Diário de leitura Calibã e a Bruxa (Capítulo 5)

Postagem referente ao projeto #5SemanasComCalibãeaBruxa, que consiste em um diário de leitura com duração de cinco semanas do livro Calibã e a Bruxa: mulheres, corpo e acumulação primitiva, de Silvia Federici, traduzido pelo Coletivo Sycorax. Portanto, essa é a última postagem do projeto e logo sortearei um exemplar do livro. Para saber como concorrer, basta ler a primeira postagem, na qual tem as regras.

O capítulo 5 é o último do livro, intitulado “Colonização e Cristianização – Calibã e a Bruxa no Novo Mundo”. Nele a autora detém-se mais demoradamente na abordagem da caça às bruxas na América por meio da colonização e da cristianização. Aqui há a inserção de uma nova perseguição que é a dos povos indígenas.

“A caça às bruxas, porém, não destruiu a resistência dos povos colonizados. O vínculo dos índios americanos com a terra, com as religiões locais e com a natureza sobreviveu à perseguição devido principalmente à luta das mulheres, proporcionando uma fonte de resistência anticolonial e anticapitalista durante mais de quinhentos anos” (p.382).

O capítulo faz refletir sobre as influências que a colonização exerceu sobre a cristianização e quais foram seus pontos de contato. Finaliza expondo como está a questão da caça às bruxas na atualidade, principalmente em países africanos, como Nigéria e Quênia.

Fazer essa leitura me permitiu adquirir um conhecimento mais completo sobre o processo de evolução do sistema econômico desde a época medieval, sobre como o capitalismo surgiu e se mantém como um sistema baseado em exploração e nas desigualdades de gênero e raça, fazendo com que sempre haja alguém mais com mais poder econômico.

O mais enriquecedor desta experiência de leitura foi aprender sobre a história das mulheres e suas formas de resistência. Apesar de sermos historicamente perseguidas, acredito que conhecer o passado é fundamental para que possamos modificar o presente, lutando por uma realidade mais justa e igualitária para que um dia possamos viver em um mundo que não temamos por nossas vidas pelo único fato de sermos mulheres. 

Com certeza é um livro que indico muito a leitura. É bastante completo, com notas de rodapé não só da autora, mas também das tradutoras, que ampliam a abordagem do texto. O Coletivo Sycorax, que é composto só por mulheres, fez um ótimo trabalho de tradução e a Editora Elefante foi responsável por uma edição belíssima, colorida, que desde a capa percebemos que houve muito cuidado em sua preparação, todo com bordas arredondadas. 
A 1ª edição do livro tem uma capa com aspecto emborrachado, se não me engano é com acabamento soft touch, que dá a sensação de que estamos tocando em um pêssego. Um verdadeiro prato cheio para os olhos e para a mente.

Como ter acesso ao livro: comprando no site da editora (Editora Elefante), fazendo o download do arquivo em pdf disponibilizado no site do Coletivo Sycorax  ou participando do sorteio que estou promovendo aqui (até o dia 06/08/2018).

4 respostas

  1. É impactante perceber que a caça às bruxas ocorreu em praticamente todo o mundo (e ainda ocorre). Acredito que seja um alerta para que busquemos estratégias para barrar sua repetição, e erradicar seus resquícios. Discutir e refletir sobre o tema é urgente!

  2. Ler seu diário de leitura me fez ficar mais ansiosa pra ler o livro, exelente iniciativa, quando eu acabar, volto aqui pra ver as resenhas de novo, e quem sabe conseguir trocar figurinhas contigo rsrs 🙂

    [email protected]

  3. Este livro é muito interessante. Ele aprofunda em questões que normalmente vemos muito superficialmente, e olhe lá.. Sempre lutando, mas hoje temos mais força e visibilidade.

  4. Como cristã, é muito importante pra mim conhecer mais a fundo como homens deturparam a mensagem de Jesus para fazer mal a tantas pessoas, principalmente às mulheres

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Maria Ferreira

Maria Ferreira é uma mulher negra baiana. É criadora do Clube Impressões, o clube de leitura de livros de ficção do Impressões de Maria, e co-criadora e curadora do Clube Leituras Decoloniais, voltado para a leitura e compartilhamento de reflexões sobre decolonialidade. Também escreve poemas e tem um conto publicado no livro “Vozes Negras” (2019). É formada em Letras-Espanhol pela Universidade Federal de São Paulo. Seus principais interesses estão relacionados com temas que envolvem literatura, feminismo negro e decolonial e discussões sobre raça e gênero. Enxerga a literatura como uma ferramenta essencial para transformar o mundo. 

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