Diário de Estudos: Tópicos em História, Cultura e Linguagens Afro-Brasileiras (Semana 3)

Mulher da imagem: Mãe Menininha do Gantois

O tema norteador dessa aula foi “A África no Brasil e o Brasil na África”. As leituras sugeridas foram: GURAN, M. Da bricolagem da memória à construção da própria imagem entre os agudás do Benim. Afro-Asia, 28, p. 45-76, 2002 e FERRETI, M. Tambor de Mina e Umbanda: o culto aos caboclos no Maranhão. Jornal do CEUCAB – RS: O triângulo sagrado, Ano III, n. 39 (1996), 40 e 41 (1997).

A aula teve início com a exibição do videoclipe “um corpo no mundo”, de Luedji Luna, que é o clipe oficial dessa música que está no álbum homônimo, seu primeiro, lançado em 2017. No clipe, a artista está na região central da cidade de São Paulo, vestida de branco e na medida em que canta, faz gestos que remetem a um imaginário religioso. Depois de assistirmos ao clipe e discutirmos a seu respeito, percebendo os fluxos entre Brasil e África, já a partir do nome da artista, que é baiana, mas tem nome africano (e também de um dos romances do escritor Pepetela), a questão da travessia evidenciada no verso “Eu sou a minha própria embarcação”, que retoma algo diaspórico, não um local, mas um deslocamento cultural nacional (produções culturais translocais),  assistimos em seguida o documentário “Atlântico Negro – Na Rota dos Orixás”, de Renato Barbieri, que mostra justamente o que tem de África no Brasil e o que tem de Brasil na África, principalmente por meio da religião com os voduns e orixás, que são o vinculo mais forte, mas também as heranças culturais.

Algo muito interessante que aprendi foi sobre a existência dos agudás, que são pessoas do Benim que se entendem brasileiras porque herdaram toda uma cultura dos ex-escravizados que ao fim do período da escravidão voltaram para seu país de origem, levando todo conhecimento e cultura adquiridos no Brasil e não conseguiam, de fato, se encaixar na realidade do país, se destacando pelas roupas que usavam, pelos modos, pelas casas, que eram construídas com uma arquitetura brasileira.

Este é o principal assunto do texto de Milton Guran, que busca responder como que os descendentes de brasileiros e de antigos escravos retornados ao Benim conseguiram manter a identidade mesmo não tendo contato com brasileiros depois de tanto tempo. É um texto que achei muito bom, fácil de ser lido e entendido e que contém muitas imagens.
Já o texto de Mundicarmo Ferreti, que foca mais em explicar sobre o Tambor de Mina no Maranhão e a Umbanda, tive mais dificuldade para entender porque, ao meu ver, porque são religiões que podem ser complexas vistas por quem está de fora e um texto acadêmico não necessariamente vai facilitar o entendimento.

A próxima aula terá como tema norteador “Histórias modernas: o escravagismo e o Atlântico Sul”.
Os textos sugeridos pelo professor são:
BANDECCHI, B. Legislação básica sobre a escravidão no Brasil.Revista de História, v. 44, n. 89, 1972. 
ALENCASTRO, L. F. O trato dos viventes: a formação do Brasil no Atlântico Sul. São Paulo: Companhia das Letras, 2000 (Trechos Selecionados, cap. 1,2, 3, 6 e 7).
PARRON, T. A política da escravidão na era da liberdade: Estados Unidos, Brasil e Cuba, 1787-1846. Tese de Doutorado, São Paulo, USP, 2015. (Ler seguindo o roteiro Introdução I e II e Conclusão I e II).
Criei uma pasta no Drive para disponibilizar os textos indicados para as aulas e textos complementares, de modo que qualquer pessoa com o link possa acessá-los. Essa pasta será alimentada com base na que o professor criou para o curso. A pasta pode ser acessada clicando aqui.

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Maria Ferreira

Maria Ferreira é uma mulher negra baiana. É criadora do Clube Impressões, o clube de leitura de livros de ficção do Impressões de Maria, e co-criadora e curadora do Clube Leituras Decoloniais, voltado para a leitura e compartilhamento de reflexões sobre decolonialidade. Também escreve poemas e tem um conto publicado no livro “Vozes Negras” (2019). É formada em Letras-Espanhol pela Universidade Federal de São Paulo. Seus principais interesses estão relacionados com temas que envolvem literatura, feminismo negro e decolonial e discussões sobre raça e gênero. Enxerga a literatura como uma ferramenta essencial para transformar o mundo. 

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