É sempre um trabalho difícil escrever sobre os livros do Milan Kundera. Me parece que ele nunca vai direto ao ponto e que o que ele quer passar está sempre subentendido. Acredito que é isso que acontece nesse livro. Os acontecimentos são fragmentados mas nos permite compreender perfeitamente as ações das personagens, que são majoritariamente homens e quando aparece uma personagem feminina é para desempenhar um papel secundário. O autor nos faz pensar sobre a natureza da mentira, sobre a falsidade, a fugacidade do tempo e sobre como os acontecimentos históricos vão perdendo a importância para as gerações posteriores.
“No meu vocabulário de ateu, uma única palavra é sagrada: a amizade”. -(p.30)
Quatro pessoas: Alain, Ramon, Charles e Calibã têm históris de vida, idades e vivências diferentes, mas são unidos por algo em comum, a amizade.
Alain é um homem que convive com o trauma de ter sido abandonado pela mãe quando criança e tem diálogos imaginários com ela. Ramon sempre quer ir ver uma exposição do Chagall mas quando chega no museu desiste por causa da fila e acaba passeando pelo parque que fica próximo, o Jardim Luxemburgo. Charles organiza coquetéis, pensa em fazer uma peça de teatro e leva os amigos a pensarem sobre Stálin. E Calibã é um ator que trabalha como garçom e para parecer mais interessante finge ser um paquistanês e inventa seu próprio idioma.
“Queria vê-los, mas sabia de antemão que não encontraria forças para se deixar transformar de bom grado numa parte daquela interminável fila que lentamente se arrastava em direção ao caixa”. -(p.11)
De forma variada o autor coloca em paralelo a Paris atual e a União soviética extinta. Com ironia e bom humor nos faz pensar se não estamos dando importância a coisas superflúas e insignificantes, deixando o que realmente importa de lado. Quem sabe não é aí que reside a insignificância. É um livro curto e rápido de ser lido, mas que para ser entendido precisa de muita reflexão, talvez até mais de uma leitura.
3 respostas
Olá Maria;
Não conhecia este livro, mas amei a premissa e os quottes escolhidos por você.
Boa semana flor e se cuide.
Beijos da Camila.
http://cabinedeleitura1.blogspot.com.br/
Ao passar pela net afim de encontrar novos amigos e divulgar o meu blog, me deparei com o seu que muito admiro e lhe dou os parabéns, pois é daqueles blogs que gostaria que fizesse parte de meus amigos virtuais.
Pois se desejar visite o Peregrino E Servo. Leia alguma coisa e se gostar siga, Saiba porém que sempre vou retribuir seguindo também o seu blog.
Minhas cordiais saudações, e um obrigado.
António Batalha.
http://peregrinoeservoantoniobatalha.blogspot.pt/
Um livro bem diferente do que eu imaginava, para falar a verdade. Quero ler, principalmente por causa dessas referências a União Soviética.
Ótima dica.
Desbrava(dores) de livros – Participe do nosso top comentarista de setembro. Serão dois vencedores.