Aqualtune e as histórias da África- Ana Cristina Massa

O livro vai apresentar ao leitor a lenda africana da princesa Aqualtune, uma princesa do Congo que foi trazida ao Brasil como escrava, e mostrar o quanto a questão da identidade é importante para as crianças.


Alice, Maria e Guilherme são as personagens principais deste livro. Mas Alice, na verdade, é um nome dado a si mesma por Aqualtune, seu nome de registro. Segundo seus pais, Aqualtune é um nome “diferente, original”, “forte, impotente”, mas para a menina era “estranho, esquisito”, sempre tinha que repetir mais de uma vez quando perguntavam, com Alice não acontecia isso.

O livro começa com os amigos entrando de férias e ansiosos pela viagem que farão para a fazenda que pertenceu aos avós de Maria, que fica em Alagoas. A fazenda foi um engenho na época da escravidão e logicamente, algumas partes foi senzala. Os pais de Maria querem restaurar o local e transformar em um museu para que as pessoas possam visitar e saber mais sobre o período histórico da escravidão.

Na fazenda, as crianças conhecem vó Cambinda, uma senhora quilombola que trabalha na casa da família há muitos anos e seu bisneto Kafil. Eles são personagens essenciais para o desenvolvimento do livro, uma vez que a senhora é detentora de muitas histórias e com a chegada de Aqualtune, acha que uma lenda pode estar para se cumprir, já que a menina tem o mesmo nome da princesa do Congo que foi trazida para ser escrava no Brasil.

“— Não desconfie do que você não conhece. Aprenda, escute, sempre temos o que aprender. O que você está vendo aqui é uma cultura diferente da sua, nós somos descendentes dos irmãos africanos, temos outros hábitos, não é ruim, é diferente”. (p.49)

O leitor vai acompanhando o desenvolvimento das personagens, principalmente de Alice, que quanto mais vai aprendendo sobre a história da escravidão, vai aceitando melhor seu nome verdadeiro e sentindo orgulho dele e juntamente com ela e seus amigos, o leitor vai aprendendo sobre os costumes da população quilombola, suas festas e rituais, como também um pouco da cultura e religião dos africanos, mais especificamente dos congoleses.  Mesmo tendo um público-alvo bem definido, é um livro que a leitura pode ser feita por pessoas de qualquer idade, principalmente aquelas que queiram ter um primeiro contato com a história dos escravos.

“(…) os negros escravos associaram os deuses africanos aos santos católicos. Então nas festas realizadas nas senzalas pelos escravos, os cultos eram aceitos pelos portugueses, que achavam que os negros estavam festejando para os santos católicos(…)”. (p.78)

Gostei da forma como a narrativa é feita com construções breves e parágrafos curtos, de maneira bem didática, o que faz com que seja uma leitura rápida, de fácil entendimento e indicada para ser usada como paradidático em escolas. Percebe-se que a autora fez uma extensa pesquisa para a construção do livro.
Em relação à parte física, o projeto gráfico é muito bonito, com ilustrações que precedem cada início de capítulo, com uma imagem que remete aos tecidos africanos e são um deleite para os olhos.

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*Livro cedido pela editora.

12 respostas

  1. Sou apaixonada pelo trabalho gráfico da Biruta/Gaivota. Tinha muita curiosidade em relação a esse livro e quando vi no instagram que tinha resenha corri para conferir. Adorei a forma clara como você expôs o conteúdo do livro e fiquei com vontade de ler.

    Uma Pandora e sua Caixa

  2. Ahhhhhhh que resenha maravilhosa menina, eu não conhecia esse livro e fiquei encantada, primeiro por causa da edição e segundo pela lenda, adoro livros que envolvam histórias e mulheres, ótima dica.
    Beijinhos

  3. Olá, ainda não conhecia o livro mas após ver sua resenha já é uma leitura que eu gostaria de fazer. Precisamos muito de mais obras que retratem a cultura negra, pois muito dela se perdeu por causa da escravidão e do preconceito.

  4. Oie!
    Que trabalho encantador!
    Ainda não conhecia, mas fiquei bem interessada nessa história, e ainda tem o trabalha gráfico lindo! Com certeza, uma ótima indicação para poder conferir.
    Bjks!
    Histórias sem Fim

  5. Olá! O livro é lindo! Não o conhecia, mas a história me pareceu bem encantadora. Sem contar a riqueza de informações que o livro deve nos proporcionar, fiquei curiosa para sabe mais sobre a lenda, beijos!

  6. Não o conhecia, mas que livro relevante. Ótimo para as professoras levarem para sala de aula ou grupo de discussão com jovens por trabalhar a noção de identidade e de pertencimento, que são caminhos importantes na jornada de autoconhecimento. Parabéns à autora e sucesso na jornada. Obrigada pela dica!

  7. Olá ♥
    Não conhecia o livro, mas estou encantada com a premissa. Uma bagagem cultural enorme que deve vim nesse livro fora os ensinamentos que vamos adquirindo ao longo da leitura. A diagramação parece está maravilhosa pelas fotos que você postou ao fim da resenha. Estou maravilhada, parabéns pela resenha e por essa dica maravilhosa ♥

  8. Ola lindona amei o tema do livro, gostei muito e pretendo ler para meu filho, livros como esse nos ajudam a valorizar e ter orgulho de quem somos e de onde viemos. Não conhecia o livro e a dica está mais que anotada. beijos

    Joyce
    Livros Encantos

  9. Olá!!!
    Temática bem bacana do livro e fico feliz que serve para todas as idades.
    Achei interessante essa questão do nome, pois até pouco tempo não gostava do meu primeiro nome e agora gosto.
    Amei a resenha acho que é uma leitura importante para todos.

    lereliterario.blogspot.com

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Maria Ferreira

Maria Ferreira é uma mulher negra baiana. É criadora do Clube Impressões, o clube de leitura de livros de ficção do Impressões de Maria, e co-criadora e curadora do Clube Leituras Decoloniais, voltado para a leitura e compartilhamento de reflexões sobre decolonialidade. Também escreve poemas e tem um conto publicado no livro “Vozes Negras” (2019). É formada em Letras-Espanhol pela Universidade Federal de São Paulo. Seus principais interesses estão relacionados com temas que envolvem literatura, feminismo negro e decolonial e discussões sobre raça e gênero. Enxerga a literatura como uma ferramenta essencial para transformar o mundo. 

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