Resenha “Minha Metade Silenciosa”- Andrew Smith

Este livro trata de um garoto de treze anos, chamado “Palito”. Ele Sofre bullying na escola porque nasceu somente com a orelha esquerda. Por causa disso, dele ter somente uma orelha, ele escuta o mundo de uma forma diferente, fragmentada. Para ele, é como se as palavras entrassem e nunca mais saíssem.
Palito tem um irmão mais velho, de dezesseis anos, chamado Bosten. Ele é para Palito o que se pode chamar de seu porto-seguro, porque sempre foi ele que o protegeu, que brigou por ele e os dois se amam e se entendem demais. Essa forte união entre os dois, resulta principalmente, da relação que eles tem com os pais; que são duas pessoas totalmente autoritárias, que acreditam que a melhor forma de educar os filhos é na base na porrada. E batem, batem sem dó nem piedade e fazem coisas horríveis com os filhos. Bosten é o que mais sofre com isso.
Um dia, as coisas ficam totalmente fora de controle e após uma séria briga com o pai, Bosten foge de casa. Palito se vê sem chão, não imagina viver naquela casa sem o irmão e vai atrás dele.
No recesso de aulas da Páscoa, os dois irmãos que moram em Washington, vão passar alguns dias na casa de uma tia, chamada Dahlia, na Califórnia. Lá eles têm contato com uma realidade totalmente diferente da que eles vivem. A tia os trata com amor, eles fazem novos amigos e se sentem tão bem lá. E é para lá que Palito vai quando sai a procura de seu irmão. Claro que não foi fácil fazer essa viagem e no meio do caminho ele teve muitos problemas e sentiu muito medo, mas foi persistente.
Desde o início, percebemos que o livro vai também tratar de como é a vida de uma criança que está entrando na puberdade, das mudanças que ocorrem em seu corpo e em seus sentimentos. Acompanhamos isso com Palito e é muito bom chegar no final e ver o quanto ele amadureceu e se fortaleceu.
Tudo o que foi dito acima, é uma parte desse livro, Minha Metade Silenciosa, porque a outra parte é a sensibilidade com que o autor desenvolve o enredo do livro. A outra parte é a reflexão sobre porque existem pessoas que são extremamente cruéis enquanto existem outras que são extremamente bondosas.
É um livro de extremos. Que pode te fazer chorar, sentir raiva, dor, revolta, mas que também vai te fazer dar risadas.
Só tem uma coisa que não me agradou nesse livro, que foi a forma como o autor não aprofundou algumas coisas que acontecem, senti falta de uma explicação do porquê delas acontecerem e também outras coisas que ficaram subentendidas, que o autor não desenvolveu muito. Mas fora isso, é um livro que merece ser lido e aproveitado ao máximo.

3 respostas

  1. O enredo me lembrou "Extraordinário", eu gosto muito de histórias assim e adorei a tua resenha. Sobretudo quando essas narrativas não se centram apenas na deficiência de alguém, mas no fato de que ela possui uma vivência, na maioria das vezes, completamente normal como as outras pessoas comuns.
    Abraços.

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Maria Ferreira

Maria Ferreira é uma mulher negra baiana. É criadora do Clube Impressões, o clube de leitura de livros de ficção do Impressões de Maria, e co-criadora e curadora do Clube Leituras Decoloniais, voltado para a leitura e compartilhamento de reflexões sobre decolonialidade. Também escreve poemas e tem um conto publicado no livro “Vozes Negras” (2019). É formada em Letras-Espanhol pela Universidade Federal de São Paulo. Seus principais interesses estão relacionados com temas que envolvem literatura, feminismo negro e decolonial e discussões sobre raça e gênero. Enxerga a literatura como uma ferramenta essencial para transformar o mundo. 

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