A vadia- Gislaine Oliveira

O livro “A Vadia”, é uma publicação independente da autora Gislaine Oliveira. Atualmente está sendo vendido na Amazon,  mas é provável que em breve também tenha a versão impressa.
O que chama atenção logo de cara, certamente é o título, porque a palavra que dá nome ao título, muitas vezes é usada de forma ofensiva contra mulheres, mas nesse livro a autora mostra que ser vadia, de repente, pode não ser algo negativo, dependendo do ponto de vista.

O grande diferencial do livro é justamente a história ser contada por aquela que normalmente é considerada a vilã. 
Em uma narrativa em primeira pessoa, conhecemos Samantha, ou Sammy, a protagonista. Ela tem um grande amigo que se chama Luiz Henrique, são amigos desde o nascimento, vizinhos e estudam na mesma escola. E claro, muito natural que os dois, sendo tão amigos, desenvolvessem um sentimento maior, como o amor e então começassem a namorar. É o que acontece, mas nem tudo são flores, um dia eles terminam e é por causa desse término que surge o apelido de Sammy.

“Você vê todo mundo fofocando e quando percebe está fofocando junto. Você pode até achar isso errado, mas na verdade está aliviado porque o alvo da fofoca não é você”.

Luiz Henrique é negro e a autora expõe todo incômodo que ele e sua mãe causam no bairro onde vivem, pelo simples fato de serem negros. De forma bem realista, o leitor pode ver como as pessoas se comportam em relação aos negros ou falam deles, principalmente na juventude, um período crítico.
Dito isso, voltemos ao que levou Sammy ser apelidada. Quando um garoto da escola, Lucas, percebeu que o namoro dela com Luiz Henrique havia terminado, ele resolveu investir, mas fez isso da forma mais escrota possível, além de ofender o ex-namorado dela, se mostrou um grande machista. A Sammy, claro, recusou a investida, negou o convite para sair com ele e o que Lucas fez? O que muitos homens que não sabem ouvir um não e aceitar, costumam fazer: xingou a garota e saiu espalhando boatos falsos sobre ela. O que a Sammy fez foi simplesmente ignorar e agir como se isso não a afetasse. Mas chega um momento que as coisas tomam proporções gigatescas, principalmente levando em conta que adolescentes costumam ser bastante criativos quando querem atingir uma pessoa.

“É incrível como as pessoas parecem se ofender pleo fato de você ser o que é. Se você é  homossexual, gordo, negro… Então elas simplesmente agem como se sua existência fosse um insulto”.

O que mais gostei nesse livro foi justamente a autora trabalhar desconstruindo estereótipos impostos pela sociedade. Ela nos faz refletir sobre coisas que já estão tão naturalizadas que nós nem paramos mais para pensar criticamente a respeito.
É um livro que suscita muitas reflexões. Tenho certeza que todas as mulheres que o lerem vão se identificar de alguma forma, porque vão perceber que temos alguma semelhança com a Sammy, seja sermos condicionadas a vermos as outras como “concorrentes” ou os homens nos julgarem simplesmente pelo fato de sermos mulheres e o que isso significa na sociedade em que vivemos.

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Um dos quotes usados para divulgação do livro. (Clique na imagem para ampliar)

35 respostas

  1. Oi, Maria,

    é muito interessante essa ideia de desconstrução do termo "vadia", que é fruto de nossa cultura machista e patriarcal que construiu ao longo do processo histórico brasileiro o modelo de comportamento feminino a ser adotado. Quero ler o livro também pela fato de trazer questões relacionadas à ideia de raça.

    Desejo sucesso para a autora!

    Grande abraço,
    Geferson

  2. Oi, Maria!
    Tenho vontade de ler esse livro desde que vi sua divulgação no facebook. A premissa foge tanto do clichê, né? E, conhecendo a escrita da Gih, acho que vai ser uma leitura prazerosa e reflexiva.
    Beijos,

    versosenotas.blogspot.com.br

  3. Olá
    Acho bem interessante quando os autores conseguem desconstruir os clichês, esse livro vem me chando a atenção desde que coneçou a ser divulgado justamente por causa disso.

  4. Bem interessante da autora pegar os estereótipos e desmontar, só para mostrar como a gente se apega a rótulo para disfarçar as nossas fraquezas e inseguranças. Está anotado na minha listinha de possibilidades. Abraços!

  5. Olá Maria! ^^
    Quero muito conferir o mais novo livro da Gih e fiquei com mais vontade ainda de ler após ler a sua resenha. Infelizmente a sociedade ainda julga as mulheres e sabemos que isso irá demorar a mudar já que há mulheres que não conseguem entender o que significa o movimento Feminista…

  6. Oiii!

    Eu ainda não tive a oportunidade de ler essa obra e se a autora queria mesmo chamar atenção com o título, ela conseguiu!
    primeira resenha que li sobre esse livro e gostei do enredo. Acho que é importante e necessário falar sobre os esteriótipos que vivemos hoje…
    Beijinhos

  7. Oie!
    Nossa, estou bem curiosa com esse livro. Eu ainda não tive a portunidade de ler, e não sabia que trazia tantos assuntos assim. Fiquei bem empolgada para ler.
    Bjks!
    Histórias sem Fim

  8. Olá, quando li A Vadia tive as mesmas impressões que você, ao ver como a autora resolveu trazer o outro lado da história e que a grande vilã tinha sua história, e que todos eram propensos a bondade e a maldade. Adorei ver sua opinião sobre o livro.

  9. OOi!
    A cada resenha minha vontade de ler o livro só aumenta. Parece ser um livro incrível, sobre temas importantíssimos. Não vejo a hora de lê-lo.
    Sua resenha está maravilhosa, tenho quase, ou total, certeza de que irei amar o livro.
    Beijoos!

  10. De início, não gostei muito da ideia do livro (nem do título e nem da capa), mas conforme sua resenha foi evoluindo fui descobrindo que ele era mais do que o conceito "posso dar para quem quiser porque o corpo é meu", que trabalhava vários tipos de preconceito. Ainda não sei se leria ele, mas ao menos começo a pensar seriamente na possibilidade de fazê-lo.

  11. Olá, tudo bem? Já tinha visto tem um tempo atrás a divulgação desse livro, mas depois perdi contato. Na época lembro que gostei bastante da desconstrução de esteriótipos que a autora faz. E pelo que vejo isso se refletiu na história toda. Adorei a sua resenha e ela me instigou a lê-lo. Dica anotada!
    Beijos,
    diariasleituras.blogspot.com

  12. Teve um grande burburinho acerca do lançamento desse livro e eu desde então fiquei curiosa. Não sei porque motivo ainda não comecei a leitura visto que estou curiosa para ver como ela vai desconstruindo esses estereótipos que vão acontecendo. Beijos

  13. Olá!
    Eu participei da divulgação um pouco antes do lançamento e fiquei morrendo de vontade de ler. Infelizmente, ainda não tive a oportunidade, mas adorei saber que a autora acaba com vários estereótipos com essa obra. Em breve realizarei a leitura também!
    Beijos.

  14. Oi, Maria!
    Lembro que a primeira vez que li uma resenha sobre esse livro levei um susto com o título. Mas depois vi que o conteúdo ia para um caminho muito positivo. Acho importante que o temas tratados no livro sejam falados e é muito bom que estejam ganhando visibilidade também através da literatura. Desconstruir é preciso!

    Beijos, Entre Aspas

  15. Oiee
    realmente, o que chama logo de início a atenção é o título e a frase inicial. Um livro escrito pela "vilã" é diferente kkkk
    Gostei da sua resenha e do enredo do livro, bem interessante. mAS POR QUE O CASAL TERMINOU? Não me conformei com isso, eles se conhecem a tanto tempo ):

  16. Estava curiosa para ler uma resenha desse livro, A Vadia, sempre vi muita gente divulgando mais nenhuma resenha. E também é legal autora explorar esteriótipos diferentes dá um contraste legal e traz uma boa reflexão.

  17. Oii Maria, tudo bom? Gostei muitíssimo de saber tua opinião sobre essa obra! Já conhecia o livro mas foram poucas as resenhas que li até agora. A premissa é mega interessada e o fato de abordar machismo e racismo na trama me deixa ainda mais curiosa. Quero ler!
    Beijos

  18. Oiii Maria, tudo bem?
    Esse é um dos livros que mais interesse em ler da Gislaine, as suas obras sempre me deixam encantada e com esse título nos mostra que tem muito a revelar na trama.
    Beijinhos da Morgs!

  19. Oi, não conhecia o livro, o livro trata de assunto muito bacana para ser discutido, acho que as pessoas deviam conhecer mais sobre a história para se desconstruírem de certos pensamentos.
    Abraços

  20. Olá, certamente o título é bem intrigante mesmo! São temas que precisam ser tratados com cautela, e vemos que ao menos eles estão sendo tratados, o que já é uma grande vitória!

  21. eu já tinha achado esse história bem interessante e diferente só pela sinopse. quando você apresentou esse lado da desconstrução de preconceitos (que tem se tornado cada vez mais frequentes na sociedade) fiquei ainda mais curiosa para saber mais. O que será que Sammy fez para resolver tudo isso? vou ler com certeza! essa história merece ser lida.

  22. Oie…
    Simplesmente AMEI sua resenha!
    Achei a premissa da obra bastante interessante, e inclusive, após ler seus comentários fiquei com vontade de ler! Encontrei vários aspectos na obra que geralmente me agradam, portanto, vou adicionálo nos desejados 😉
    Beijos

  23. Olá, gostei bastante da tua resenha, e o fato de ser contado pela vilã. achei bem diferente, é a primeira vez que vejo o livro mas espero ler em breve .
    Beijos

  24. Realmente o título choca um pouco, pensei que não fosse um tipo interessante de leitura, porém sua resenha me deixou curiosa em conhecer a história. Beijos

    Nara Dias
    Viagens de Papel

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Maria Ferreira

Maria Ferreira é uma mulher negra baiana. É criadora do Clube Impressões, o clube de leitura de livros de ficção do Impressões de Maria, e co-criadora e curadora do Clube Leituras Decoloniais, voltado para a leitura e compartilhamento de reflexões sobre decolonialidade. Também escreve poemas e tem um conto publicado no livro “Vozes Negras” (2019). É formada em Letras-Espanhol pela Universidade Federal de São Paulo. Seus principais interesses estão relacionados com temas que envolvem literatura, feminismo negro e decolonial e discussões sobre raça e gênero. Enxerga a literatura como uma ferramenta essencial para transformar o mundo. 

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