Baladas-Hilda Hilst

“Baladas” é a reunião dos três primeiros livros de poesia de Hilda Hislt: “Presságio”, “Balada de Alzira” e “Balada do festival”.

Em “Presságio” (1950) nos deparamos com vinte e um poemas que versam sobre a solidão. Solidão de quem ama e a solidão do ser humano. Também fala sobre o amor. O amor correspondido, o amor que vê e não vê barreiras e o amor que nem chegou a ser.

“Me fizeram de pedra
quando eu queria
ser feita de amor”
(estrofe do poema VI, do livro Presságio).

“Balada de Alzira” (1951) é composto por dezessete poemas. Percebi que aqui Hilst já demonstra uma densidade e amadurecimento poético bem maior do que o encontrado no livro anterior, o que surpreende se nos atentarmos para o fato de que é só um ano de distância entre os dois livros.

“Há desconsolo
 permanecendo
 nos meus prelúdios
 de alegria.
 Só tenho a ti
 mas tão distante
 que não me houves.
 Chamo e pergunto
se não me queres
 mas o teu grito
de assentimento
 chega cansado
 ao meu ouvido
e assim cansado
 desaparece
 como um lamento”.
(Estrofe do poema XIV, do livro Balada de Alzira).

Vinte poemas compõem “Baladas do festival”. Aqui é mais comum a presença de rimas e de poemas mais descrentes da bondade das pessoas.

“Somos humanos e frágeis
 mas antes de tudo, sós”.
(Estrofe do poema XX, do livro Balada do festival).

Ao final dessa edição encontramos uma vasta organização das obras publicadas da autora, separados por gênero: poesia, ficção, dramaturgia, coletâneas. Livros seus que foram traduzidos, bibliografias que se encontram em livros, artigos, teses, dissertações, jornais e por fim, uma cronologia suscinta da vida de Hilda Hilst.

8 respostas

  1. Oi, oi! Tudo bem? Confesso vergonhosamente que ainda não li nada da Hilda Hilst, mas não é por falta de vontade! Não estou muito acostumada a ler poemas, deveria fazer isso mais vezes justamente porque sempre deparo com alguma coisa da Hilda espalhada pela internet que acaba chamando a minha atenção. Se com pequenas estrofes ela foi capaz disso, imagine com uma obra completa… A dica está anotada! Bjs
    Jéssica – http://lereincrivel.blogspot.com.br/

  2. Oi Maria.

    Em pensar que só descobri esse gênero literário a pouco tempo. Acho que existia um preconceito dentro de mim quanto a poesia. Só quando firmei uma parceria com o Bruno Luiz de Mattos para ler o seu livro é que descobri o quanto gostava de poesia! 😀 Achei lindíssimos esses trechos que você destacou e fiquei "babando" a tela do computador para ler. Já vi um livro parecido com esse aqui na biblioteca da minha cidade, vou pegar e ver se gosto! 😀 😀
    Bjoks da Gica.

    umaleitoraaquariana.blogspot.com

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Maria Ferreira

Maria Ferreira é uma mulher negra baiana. É criadora do Clube Impressões, o clube de leitura de livros de ficção do Impressões de Maria, e co-criadora e curadora do Clube Leituras Decoloniais, voltado para a leitura e compartilhamento de reflexões sobre decolonialidade. Também escreve poemas e tem um conto publicado no livro “Vozes Negras” (2019). É formada em Letras-Espanhol pela Universidade Federal de São Paulo. Seus principais interesses estão relacionados com temas que envolvem literatura, feminismo negro e decolonial e discussões sobre raça e gênero. Enxerga a literatura como uma ferramenta essencial para transformar o mundo. 

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