As Perguntas- Antônio Xerxenesky

Alina, após sua graduação em História, dedica parte de seu tempo às pesquisas sobre religiões ocultistas, além de trabalhar em um escritório como editora de vídeos em uma produtora. Acompanhando a rotina de Alina, vivenciamos a caótica São Paulo do dia a dia, a pressa e o desespero dos paulistas, em meio a edifícios, trânsito, café e fumaça.

Um dia comum no trabalho é interrompido por um telefonema da polícia, que busca a especialista em ocultismo para fornecer informações que possam ser importantes em um misterioso caso. Diversos desaparecidos, em sua maioria de classe média, reaparecem na Avenida Paulista, sem qualquer memória dos ocorridos anteriormente e com nove triângulos tatuados no pescoço. Cansada da monotonia do escritório e aliando sua carreira acadêmica à paixão pelos filmes de terror e suspense, Alina decide encarar o desconhecido de frente e pesquisar a fundo a possível origem da seita responsável pelos desaparecidos.

A partir daí o narrador, que até então utilizava a terceira pessoa durante a escrita, passa a ser a própria Alina e acompanhamos a investigação de seu próprio ponto de vista. Conhecemos então, um pouco do passado da protagonista e o constante aparecimento de sombras e vultos durante sua infância e adolescência. Toda a aventura de Alina pela São Paulo noturna e obscura é acompanhada de diversas referências a filmes e músicas, além de diversos pontos turísticos da cidade.

A sequência narrativa, que até certo ponto do livro pode ser interpretada como lenta, ou até arrastada, torna-se ágil e veloz quando o verdadeiro terror começa, após um ritual satânico e a total transformação da vida de Alina, que afeta não só ela, mas também seus amigos (duvido que você consiga largar o livro depois desse ponto!).   

Como promete o título, o autor nos entrega diversas perguntas que nos angustiam pela curiosidade das respostas e nos prendem até a última página. A edição da Companhia das Letras traz uma diagramação confortável, que deixa a leitura ainda mais rápida, e uma capa chamativa e criativa que emoldura o terceiro romance do premiado autor Antônio Xerxenesky, um presente para qualquer fã do terror nacional e contemporâneo.

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Maria Ferreira

Maria Ferreira é uma mulher negra baiana. É criadora do Clube Impressões, o clube de leitura de livros de ficção do Impressões de Maria, e co-criadora e curadora do Clube Leituras Decoloniais, voltado para a leitura e compartilhamento de reflexões sobre decolonialidade. Também escreve poemas e tem um conto publicado no livro “Vozes Negras” (2019). É formada em Letras-Espanhol pela Universidade Federal de São Paulo. Seus principais interesses estão relacionados com temas que envolvem literatura, feminismo negro e decolonial e discussões sobre raça e gênero. Enxerga a literatura como uma ferramenta essencial para transformar o mundo. 

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