Exposição Ex Africa

Ex Africa é uma exposição que o Centro Cultural Banco do Brasil trouxe para o país e já passou pelo Rio de Janeiro, Belo Horizonte, está em São Paulo até o dia 16/07 e depois seguirá para Brasília.

A curadoria foi feita pelo alemão Alfons Hug, que busca apresentar um panorama da arte contemporânea do continente africano por meio de 18 artistas de países diferentes (Zimbabué, Gana, Nigéria, Senegal, África do Sul, Benin, Angola) e 2 artistas brasileiros diásporicos, Arjan Martins e Dalton Paula, que realizaram estudos no bairro que foi reconstruído por brasileiros que retornaram para a Nigéria após a abolição da escravidão no Brasil. 

A exposição é dividida em quatro grandes áreas temáticas: Ecos da História, Corpos e Retratos, O Drama Urbano e Explosões Musicais. Começando pelo quarto andar e indo até o subsolo, o espectador pode conhecer e ouvir músicas de afrobeat e naijapop, que são gêneros musicais que movimentam a indústria do entretenimento na Nigéria. Neste gênero, há quatro temas recorrentes: “Dinheiro, Poder, Deus e Sexo”, com forte presença de elementos urbanos.
Duas obras que não tirei fotos, mas que podem ser facilmente encontradas na internet, foram da artista nigeriana Nnidi Dike (única mulher da exposição), que por meio de sua instalação “Exchange for Life”, mostra objetos originais que foram utilizados na escravidão e a instalação “Geometry of Passing”, do artista egípcio Youssef Limoud, que busca reconstruir as ruínas da Primavera Árabe por meio de areia e entulhos encontrados na rua, com uma grande riqueza de detalhes. Uma reflexão que está instalação provoca é sobre o quanto temos consciência de que o Egito também é um país africano. 

A instalação dos caixotes, que o espectador já se depara desde quando entra no prédio, intitulado “Non Orientable Paradise Lost” é de autoria do artista de Gana, Ibrahim Mahama. Um amontoado gigantesco com 2 mil caixotes e materiais do cotidiano, como sapatos, tecidos, plástico… Uma instalação que, dentre outros objetivos, busca fazer pensar sobre migração e globalização.

Das obras dos artistas brasileiros, percebe-se que Arjan Martins busca representar por meio de suas pinturas uma temática diaspórica e o tráficos de escravos no Brasil, com forte presença de elementos da religiosidade, enquanto Dalton Paula vai mais no sentido de representar o corpo e a individualidade.

Arjan Martins, Sem título, 2014.
Sequência de quadros de Dalton Paula
Eu não sabia nada sobre a arte contemporânea do continente e agora tive este primeiro contato que me estimulou a buscar mais informações. Apesar de ter gostado muito, também penso que é preciso questionar a razão de haver somente uma artista mulher. Não é possível que não haja mais mulheres produzindo no continente africano. Também fico me perguntando como seria uma exposição dessa magnitude e importância com a curadoria de alguém do continente.

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Maria Ferreira

Maria Ferreira é uma mulher negra baiana. É criadora do Clube Impressões, o clube de leitura de livros de ficção do Impressões de Maria, e co-criadora e curadora do Clube Leituras Decoloniais, voltado para a leitura e compartilhamento de reflexões sobre decolonialidade. Também escreve poemas e tem um conto publicado no livro “Vozes Negras” (2019). É formada em Letras-Espanhol pela Universidade Federal de São Paulo. Seus principais interesses estão relacionados com temas que envolvem literatura, feminismo negro e decolonial e discussões sobre raça e gênero. Enxerga a literatura como uma ferramenta essencial para transformar o mundo. 

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