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Relatos Salvajes (2014)

Este é um filme argentino com direção de Damián Szifron, que inova no formato ao reunir seis histórias paralelas, que num primeiro momento, aparentam não ter nenhum ligação entre elas, mas quando paramos para refletir no absurdo de cada situação e de como esses absurdos seriam cômicos se não fossem trágicos, percebemos que essa é a única coisa em comum. Mesmo assim, o riso é inevitável, como também não dá para evitar o sentimento de identificação com alguma das tramas.

A primeira trama é rápida e impactante, se passa em um avião em que aos poucos os passageiros, que não se conheciam, vão percebendo que estão todos ali pelo mesmo motivo e quando se dão conta disso, já é tarde demais. Logo em seguida, o telespectador é levado para a cena da atendente de lanchonete que atende o destruidor de sua família e fica abalada com isso. A cozinheira começa a sugerir que coloquem veneno de rato no prato que ele pedir, mas a atendente recusa. No fim, as coisas tomam proporções que fogem de seu controle.
Uma situação muito comum para quem dirige, principalmente nas grandes cidades, é xingar ou ser xingado no trânsito. Uma das tramas aborda exatamente isso. Um homem vestido de terno em seu carro blindado, se achando o dono da estrada, quando, em determinando momento, é impedido de fazer uma ultrapassagem por um motorista visivelmente com menos poder aquisitivo do que ele, a julgar pelo estado do carro que dirigia e por suas roupas, quando o primeiro finalmente consegue passar, não poupa xingamentos relacionados a raça e classe do segundo,  mas eis que um pouco mais a frente o pneu do carro blindado fura e o motorista é obrigado a parar para trocá-lo, então, o que foi xingado o alcança e irão resolver suas diferenças nesse momento. Essa foi uma das cenas que mais me chocou e me fez pensar em como, ás vezes, um evento quase sem importância, influencia de modo permanente no nosso futuro.
A quarta história é protagonizada pelo ator argentino, Ricardo Darín, que desempenha o papel de um arquiteto que diversas vezes tem seu carro guinchado por estacionar em local proibido e então passa a perder a paciência com a burocracia da empresa que guincha seu carro, porque sua única alternativa é pagar, tanto para retirar o veiculo, quanto para deixar lá e lutar contra esse sistema acaba influenciando tanto em sua vida, que toma uma decisão que compromete sua liberdade, mas aqui, a questão que se destaca é a do ponto de vista, enquanto por um lado um ato pode ser visto como heroico, por um outro, pode ser visto como terrorismo.
A história seguinte é sobre como uma família abastada tenta livrar o filho que atropelou e matou uma mulher. O pai propõe ao empregado que se entregue no lugar do filho e termina de uma forma tão bruta que eu fiquei sem reação e indignada, porque infelizmente, não é um episódio incomum, visto nos noticiários. 
A última história se passa durante uma festa de casamento em que no meio da festa a noiva descobre que o marido a traiu com uma das convidadas e a forma como ela reage a isso, de um modo exagerado e descontrolado, é o ponto alto da trama.
Impressionante que em nenhum momento, o filme como um todo, tenha decaído. Todas as tramas mantém o mesmo nível de qualidade. 
O que gostei foi a crítica social e as reflexões provocadas. No fim, são as nossas decisões que nos moldam, sejam elas corretas ou não. Nossas escolhas provocam consequências que vão além do que podemos controlar e afetam também a vida das pessoas que nos cercam, por isso é sempre bom agir conscientemente. O filme mostra que no fundo, no fundo, todos temos um pouquinho de selvagem dentro de nós.
Assista ao trailer aqui.

6 Comentários

  • Responder
    O que tem na nossa estante
    18 setembro, 2016 em 23:25

    Ainda não assisti, mas o filme está na minha lista, amo o Darín e fico feliz em saber que a qualidade é boa!

    Bjs, Mi

    O que tem na nossa estante

  • Responder
    larissa duarte
    18 setembro, 2016 em 23:25

    Parece ser bem interessante,mesmo eu não tendo muito paciência para filme haha prefiro séries e livros !
    Acabei de conhecer o blog e ja estou seguindo
    beijinhos
    http://www.brilhou.com

  • Responder
    Pâm Possani
    18 setembro, 2016 em 23:25

    Oi querida! <3
    Não conhecia o filme mas isso que todo mundo tem de selvagem em nos acho que tem mesmo HEHEHE
    nao sei se veria no momento porque ta um fervor demais da conta com o TCC e as leituras e series atrasadas, mas ta bom ne??
    Você foi vários dias na Bienal né? Que bacana! Parabéns pela credencial! Eu não consegui T.T então fui um dia só, mas valeu a experiência realmente
    Obrigada pelos elogios na postagem da bienal viu? Mas EI, eu não achei o estande da novo conceito menina KKK e a NC nem estava divulgando na net… E nao vi a Farol???
    sortuda tirar foto na plataforma! hahaha Esse do spotify coloquei na postagem – obrigada pelas dicas!
    Super quereria conhecer a Tati Feltrin – eu acho que vi o Geek Freak! hahaha
    Obrigada de coração, viu! amei suas fotos 😀

    Um beijo!
    Pâm – http://www.interruptedreamer.com

  • Responder
    Maria Ferreira- Impressões de Maria
    19 setembro, 2016 em 01:24

    Oi, Pâm.
    Estou começando a duvidar de que vi mesmo a Novo Conceito lá, acho que foi a Novo século e estou confundindo, rs.

  • Responder
    Maria Ferreira- Impressões de Maria
    19 setembro, 2016 em 01:28

    Já eu, não tenho paciência nem tempo para séries.
    Já fui conhecer seu blog e retribuir a gentileza 🙂

  • Responder
    Unknown
    22 setembro, 2016 em 13:04

    Eu não conhecia o filme, mas gostei e vou procurar. Era eu lendo e pensando: preciso assistir rsrs.
    Estou seguindo o blog para não perder nada, bjs!

    Refúgio da Ju

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