Postagem referente ao projeto #5SemanasComCalibãeaBruxa, que consiste em um diário de leitura com duração de cinco semanas do livro Calibã e a Bruxa: mulheres, corpo e acumulação primitiva, de Silvia Federici, traduzido pelo Coletivo Sycorax. No final do projeto sortearei um exemplar do livro. Para saber como participar do sorteio e ler a primeira postagem é só clicar aqui.
O capítulo 3, intitulado “O grande Calibã – A luta contra o corpo rebelde” é o capítulo mais curto do livro e tem como foco expor como houve um disciplinamento do corpo por parte do Estado para que correspondesse à uma lógica mais produtiva no sistema capitalista.
“O capitalismo tenta também superar nosso ‘estado natural’ ao romper as barreiras e ao estender o dia de trabalho para além dos limites definidos pela luz solar, dos ciclos das estações e mesmo do corpo, tal como estavam constituídos na sociedade pré-industrial” (p.243).
O trabalhador, ao vender sua força de trabalho, que tem relação direta com o modo como faz uso de seu corpo, cada vez mais ia em direção a uma lógica de alienação da forma de sentir-se no mundo e nem todos aceitaram bem essa mudança. Quem não se adaptou teve muitas dificuldades para continuar existindo e sobrevivendo, tiveram que mendigar, saquear ou encontrar outras formas para sobreviver sem dinheiro. Fato é que teve muita resistência.
A autora, além de traçar um panorama histórico na abordagem desse assunto, também recupera muitas teorias filosóficas, como as de Foucault, Descartes e Hobbes.
“Fazer do próprio corpo uma realidade alheia que se deve avaliar, desenvolver e manter na linha, com o fim de obter dele os resultados desejados, se convertia em uma característica típica do indivíduo moldado pela disciplina do trabalho capitalista” (p.277).
Como ter acesso ao livro: comprando no site da editora (Editora Elefante), fazendo o download do arquivo em pdf disponibilizado no site do Coletivo Sycorax ou participando do sorteio que estou promovendo aqui.
4 respostas
É complicado.. Quando parece que o mundo está contra nós não sobra forças para ir contra. O Estado tirava das pessoas o que elas eram, tornando mais fácil subjugá-las.
Sem dúvida, a alienação do próprio corpo fez um estrago grande na integridade física/psíquica dessas pessoas (e ainda o fazem). Bizarro também como certos intelectuais da época, defendiam a dita filosofia mecanicista. Foram responsáveis por um desserviço ao nível da Igreja e do Estado, só que em nome da Ciência, ao estigmatizarem ainda mais aqueles considerados rebeldes (rebeldes = ameaça ao capitalismo).
Essa constante tentativa de nos tirar da condição de indivíduo, humano, nos aliena sem que percebamos..
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Só o fato de o capitalismo ir contra a natureza em questões simples, como as estações do ano, corpo, etc. já é razão para estarmos em constante reflexão e luta por melhorias