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A poesia brasileira do século XX pelo olhar de um português

O livro Poesia brasileira do século XX dos modernistas à actualidade (Antígona, 2002) é uma antologia poética organizada pelo português Jorge Henrique Bastos.
Esta obra tem quase 400 páginas e por isso farei uma postagem para mais ou menos cada cem páginas, assim posso falar de cada autor presente sem que o post fique necessariamente enorme. Dito isso, vamos ao que realmente interessa.
Após  uma belíssima introdução intitulada “Em busca da modernidade”, começa a antologia, iniciando-se por um dos maiores nomes da modernidade brasileira: Mário de Andrade. Eu, particularmente, esperava mais e me decepcionei um pouco. Só tem três poemas dele: “Ode ao burguês”, “Eu sou trezentos” e “A meditação sobre o Tietê”, este último ocupou cerca de oito páginas, mesmo com algumas partes cortadas. Penso que estas oito páginas poderiam ter sido melhores ocupadas com poemas menores e mais conhecidos.

A seguir, nos deparamos com seis poemas curtos do Oswald de Andrade e logo após, poemas do Guilherme de Almeida, que são todos belos, de uma beleza que nos faz sorrir. Destaque especial para os poemas “Álibi” e “O idílio suave”.
Diferente do Mário de Andrade, o Manuel Bandeira foi melhor trabalhado. Há doze poemas seus, entre eles estão presentes “Poética”, “Teresa”, “Vou-me embora pra Pasárgada” e “Estrela da manhã”, que são alguns dos poemas mais conhecidos do autor.

“Não quero mais saber do lirismo que não é libertação”- do poema Poética, Manuel Bandeira.

Em seguida, vem Luís Aranha, que foi apadrinhado por Mário de Andrade, participou da Semana de 22, colaborou na revista Klaxon, mas não chegou a publicar nenhum livro. Seus poemas estão distribuídos ao longo de dezesseis páginas, mas os selecionados não variam muito de assunto entre si.
Cassiano Ricardo foi um grande nacionalista. Temos seis de seus poemas e em alguns deles percebemos sua crítica ao Brasil da época.
O livro mais conhecido de Raul Bopp (1898-1984) é Cobra Norato. O autor fez parte da vertente regionalista do Modernismo. Só temos a parte I e a parte XXVIII do poema que dá nome ao seu livro. Logo após, é a vez de Drummond, grande Drummond! Poeta mineiro, itabirano, dono de uma vasta obra e meu poeta favorito. Fiquei feliz por ter bastante poemas dele, treze, mas um pouco decepcionada por não ter os que eu mais gosto. Dos poemas presentes, destaco “Poema de sete faces”, “Os ombros suportam o mundo” e “Mãos dadas”. Há também poemas que falam do fazer poético “ O Lutador” e “A procura da poesia”.

“O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas”.
do poema “Mãos dadas”, Carlos Drummond de Andrade.

Jorge de Lima foi um poeta que escreveu poemas dentro do Parnasianismo, mas se desenvolveu no Modernismo, tendo como referência nessa estética sua publicação “Essa Negra Fulô”. Seus poemas apresentam um cristianismo místico e um de seus livros mais conhecido é “A invenção de Orfeu”. Achei bonitos os poemas que apresentam a temática do cristianismo, como “Distribuição da poesia” e “A multiplicação da Criatura”; parecem uma oração.

E esses são os poetas encontrados nas primeiras cem páginas. Logo mais trago os próximos.

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