estou participando esse ano. 
Não coloquei expectativas, mas bem lá no fundo, esperava gostar do livro. Infelizmente, não foi o que aconteceu e ao longo da resenha explicarei os motivos.

O livro é narrado em primeira por Al-Aisha, uma entidade que pode ver tudo que acontece sem ser vista. Ela não é do planeta Terra, mas de um planeta chamado Alzirivar. Em sua narrativa, ela expõe os fatos de modo interativo, dá sua opinião sobre os acontecimentos e por não ser daqui, fala quase que com inocência das coisas terrenas. Mas o que Al-Aisha narra exatamente? Ela narra a vida de Lucas Laporte, o protagonista.
Conhecemos Lucas quando ele tem quatro anos e está prestes a completar cinco. Na madrugada de seu aniversário, acontece algo muito assustador e desde esse dia as coisas nunca mais foram as mesmas. O garoto não consegue mais dormir bem porque sempre acorda no meio da noite com pesadelos que o fazem gritar e ele descobre que seu coelhinho de pelúcia, o Sr. Fofinho, anda e fala. No entanto, seus pais não acreditam nele, acham que é coisa de sua cabeça.
Lucas tem dois amigos, Henrique e Pedro. Com este segundo, a amizade é tão especial que faz com que os dois tenham uma ligação muito forte e aos poucos o leitor vai descobrindo que Pedro tem um papel muito importante na trama.
Acompanhamos a história de Lucas até quando ele tem 17 anos, com longos intervalos que se detém em idades específicas: 5, 12 e 17 anos. O que faz com que a narrativa não seja linear e regrida para contar brevemente os acontecimentos não narrados.
Coisas estranhas acontecem, como Pedro afirmar que vê uma mulher que conversa com ele, mas ninguém mais consegue vê-la, um sequestrador de crianças que é o terror de muitos pais e um meteoro que caí na Terra e causa muita destruição, mas é nesse momento que coisas mágicas acontecem. O leitor, entretanto, só vai entender um pouco melhor as coisas que aconteceram, na quarta parte do livro, que é dividido em quatro partes e subdividido em capítulos. Alguns são muito longos, como o primeiro, por exemplo, que tem nada menos que cem páginas (!), ainda que haja também subdivisões dentro dos capítulos, cem páginas é muita coisa.
O coelhinho de pelúcia de Lucas realmente anda e fala e ironicamente, contrariando seu nome, é a personificação do sarcasmo e de tudo que não se espera de um coelho, como odiar cenouras, gostar de pizza de palmito e fumar charuto (?), o que funciona como um alívio cômico no meio das muitas descrições desnecessárias e das repetições constantes, que são fatores que fazem com que o livro seja tão grande. Ele poderia ser bem menor, 429 páginas, que poderiam ser 200, ou menos.
Outra coisa que me irritou foi a forma debochada como o Pedrinho é descrito ao longo do livro e as coisas que são faladas dele só porque é gordo, como se fosse engraçado fazer piadas de uma pessoa por causa do peso dela. Não é.
Desde o começo, quando há uma cena de bastante suspense, em que o leitor fica interessado em saber o que vai acontecer, me pareceu que o autor estava tentando manipular os sentimentos do leitor da forma mais forçada possível: fazendo suspense ao longo do livro todo. As coisas não tinham explicação e quando eram explicadas, ainda ficava no ar aquele sentimento de dúvida. Tive certeza disso quando vi as páginas diminuindo ao se aproximar do final e, no entanto, a maior parte dos acontecimentos ainda não ter sido explicada. Fiquei fula da vida quando vi que o livro tem continuação e que nada de realmente importante foi explicado. Li em um blog que vai ser uma quadrilogia. Só sei que não pretendo lê-los. Já tive minha cota de irritação causada por um livro pelo resto do ano, mas boa sorte para quem resolver se aventurar.

16 respostas

  1. A capa do livro é bem bonita. Só de saber que são 4 livros já não quero saber da história… rs… não por desmerecer a trama, que até é bem interessante apesar dos seus contras, mas porque escritores nacionais tendem a demorar muito para lançar as sequências e sabendo como as coisas ficam sem explicação ter de esperar para ver se vai ou não melhorar não é uma opção muito boa. :/

    Raíssa Nantes

  2. Oi! Que pena que a experiência não foi tão satisfatória como você esperava. Geralmente a gente tropeça em algum livro que não nos agrada e você pontuou com clareza o que te deixou insatisfeita. Muito obrigada pelas informações, porque são coisas que também comprometeriam a minha leitura. Desejo boa sorte nas suas próximas leituras. Abraços!

  3. Bom… Eu já não tinha me animado pela capa e fiquei ainda menos interessada depois de ler a sua resenha! Quatro livros?! Me parece mais enrolação do que qualquer outra coisa!
    Valeu pela honestidade!
    beijos
    Camis – blog Leitora Compulsiva

  4. Oie tudo bem?!?! Pelo título eu imaginei uma coisa totalmente diferente. Não sou muito fã de livros assim, então apesar da recomendação eu não leria esse livro… Mas obrigada pela dica!

  5. Olá! Gostei da história conter suspense e principalmente do coelhinho de pelúcia que fala haha. Adorei a sua resenha e a capa é simplesmente linda! Pena que você não gostou,achei a história bem interessante. Porém, também te entendo. Ás vezes o autor enrola tanto que quando chega na parte que ansiávamos, ele confunde mais ainda a cabeça do leitor. Talvez eu leia para um dia apenas para conferir kk, bjss!

  6. Olá
    Logo de cara ja achei a capa meio estranha, não me senti atraída pelo livro, achei o enredo bem confuso, mesmo sua resenha estando maravilhosa não senti vontade de ler. É ruim quando um livro não é tão bom quanto imaginávamos! Beijos!

  7. OOi!
    Alguns suspenses me deixam bem interessada, mas são poucos. Esse não foi um deles. A premissa não chamou minha atenção, e o fato de você nem se interessar a continuar também me desanimou. haha Vou passar a dica!
    Beijoos!

  8. Oie, tudo bem? A premissa do livro não me interessou muito, e depois da sua resenha acho que vou pular a leitura, pois com certeza iria me irritar com os mesmos pontos que você. Ótima resenha!!
    Beijos

  9. Descrições desnecessárias e repetições constantes realmente acabam comigo… odeio ficar com essa sensação de que o livro poderia ser bem menor, então, mesmo que eu tenha achado a premissa interessante, não leria. E olha, piadas por causa do peso… sem comentários.

  10. Olá, tudo bem? Nossa realmente você ler um livro com expectativas de ser único e descobrir somente no final que são vários é bem frustante. Também me irrito e acabo deixando de lado. Poxa que pena que teve essa sensação de suspense forçado. Já não sou fã do tema e o autor ainda coloca de maneira a nos manipular, é pior ainda. Obrigada pela resenha sincera!
    Beijos,
    diariasleituras.blogspot.com.br

  11. Oi,
    É muito ruim quando criamos expectativas sobre o livro e ele só faz decepcionar. Complicado quando o livro só tem enrolação, o autor escreve tantas páginas podendo reduzir e pior ainda, quando terminam de uma forma estranha e sabemos, somente no final, que o livro vai ter continuação.
    Gostei da sua sinceridade.
    Beijos

  12. Olá,
    Uma pena que o livro tenha tantos pontos negativos de forma que você não pretende continuar fazendo a leitura dos próximos volumes. Fiquei meio chateada ao saber como Pedrinho é descrito e esse tom de deboche no decorrer das páginas por ele estar acima do peso. Isso não é legal.
    E saber que o livro não revela nada de importante com certeza me deixaria fula também rsrs

    LEITURA DESCONTROLADA

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Maria Ferreira

Maria Ferreira é uma mulher negra baiana. É criadora do Clube Impressões, o clube de leitura de livros de ficção do Impressões de Maria, e co-criadora e curadora do Clube Leituras Decoloniais, voltado para a leitura e compartilhamento de reflexões sobre decolonialidade. Também escreve poemas e tem um conto publicado no livro “Vozes Negras” (2019). É formada em Letras-Espanhol pela Universidade Federal de São Paulo. Seus principais interesses estão relacionados com temas que envolvem literatura, feminismo negro e decolonial e discussões sobre raça e gênero. Enxerga a literatura como uma ferramenta essencial para transformar o mundo. 

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