Diário de leitura Calibã e a Bruxa (Capítulo 1) + Sorteio

Durante os meses de abril e maio, fiz uma leitura conjunta do livro Calibã e a Bruxa: mulheres, corpo e acumulação primitiva, da italiana Silvia Federici, acompanhada da Patrícia, do site Poderoso Resumão. Lemos um capítulo por semana e postamos nossas impressões semanalmente lá no Instagram (@poderosoresumão e @impressoesdemaria).

Nesse meio tempo, também participei das oficinas oferecidas pelo coletivo que traduziu o livro, Coletivo Sycorax, o que me possibilitou um maior entendimento do mesmo e dos temas que o compõem (todos os materiais trabalhados nas oficinas estão disponíveis no site do Coletivo).
Minha ideia aqui é, às terça-feiras, durante cinco semanas, fazer uma exposição mais longa do que foi lido em cada capítulo, mas ainda assim de modo resumido, e no final deste projeto sortear um exemplar do livro (mais informações sobre o sorteio no final desta postagem). Então confira abaixo o diário de leitura referente ao capítulo 1.
Fonte: Site Editora Elefante
Antes do contato com o primeiro capítulo há um sumário, nota das tradutoras, prefácio à edição brasileira, prefácio à edição estadunidense e uma introdução. Nessas partes pré-textuais, o texto está disposto na cor rosa e notas de rodapé em azul. Já no capítulo 1, a cor predominante do texto vai ser o azul, com as notas de rodapé da mesma cor. O rosa aparecerá nas legendas das imagens (no geral, desenhos, gravuras, pinturas).

No primeiro capítulo, intitulado “O mundo precisa de uma sacudida”, a autora detém-se na exposição da relação de classe na Europa Medieval e como as mulheres sofriam com as injustiças praticadas pela corte contra o povo, em um sistema que se baseava na escravidão e exploração dos servos.

A igreja exercia forte influência no comportamento das pessoas e houve uma época em que a prostituição se tornou uma política pública para acabar com os protestos sociais, com a heresia e a homossexualidade. Também houve a descriminalização do estupro, o que resultou em consequências irreversíveis para as mulheres. Surgiram os movimentos milenaristas e heréticos, como uma reação contrária às práticas da Igreja e nestes movimentos havia grande participação das mulheres, justamente porque elas eram as mais prejudicadas. Mas estes dois movimentos são diferentes, porque o movimento herético tinha um programa social: “O desafio dos hereges, porém, era principalmente político, já que desafiar a Igreja pressupunha enfrentar ao mesmo tempo o pilar ideológico do poder feudal, o principal senhor de terras da Europa e uma das instituições que mais contribuía com a exploração cotidiana do campesinato” (p.72).

Algo muito comum era a exposição das mortes e das torturas, porque tinham função pedagógica, para que as pessoas vissem o que aconteceria com elas caso fossem contra ou questionassem a ordem vigente.

Já neste primeiro capítulo é possível perceber, por exemplo, que a violência contra a mulher é algo que tem origem em um passado muito distante, mas infelizmente não é algo superado e continua ainda na atualidade.

O livro é cheio de referências a outros estudos e as notas de rodapé exercem função fundamental para uma compreensão maior dos assuntos.


Como ter acesso ao livro: Comprando no site da editora (Editora Elefante), fazendo o download do arquivo em pdf no site do Coletivo Sycorax ou participando do sorteio de um exemplar.
Para participar do sorteio é preciso:
– Ter endereço para entrega no Brasil;
– Seguir o blog pelo Google Friend Connect (que fica no final deste site);
– Curtir a página do Facebook do Coletivo Sycorax (clicando aqui);
– Comentar, de forma coerente, em todas as postagens deste projeto até o dia 06/08;
– Juntamente com um dos comentários, deixar um e-mail para contato.
O resultado será divulgado no dia 07/08. Desde já agradeço a participação e espero que possamos aprender muito juntos.

Editado no dia 07/08: Resultado do sorteio: a ganhadora foi a Natalia Oliveira.
Muito obrigada pela participação de todas!

8 respostas

  1. Ontem cê falou que ia ter projeto novo e eu já pensei "Caramba, vem coisa boa aí, hein!", mas nem imaginava que seria um diário de leitura!!!!!!
    Uma coisa que tá me incomodando e até não tinha falado pra ninguém (porque fico com vergonha) mas agora acho que é importante botar pra fora é que esse ano eu não tô conseguindo ler nenhum livro! Não sei se é desgaste, cansaço porque ando num momento brabo, mas é uma coisa que tem me deixado pra baixo de verdade.

    Eu li a proposta aí e nem acreditei! Fiquei muito contente porque acho que vai ser uma forma de me fazer retomar o hábito a partir das suas impressões, fora o fato de ser um tema que me interessa bastante também!

    Ansiosa pra que comece, vai ser sucesso! (:

  2. Vou acompanhar as postagens e aprender um pouco mais sobre esse livro até conseguir comprar meu exemplar. (Não consigo ler muito em PDF, gosto do livro físico para poder marcar e fazer anotações kkk)

  3. Pior que depois de todo esse tempo, o mundo ainda precisa de uma sacudida. A introdução deu uma ideia do que esperar, descriminalização do estupro, 😮 ?! Como incomoda ler estes absurdos. O caminho é realmente longo.
    [email protected]

  4. O apanhado histórico que a autora fez nesse livro é incrível. A forma de controlar os corpos das mulheres como força de trabalho, além da imposição da maternidade não foram nada sutis. Se isso fosse algo restrito ao passado, seria uma coisa, mas ainda há quem acredite que violência é pedagógico, como você citou, e isso é bem assustador. Leitura mais que necessária na atualidade!
    [email protected]

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Maria Ferreira

Maria Ferreira é uma mulher negra baiana. É criadora do Clube Impressões, o clube de leitura de livros de ficção do Impressões de Maria, e co-criadora e curadora do Clube Leituras Decoloniais, voltado para a leitura e compartilhamento de reflexões sobre decolonialidade. Também escreve poemas e tem um conto publicado no livro “Vozes Negras” (2019). É formada em Letras-Espanhol pela Universidade Federal de São Paulo. Seus principais interesses estão relacionados com temas que envolvem literatura, feminismo negro e decolonial e discussões sobre raça e gênero. Enxerga a literatura como uma ferramenta essencial para transformar o mundo. 

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