Da boca pra dentro- Yohana Sanfer

Este é o primeiro livro de Yohana Sanfer, prefaciado por Ita Portugal e composto por sessenta e quatro crônicas, todas curtas e de rápida leitura, como é característica do gênero, mas todas profundas e com uma densidade que nos faz refletir sobre a vida, sobre o amor, sobre nossas relações com as pessoas e com o mundo que nos cerca.

Yohana se destrincha, se desnuda, se declara, se entrega. A primeira crônica, intitulada “Genuíno”, começa assim: “Porque é preciso amar. Amar sem medidas, sem arestas, sem porquê. Não esse amar vazio de sentido e de verdade. Amar de mostruário, pronto e fora de alcance. Mas um amar inevitável, extenso, sublime. Livre dos medos e preso na riqueza das pequenas coisas”. E a crônica segue listando as sensações e sentimentos provocadas pelo “amar”.

“O amor constrói e é construção”.(Da crônica “O mais bonito”. p.19)

À la Martha Medeiros, a crônica “Aquele abraço” nos convence que sim, o melhor lugar do mundo para se estar é dentro de um abraço e a autora narra seu abraço inesquecível, aquele abraço coletivo que a derrubou, literalmente, de tanto carinho.

Crônicas que são verdadeiras declarações de amor: “Declarando seus (d)efeitos”, “É terno”, “Só sei, que sei”, “She loves you”, “Artifício mágico”, “Do porquê”.

“É na esquina do teu cuidado que a minha paz se refaz”.(Da crônica “É tenso”. p.40)

Crônicas que são um convite ao amor e ao momento à dois: “Deixa o verão pra mais tarde”, “Das certezas”, “Enamorados”, “Inefável e fim”, “Última cena”, “Conselho”.

Sabe quando você pergunta alguma coisa para alguém e ela responde “não sei” e você só consegue pensar no quanto isso é irritante? Pois então, Yohana escreve sobre isso em sua crônica “Não saber”.

A crônica que dá título ao livro, faz a distinção entre as coisas que são ditas da boca pra fora e as que são ditas “da boca pra dentro”: “Se de um lado, do lado de fora, há o orgulho que cega ou o discurso sem validade, do outro lado, do lado de dentro, há de haver fé, entrega e emoção”.

Na crônica “Segredo delas”, são as avós as homenageadas da vez. São avós que fazem da culinária um paraíso para nós, simples mortais. E Yohana dá a dica: “Quem não tem uma, roube a do amigo. Visite a do vizinho. Há sempre alguma perto de você”.

“Tomara que dê tempo, que não lhe falte amor, que lhe sobre saúde e que você tenha sorte. Que suas dores sejam breves, que seus pesos sejam leves e que a sua vontade de ser feliz seja uma teimosia”.(Da crônica “Tomara”. p.153)

E depois de tantas e tantas crônicas que são verdadeiras poesias vestidas de prosa, encerra nos incentivando a nunca desistir, mesmo com todas as adversidades da vida: “Todo dia, um quase desmoronar. Mas daí vem o sonho e nos puxa pela mão.
Haja coragem na alma pra tanto sentir. Haja coração no peito pra tanto sonhar”.

Não preciso nem que dizer que a leitura é mais do que indicada, né?
E se vocês se interessaram pelo livro e querem comprar, podem fazer isso pelo site que a autora criou para vender os livros de autores nacionais, o Sanfer Livros. Tem em e-book, tem frete grátis e tem promoção. 

 E finalizo com uma imagem do trecho mais compartilhado:


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Maria Ferreira

Maria Ferreira é uma mulher negra baiana. É criadora do Clube Impressões, o clube de leitura de livros de ficção do Impressões de Maria, e co-criadora e curadora do Clube Leituras Decoloniais, voltado para a leitura e compartilhamento de reflexões sobre decolonialidade. Também escreve poemas e tem um conto publicado no livro “Vozes Negras” (2019). É formada em Letras-Espanhol pela Universidade Federal de São Paulo. Seus principais interesses estão relacionados com temas que envolvem literatura, feminismo negro e decolonial e discussões sobre raça e gênero. Enxerga a literatura como uma ferramenta essencial para transformar o mundo. 

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