Americanah- Chimamanda Ngozi Adichie

Americanah é um livro importante e pertinente de todos os ângulos que o olhamos. Nele, nós conhecemos dois jovens, Ifemelu e Obinze, vivendo na Nigéria dos anos 90, sob um regime militar que deixa a todos insatisfeitos. Em busca de melhores condições, os estudantes almejam países como Estados Unidos e Inglaterra.

Quando Ifemelu conseguiu ir para os Estados Unidos, tendo que deixar Obinze na Nigéria, enfrentou muitas diversidades: não tinha estabilidade financeira e pela primeira vez em sua vida se vê como uma imigrante vista pelos olhos dos americanos. Não só é uma imigrante, como também é mulher, é negra e se depara com a questão racial e com o racismo em suas diversas formas. Foi um começo difícil, cedeu a depressão e se distanciou de Obinze.
Ifemelu começou a escrever um blog sobre questões raciais referentes aos negros americanos sob a ótica de uma negra não-americana. Seu blog fez sucesso, ela conseguiu se estabelecer financeiramente e depois de treze anos morando nos Estados Unidos, ter se relacionado com alguns homens, decide voltar para a Nigéria e secretamente, voltar para Obinze.

Americanah é um livro que explora a estrutura de classes nos Estados Unidos e Chimamanda não deixou escapar nada com sua perspicácia. Foi coerente e pontual ao expor o racismo e em nenhum momento pareceu algo panfletário ou forçado. Através de Ifemelu a autora trabalha temas importantes, como identidade e aceitação numa sociedade racista, que está o tempo todo ditando como nos vestir, como nos comportar e como cuidarmos dos nossos cabelos.

Por se tratar de um assunto extremamente atual, temos a sensação de que o livro não acaba quando o terminamos de ler. As reflexões permanecem e os questionamentos também. A autora tornou visível o que muitas vezes é invisibilizado pela própia sociedade.

Chimamanda Ngozi Adichie é uma mulher, negra e feminista. De sua autoria temos “Meio Sol Amarelo”, “Hibisco Roxo” e “Americanah”, todos publicados pela Companhia das Letras, em 2008, 2011 e 2014, respectivamente. Temos também “Sejamos todos feministas”, de 2014, fruto de um discurso seu, que é disponibilizado para e-reader pela Companhia das Letras de forma gratuita, apesar de ter também a versão paga.

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Maria Ferreira

Maria Ferreira é uma mulher negra baiana. É criadora do Clube Impressões, o clube de leitura de livros de ficção do Impressões de Maria, e co-criadora e curadora do Clube Leituras Decoloniais, voltado para a leitura e compartilhamento de reflexões sobre decolonialidade. Também escreve poemas e tem um conto publicado no livro “Vozes Negras” (2019). É formada em Letras-Espanhol pela Universidade Federal de São Paulo. Seus principais interesses estão relacionados com temas que envolvem literatura, feminismo negro e decolonial e discussões sobre raça e gênero. Enxerga a literatura como uma ferramenta essencial para transformar o mundo. 

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