Salvos pelo amor- Juliane Rodrigues

Salvos pelo amor foi publicado de forma independente na Bienal do Livro de São Paulo em  2014.
Nesse livro, temos como personagens principais Clara e Nic, duas pessoas que pouco têm em comum, a não ser, o fato de trabalharem para a mesma gravadora. Clara como assessora de imprensa e Nic como guitarrista de uma banda de rock.
A relação dos dois era estritamente profissional, até que Nic, ao descobri que havia sido traído por sua namorada, agora ex, decide usar Clara em sua vingança contra a ex namorada, para provar que qualquer mulher poderia ser melhor que ela, até mesmo Clara, apelidada por ele e pelos colegas da banda de senhorita Espirro.

Quando Nic começa a se aproximar de Clara, ela estranha, afinal, eles nunca haviam se falado. De início, permite essa aproximação, mas ao final de três dias, os dois concordam que é hora de voltar à realidade, que é eles não têm nada em comum, mas foi tempo suficiente para Nic debandar da ideia de usar Clara em sua vingança, ele conheceu um lado dela até então desconhecido.

Clara foi deixada na porta de um orfanato quando ainda era muito nova e trouxe muito alegria para os donos dessa instituição, que a adotaram e ela passou a fazer parte da enorme família, em que ela era a única menina rodeada de dezenas de garotos, o que tem seus pontos positivos, como jogar muito bem futebol e negativos, como não ter uma referência feminina de como se vestir, o que explica seu modo de se vestir quase infantilizado, mesmo sendo já adulta, morando sozinha em seu apartamento e trabalhando para pagar suas coisas.
Apesar da vida um pouco corrida por trabalhar em dois empregos, Clara ainda consegue tempo para visitar o orfanato Amanhecer toda semana e tempo para exercer sua fé.

Nic, diferente de Clara, não tem uma boa relação com a família, principalmente com o irmão, com quem tem uma grande desavença. Vive uma vida desregrada, com muito álcool incluso, muitas foram às vezes em que acordou sem nem saber como chegou em casa. Em um determinado momento fica sabendo que tem hepatite C e sua saúde já está muito debilitada. Ele se dá conta de que não tem para onde ir e de que não tem amigos com quem contar, então Clara, mesmo contra suas convicções, hospeda Nic no apartamento dela e passa a cuidar dele. Muita coisa acontece nesse período, uma delas é Clara sempre falar do amor de Deus para Nic e ele, aos poucos, depois de muita resistência, ir aceitando.
Para surpresa de Nic, os dois começam a se conhecer melhor e ele, que nunca viu beleza em Clara, descobre que beleza é algo relativo. Ainda que Clara não atenda aos padrões de beleza da sociedade, possui muita beleza interior e, no fundo, é o que mais importa.

O livro é definido como literatura cristã e fala sobre o amor com os aspectos religiosos. Talvez essa definição afaste muitos leitores, mas eu, que também não costumo ler esse tipo de literatura, posso garantir que esse lado um pouco religioso não chega a incomodar. É algo que está ali e faz parte, mas não se resume só a isso.
É uma leitura bem gostosa e eu peço que deem uma chance, não irão se arrepender.

7 respostas

  1. Olá, Maria.
    Não tive boas experiências, até hoje, com livros religiosos e confesso que esse não chamou tanto a atenção, até porque ele é bem previsível. Porém, se você indica, talvez dê uma oportunidade futuramente. Confio em sua opinião.

    Desbrava(dores) de livros – Participe do top comentarista de janeiro. Serão dois vencedores!

  2. Olá,
    Eu não gosto muito de ler livros que tenham a ver com religião, mas eu me interessei por essa história e acho que leria ela. Parece passar uma importante mensagem. E a capa está linda demais.

    Blog Prefácio

  3. Oi Mariiia,

    Esses livros que tem um pano de fundo religioso acabam afastando algumas pessoas que se prendem a pré-conceitos. Como você mesma disse que esse toque religioso é muito pequeno. As vezes perdemos uma história incrível.

    Parabéns por continuar quebrando preconceitos literários!

    beijos

  4. Oie Maria =)

    Vou confessar que não gosto muito de livros como plano de fundo a religião. Não é nada pessoal, apenas experiências ruins com leituras que seguem essa mesma linha.

    Pela sua resenha a premissa é bastante interessante, mas no momento não é o tipo de leitura que ando buscando.

    Beijos;***

    Ane Reis.
    mydearlibrary | Livros, divagações e outras histórias…
    @mydearlibrary

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Maria Ferreira

Maria Ferreira é uma mulher negra baiana. É criadora do Clube Impressões, o clube de leitura de livros de ficção do Impressões de Maria, e co-criadora e curadora do Clube Leituras Decoloniais, voltado para a leitura e compartilhamento de reflexões sobre decolonialidade. Também escreve poemas e tem um conto publicado no livro “Vozes Negras” (2019). É formada em Letras-Espanhol pela Universidade Federal de São Paulo. Seus principais interesses estão relacionados com temas que envolvem literatura, feminismo negro e decolonial e discussões sobre raça e gênero. Enxerga a literatura como uma ferramenta essencial para transformar o mundo. 

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