#7SemanasComDavis – Semana 7

Essa postagem compreende 39 páginas (205-244), as últimas do livro, nas quais se encontram os capítulos 12 e 13, intitulados “Racismo, controle de natalidade e direitos reprodutivos” e “A obsolescência das tarefas domésticas se aproxima: uma perspectiva da classe trabalhadora“, respectivamente.

A luta pelo direito de controle da natalidade foi uma demanda que surgiu como uma forma de caminhar para estabilidade profissional e educação superior. No início dos 1970, o aborto foi declaro legal nos Estados Unidos, mas, em 1977, foi determinada uma emenda que retirou os fundos federais para o mesmo. No entanto, as esterilizações cirúrgicas continuaram gratuitas, de modo que as mulheres brancas pobres, as negras, as porto-riquenhas, mexicanas e indígenas, se viram obrigadas a optarem pela infertilidade permanente.

“As mulheres negras têm autoinduzido abortos desde os primeiros dias da escravidão. Muitas escravas se recusavam a trazer crianças a um mundo de trabalho forçado interminável, em que correntes, açoites e o abuso sexual de mulheres eram as condições da vida cotidiana.” (p.207)

Para fazer com que a luta pelo controle da natalidade perdesse força, em 1906, o presidente Theodore Roosevelt apelou para o que ele chamou de “suicídio de raça”, dizendo que esse seria uma prática que extinguiria a raça branca. Isso só evidenciou ainda mais o racismo e o viés de classe, uma vez que o que era direito para umas, era dever para outras.
Margaret Higgins Sanger foi uma enfermeira que dedicou sua vida às cruzadas pelo controle da natalidade, buscando sempre conscientizar as mulheres da existência dos métodos contraceptivos. Foi afiliada ao Partido Socialista, mas quando se desligou dele, ficou mais suscetível a reproduzir a ideologia racista que predominava, aderindo ao movimento eugenista que visava ter um controle populacional, e claro, impedir que os negros tivessem filhos, defendendo a prática da esterilização, financiada pelo governo federal. Prática abusiva, principalmente quando não se tinha a autorização da pessoa afetada.

O conceito de “maternidade voluntária” consiste na ideia de que a mulher também poderia decidir se sujeitar ou não aos desejos sexuais do marido. Uma visão diferente da que se tinha das mulheres até então.



Sempre foi naturalizado que a mulher fosse a responsável por cuidar da casa, enquanto o homem trabalhava fora e trazia dinheiro para sustentar a família. Ainda hoje, muitos dos homens querem receber aplausos quando fazem alguma tarefa da casa.
Realizadas por mulheres ou homens, as tarefas domésticas demandam muito tempo. A autora leva o leitor a refletir sobre a improdutividade das mesmas e apresenta algumas formas  de tentar resolver esse problema, como a industrialização delas. Outra sugestão, é que o trabalho de todas as donas de casa se torne remunerado. Ao mesmo, a autora também apresenta o que seria problemático em cada uma dessas formas de resolver a questão.
Apresenta uma crítica muito bem embasada ao capitalismo e apresenta o socialismo como uma alternativa que melhor solucionaria os problemas.

“As mulheres negras dificilmente poderiam lutar por fraqueza; elas tiveram de se tornar fortes, porque sua família e sua comunidade precisavam de sua força para sobreviver.” (p.232)

Essa é a última postagem do projeto. Foram quase dois meses lendo, aprendendo e tentando sintetizar os pontos principais para compor as postagens.

“Mulheres, Raça e Classe” é um livro que deveria ser lido por todos. É uma grande fonte sobre a História dos negros nos Estados Unidos, mas não só, também faz um recorte de gênero e classe.
A editora Boitempo fez um excelente trabalho em todos os aspectos, desde a tradução à diagramação, com uma capa e folha de rosto belíssimas. Merece destaque também as notas de rodapé, muito importantes para melhor entendimento da leitura. Um livro completo, sem dúvidas. 
Entender o passado é uma forma de modificar o presente e não repetir os mesmos erros. Indico com fervor a leitura desse livro.

Se o projeto te deixou interessado no livro, você pode adquiri-lo por esse link e ajudar o blog a continuar crescendo:
 

2 respostas

  1. Maria!
    O livro mostra mesmo todo desenvolvimento cultural em relação a segregação de raças nos EUA e é grande fonte de conhecimento e entendimento, bem como sobre o capitalismo e socialismo.
    “Não confunda jamais conhecimento com sabedoria. Um o ajuda a ganhar a vida; o outro a construir uma vida.” (Sandra Carey)
    cheirinhos
    Rudy
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
    TOP Comentarista de MARÇO, livros + KIT DE PAPELARIA e 3 ganhadores, participem!

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Maria Ferreira

Maria Ferreira é uma mulher negra baiana. É criadora do Clube Impressões, o clube de leitura de livros de ficção do Impressões de Maria, e co-criadora e curadora do Clube Leituras Decoloniais, voltado para a leitura e compartilhamento de reflexões sobre decolonialidade. Também escreve poemas e tem um conto publicado no livro “Vozes Negras” (2019). É formada em Letras-Espanhol pela Universidade Federal de São Paulo. Seus principais interesses estão relacionados com temas que envolvem literatura, feminismo negro e decolonial e discussões sobre raça e gênero. Enxerga a literatura como uma ferramenta essencial para transformar o mundo. 

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