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Resenha “O Barão nas árvores”- Italo Calvino

Foi com doze anos, no dia 15 de junho de 1767, que Cosme Chuvasco de Rondó decidiu fazer das árvores a sua morada.
Durante um almoço em família, em que o prato principal era escargots, Cosme, apos sair de um castigo justamente por conta desses mesmos escargots, se recusa avidamente  a comê-los. Seu pai o expulsa da mesa, mas antes que o fizesse, Cosme já estava de pé, se encaminhando para a árvore mais próxima, o carvalho ílex. Deu sua palavra que de lá jamais desceria e foi o que fez.
Em cima das árvores Cosme viveu como se andasse em solo. Como a região em que ele morava era cheia de árvores, ele podia ir de um lugar a outro sem nunca precisar descer. Se adaptou a sua nova vida arbórea. Suportou frio, chuva, criou um mecanismo para fazer suas necessidades e foi muito útil para aos camponeses, pois os ajudava nas caçadas e no campo. Teve até um cachorro que o ajudava na caça, um cão bassê que deu o nome de Ótimo Máximo.

Continuou estudando em cima das árvores. Pois, pode-se dizer, que sendo ele da nobreza, tinha seu professor particular, o abade Fauchelafleur, que subia nas árvores para ensiná-lo.
Em uma época, corria boatos de que João do mato era o ladrão mais caçado daquela região. No entanto, ninguém nunca o conseguiu ver e tudo o que se referia a roubos e furtos, responsabilizavam ele. Um dia, durante uma fuga, Cosme ajudou João do Mato. O fez subir na árvore em que estava e despistou os camponeses que estavam perseguindo o ladrão. Voltou para a árvore e começou a ler um livro. João do Mato ficou interessado no livro e o pediu emprestado. Depois disso, Cosme e João do Mato passaram a se encontrar para que  Cosme emprestasse livros para ele, porque o ladrão ficava escondido e não tinha nada para ocupar seu tempo. João era um  leitor exigente, sempre querendo cada vez mais livros e livros de qualidade. Os dois se tornaram leitores assíduos e foi assim que a leitura mudou completamente a vida de um ladrão, pois este não queria mais praticar furtos, já que gostava tanto de ler que passava dias inteiros só lendo. Essa foi a parte que eu mais me identifiquei, por canta da avidez pela leitura.

Mesmo vivendo nas árvores, Cosme também se apaixonou. Seu primeiro e grande amor foi Viola. A conheceu ainda na infância, nos seus tenros 12 anos, mas ela mudou com a família e Cosme nunca mais voltou a vê-la. No entanto nunca a esqueceu. Passados alguns anos, Cosme conheceu Úrsula e com ela viveu um cálido amor. O problema foi que Úrsula era uma exilada que só podia viver em cima das árvores e passado o tempo do exílio, ela voltou para seu país e Cosme não pode ir com ela, pois não queria pisar no chão. Um belo dia, Viola voltou a Penúmbria, o reino em que Cosme morava, e eles dois puderam viver um lindo romance, até que o ciúmes dominou a relação.
A história é toda narrada por Biágio, o irmão mais novo de Cosme. A narrativa é totalmente maravilhosa. o Italo é perfeito. Esse foi o primeiro livro que li dele e quero ler muitos outros.

O que mais marcou no livro para mim, foi a determinação de Cosme e o seu interesse pelos livros.

Fica a dica de um livro ótimo, que, acho eu, deveria ser leitura obrigatória para todos os leitores com um mínimo de criticidade.

CALVINO, Italo. O barão nas árvores. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

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