Bate-papo sobre Afrofuturismo

No dia 24 deste mês aconteceu no Sesc Interlagos, dentro da programação da NerdCon, Conferência Nerd da Zona Sul, um bate-papo sobre Afrofuturismo, intermediado por Augusto Oliveira, Fábio Kabral e Rodrigo Cândido, parte da equipe de O Lado Negro da Força, site de entretenimento e cultura nerd que dá visibilidade para o protagonismo e presença negra nos quadrinhos, jogos, cinema e TV e outros meios de cultura.


O bate-papo começou com os convidados incentivando a plateia a pensar sobre o que entendem sobre afrofuturismo, sobre o que pensam quando imaginam no futuro. Imaginam um futuro negro?
Foram apresentadas várias imagens de sociedades afrofuturistas e em todas elas evidenciou-se uma pluralidade preta, mostrando que a cor da pele é um fator em comum, mas os negros são muito diversos.
Além disso, os rapazes frisaram que não há uma definição única para o que é o afrofuturismo, há várias e todas elas estão corretas de alguma forma.
Augusto Oliveira (esq.), Fábio Kabral (centro) e Rodigo Cândido (dir)

Do que eu entendi, afrofuturismo é pensar em um futuro em que o negro é protagonista, um futuro no qual essas pessoas são espiritualmente ligadas com seus ancestrais e não esquecem de seu passado. Um futuro no qual há tecnologia avançada e a ciência não é inimiga da religião, uma não precisa excluir a outra para existir e ser verdadeira. Um bom exemplo de uma sociedade afrofuturista é Wakanda, do filme/quadrinho Pantera Negra.


Foi um bom bate-papo, principalmente para quem teve o primeiro contato com o assunto ali, porque foi bastante explicativo, ou para quem já tinha uma ideia e queria ter mais referências. Sai de lá com várias indicações de autores e artistas que abordam esse assunto, como Mshindo Kuumba, Ingrid LaFleur, no campo das Artes e Ytasha L. Womack e Clyde W. Ford, no campo da Literatura.

                                       

Sobre os convidados, Augusto Oliveira é o editor-chefe do portal O Lado Negro da Força e músico, com atuação principal no rap. Seus principais trabalhos estão disponíveis nas plataformas digitais. Acima está o perfil dele no Spotify como indicação.

Fábio Kabral é escritor. Autor dos livros “Ritos de Passagens” e “O Caçador Cibernético da Rua 13”, este último já resenhado aqui no blog.
Para quem tem interesse em se aproximar mais do assunto, indico a leitura dos textos escritos por ele: http://www.ladonegrodaforca.com.br/conteudo/9
Rodrigo Cândido é amante dos quadrinhos e ilustrador. Inclusive, foi ele quem ilustrou o último livro Fábio Kabral.
Indico muito o trabalho dos três.

Uma das vistas do Espaço de Leitura

Sobre o local em que aconteceu este evento: havia ido lá apenas uma vez, quando criança, e não me lembrava de quase nada. Dessa vez, fiquei muito encantada com o espaço e pretendo voltar mais vezes. É bastante arborizado e a imagem que me passou foi de ser muito acolhedor, com atividades para todos os públicos. As pessoas realmente se sentem à vontade, podem pegar um livro, deitar e ler. Achei tudo muito lindo.

Família lendo

6 respostas

  1. Faltou eu falar bastante coisa, e inclusive acabou faltando eu colocar autoras gringas cujas obras são consideradas afrofuturistas. Então fica aí os nomes: Octavia Butler, Nnedi Okorafor e N.K. Jemisin, as três finalmente têm cada uma um de seus livros publicados no Brasil. Dona Octavia é chamada de "Grande Dama da Ficção Científica" e não é à toa, porém… o reconhecimento vem agora só depois de 12 anos a sua morte… enfim, falarei mais de cada uma em outra ocasião. Obrigado pela presença!!

  2. Oi Maria
    Que bacana esse tema. Quando eu falo alguma coisa defendendo pessoas negras de preconceito as pessoas acham ruim comigo, por ser branca. Vê se pode! Achei muito legal fala sobre um futuro onde o negro é protagonista, mas é uma pena que se fale no futuro. Acredito que todas as pessoas são os protagonistas de sua vida, mas infelizmente na nossa sociedade se você não é homem hétero e branco você é apenas coadjuvante.

    Vidas em Preto e Branco

  3. Um assunto muito bom e também válido para nossa sociedade, principalmente agora que parece-me que o preconceito está mais acentuado, o que é um absurdo.
    Uma pena que esse tipo de debate não tem em minha cidade, gostaria mesmo de participar.

  4. Queria muito ter visto esse debate… Fiquei pensando aqui, é legal que ele tenha acontecido pós-Pantera Negra no cinema, porque facilita e amplia as nossas compreensões sobre o afrofuturismo, faz as ideias circularem e tudo mais… Sem contar "Kindred – Laços de Sangue" de dona Octavia Butler, que ficou visível nas prateleiras não tem muito tempo. Enfim, gosto muito de acompanhar O Lado Negro da Força e vou correr atrás do livro do Fábio Kabral, a resenha de "O Caçador Cibernético da Rua 13" que tá aqui no blog me deixou super curiosa!

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Maria Ferreira

Maria Ferreira é uma mulher negra baiana. É criadora do Clube Impressões, o clube de leitura de livros de ficção do Impressões de Maria, e co-criadora e curadora do Clube Leituras Decoloniais, voltado para a leitura e compartilhamento de reflexões sobre decolonialidade. Também escreve poemas e tem um conto publicado no livro “Vozes Negras” (2019). É formada em Letras-Espanhol pela Universidade Federal de São Paulo. Seus principais interesses estão relacionados com temas que envolvem literatura, feminismo negro e decolonial e discussões sobre raça e gênero. Enxerga a literatura como uma ferramenta essencial para transformar o mundo. 

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