A cor púrpura (1985)

Fonte: Feed Your Head
Este filme, que conta com a direção de Steven Spielberg, é uma adaptação muito bem sucedida do livro de mesmo nome, da autora afroamericana, Alice Walker, publicado em 1982.
Recebeu onze indicações ao Oscar mas não ganhou em nenhuma categoria (por que será?)

Ambientado na Geórgia, sul dos Estados Unidos, no início do século XX, começa com duas meninas, irmãs, Celie (Whoopi Goldberg) e Nettie (Akosua Busia), brincando em um campo de flores púrpuras. Aos poucos, pela voz de Celie, ficamos sabendo que ela tem apenas quatorze e foi abusada sexualmente pelo pai, resultando em duas gravidez, nas quais, logo após o nascimento dos filhos, os mesmos foram doados pelo pai, mesmo contra a sua vontade. Após a morte da mãe, Celie começa a perceber que o pai agora olha com outros olhos para sua irmã e tenta distraí-lo em todos os momentos, pois não deseja que sua irmã passe por tudo que ela passou.

Fonte: Blah Cultural
Um dia, Nettie é pedida em casamento por Albert (Danny Glover), um homem viúvo e seu pai negá-lhe a mão, mas oferece Celie em seu lugar. Dada como objeto, é recebida na nova casa com pedradas por um dos filhos de Albert. Assume o papel não só de esposa, mas principalmente de dona de casa. Quando o marido não se agrada de alguma coisa que ela fez, lhe bate. 
Um dia é surpreendida pela chegada de sua irmã, que fugiu de casa e pede para morar com ela. Albert permite e nesse tempo em que passam juntas, Nettie procura ensinar Celie a ler. Até que Albert, não obtendo sucesso em suas investidas com Nettie, a expulsa de sua casa e separa as duas irmãs. Essa cena da separação concorre com muitas outras como uma das mais dolorosas.
Acompanhamos o envelhecimento dos personagens, muitos anos se passam sem que Celie tenha notícias de sua irmã ou de seus filhos, que tem esperanças de estarem vivos, até que Albert, que sempre foi apaixonado por uma cantora de blues, Shug Avery (Margaret Avery), que se encontra doente, a traz para sua casa para cuidar dela, mesmo sendo casado. Mais uma prova de seu total desrespeito a sua esposa. Mas esse é um acontecimento importante na vida de Celie, que não vê Shug como uma concorrente, mas uma pessoa que admira e se inspira. Passa a cuidar dela e aos poucos conquista sua amizade. Shug ajuda Celie a se ver como uma mulher que merece respeito, que merece sorrir, que merece ser feliz. Outra personagem que também contribui para o fortalecimento de Celie, é Sofia (Oprah Winfrey). Casada com um dos filhos de Albert, nunca abaixou a cabeça para nenhum homem e sempre foi muito independente e nunca levou desaforo para casa, foi por essa característica que Sofia teve um destino trágico.

Não foi preciso efeitos especiais para embelezar o filme, a beleza está por si só na estória (e história) de Celie e sua tragetória de mulher negra numa época em que o racismo e preconceito de gênero atuou fortemente. Há muito ainda a ser superado e foi impossível para mim, como mulher negra, não me identificar com alguma cena e arrisco dizer que é difícil controlar as lágrimas, sendo negro ou não, o filme toca a todos que tem o mínimo de humanidade e empatia dentro de si.

4 respostas

  1. Oi Maria, tudo bem? Sou louca para ver o filme e ler o livro. Mas preciso de tempo 😛 Ou de organização 😛 Ou dos dois hehehhe
    Só de ler sua resenha, já fiquei triste com essa história. Imagino então ao conhecer mais a fundo. E imagino o quanto você deve ter se emocionado e se identificado. Eu, como mulher já me identifiquei demais. Acredito que com você, essa identificação tenha sido ainda maior. E é horrível pensar que coisas assim, em diferentes graus, acontecem ainda 🙁
    11 indicações e nenhum oscar? Infelizmente isso nem me surpreende 🙁
    Beijos
    http://profissao-escritor.blogspot.com.br/

  2. Olá, Maria! Essa é uma história forte e que tenho muita vontade de ler/assistir. O que eu acho triste é que, 30 anos depois, muitas coisas que você citou fazendo parte do filme ainda fazem parte da nossa realidade.

    Beijos, Entre Aspas

  3. Olá, Maria.
    Apesar de muito ouvir falar bem do filme e também do livro, nunca tive a oportunidade de conferi-los. Aliás, acredito que verei o filme primeiro.
    A premissa é forte, dura, mas é necessário tratar de temas dessa natureza. A sociedade é ainda preconceituosa e machista, então, certamente, fatos como esses ainda acontecem.
    Excelente dica.

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Maria Ferreira

Maria Ferreira é uma mulher negra baiana. É criadora do Clube Impressões, o clube de leitura de livros de ficção do Impressões de Maria, e co-criadora e curadora do Clube Leituras Decoloniais, voltado para a leitura e compartilhamento de reflexões sobre decolonialidade. Também escreve poemas e tem um conto publicado no livro “Vozes Negras” (2019). É formada em Letras-Espanhol pela Universidade Federal de São Paulo. Seus principais interesses estão relacionados com temas que envolvem literatura, feminismo negro e decolonial e discussões sobre raça e gênero. Enxerga a literatura como uma ferramenta essencial para transformar o mundo. 

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