Mulher da imagem: Clementina de Jesus |
A quarta aula teve como tema norteador: ““Histórias modernas: o escravagismo e o Atlântico Sul”.
As leituras sugeridas foram: “Legislação básica sobre a escravidão no Brasil”, de Bandecchi; “O trato dos viventes: a formação do Brasil no Atlântico Sul” (Trechos Selecionados, cap. 1,2, 3, 6 e 7), de Alencastro e “ A política da escravidão na era da liberdade” (Ler seguindo o roteiro Introdução I e II e Conclusão I e II), de Parront.
A aula teve início com a exibição da música “Triste Bahia”, de Caetano Veloso, que tem como inspiração o poema de mesmo título, de Gregório de Mattos e são dois bons pontos de partida para se pensar o impacto do escravismo para a economia brasileira e mundial, além de aspectos culturais dessa época.
Dos textos indicados para leitura o que mais foi trabalhado foi o de Alencastro porque contextualiza bem o século XVIII e faz uma retomada do funcionamento da colônia e a relação Rio de Janeiro/Angola na negociação de escravizados.
A aula seguinte a essa teve como tema norteador “Falares africanos no Brasil: passado e presente”. Começamos ouvindo “O canto dos escravos”, de Clementina de Jesus. Depois de discutirmos sobre a canção, falamos sobre os dois textos principais para essa aula: “Ladinos e boçais: o regime de línguas do contrabando africano (1831 -c. 1850)”, de Marcos Abreu Leitão de Almeida e “’Malungu, ngoma vem!’: África coberta e descoberta do Brasil”, de Robert W. Slenes.
O texto de Slenes primeiro salienta a importância que os trabalhos de Rugendas tiveram para que a Europa conhecesse os africanos que viviam no Brasil. Tendo isso exposto, aborda a existência do proto-bantu, evidenciando que a língua bantu tem vários pontos de conexão e exemplifica com palavras bantus, fazendo uma retomada história de seus usos e significados ao longo do tempo.
O texto de Almeida, por sua vez, vai fazer a diferenciação entre ladinos e boçais. O primeiro termo referia-se às pessoas que eram falantes de português enquanto o segundo era usado para designar quem não falava português. Depois da lei Eusébio de Queirós, que proibia o tráfico de escravos para o Brasil a partir de 1850, uma forma das autoridades diferenciarem quem era africano recém-chegado e que, portanto, não poderiam ser escravizados, dos que já estavam no país, era por meio do idioma, o que fazia com que muitos africanos que já estavam no Brasil antes da lei, se passassem por “boçais” para fugir da escravidão. Houve um caso muito famoso, que é o episódio da Ilha de Marambaia, que o texto aborda detalhadamente.
São textos muito interessantes para aprendermos sobre as influências linguísticas oriundas dos diversos contatos entre os africanos de variados países e percebermos como os contatos linguísticos eram também uma forma de sobrevivência.
Criei uma pasta no Drive para disponibilizar os textos indicados para as aulas e textos complementares, de modo que qualquer pessoa com o link possa acessá-los. Essa pasta será alimentada com base na que o professor criou para o curso. A pasta pode ser acessada clicando aqui.
Uma resposta
Obrigada, Maria! Tava lendo seu diário e lembrando do Ale Santos (@Savagefiction no twitter). Daí pensei o quanto de registros, saberes e histórias que a gente tem e ainda assim não nos são dados de uma maneira fácil ou acessível, requer sempre um trabalho de ir atrás, de investigar e resistir… daí a importância do trabalho de pessoas como o Ale,que sempre trazem à tona esse tanto de conhecimento que tentaram apagar, e você que através do seu blog faz esses saberes e diálogos circularem (eu tô aqui, no RJ, longe e já fora da academia mas de certa forma me sinto participando da aula com você e isso é incrível! Valeu por tornar possível).