“Conversation”, Barrigton Watson, 1981 |
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No MASP, as obras estão divididas no primeiro andar, primeiro subsolo e segundo subsolo.
No primeiro andar está o núcleo Mapas e margens com obras que evidenciam o contato direto que teve entre a África e países da América e do Caribe por meio de mapas, navios negreiros, pensando este contato por meio de rotas que formam um triângulo ao se pensar em difrentes momentos históricas e finalidades dessas rotas, ou seja, a rota de troca de produtos, a rota de captura de pessoas para serem escravizadas e a rota de comercialização de matérias-primas.
O termo “fluxos e refluxos”, de Pierre Verger é fundamental para se pensar essas relações entre África e os contatos que tiveram a partir e a retornando-se para ela.
Um artista que está neste núcleo é o ganense Ibrahim Mahana, muito conhecido por reapropriar materias usados e os transformar em arte, que também esteve na exposição “Ex Africa” com sua instalação de mais de 2 mil caixotes. Aqui o artista figura com “Hamida”, uma sucata de lona por cima de sacos de juta, resinificando o uso desses sacos que em Gana são muito utilizados para o transporte de cacau.
“Hamida”, Ibrahim Mahana, 2017. |
Grafite do metrô nº 2, Faith Ringgold, 1987. |
Algo muito marcante do núcleo Cotidiano é um vídeo com três homens negros, Ad Junior, Edu Carvalho e Spartakus Santiago, no qual eles dão dicas de como homens negros devem se portar, principalmente pensando na realidade de intervenção militar no Rio de Janeiro.
Chama atenção no núcleo Ritos e Ritmos a presença de fotografias e uma delas é de Carlos Vergara, datada de 1972, da série “Carnaval”, em que vemos três homens negros com a palavra “poder” escrita em seus corpos:
Série “Carnaval”, Carlos vergara, 1972. |
No núcleo Retratos há 66 deles das mais diversas pessoas. Chama atenção o quadro “Baiana”, do século XIX, que não se sabe quem pintou nem quem é a mulher da pintura, mas vê-se a figura de uma mulher que apesar de seus ombros caídos, está vestida e adornada de um modo bastante distintivo.
“Baiana”, autor desconhecido, século 19 |
Nesse núcleo estão presentes os retratos pintados por Dalton Paula, que foram feitos exclusivamente para a exposição e retratam dois líderes negros importantes do século 19, Zeferina e João de Deus Nascimento, a primeira tem origem angolana, foi trazida para o Brasil para ser escravizada quando ainda era criança e ajudou a criar o Quilombo do Urubu, em Salvador e o segundo, baiano, filho de mãe forra, foi alfaiate e nome importante na Conjuração dos Alfaiates, também conhecida como Revolta dos Búzios.
“João de Deus Nascimento”, Dalton Paula, 2018 |
“Zeferina”, Dalton Paula, 2018 |
O primeiro subsolo, o menor dos três espaços, é uma sala na qual está o núcleo Modernismos Afro-Atlânticos com quadros de pinturas mais abstratas.
“Iemanjá II”, Adsoleda dos Santos, 2015 |
Já no Instituto Tomie Ohtake antes de se entrar nas salas tem uma grande linha do tempo que tem início com a escravidão moderna e fim com o execução da vereadora Marielle Franco.
A exposição está dividida em duas grandes salas, sendo a primeira delas voltada para o núcleo Emancipações, que expõe imagens sobre a escravidão em sua mais variada forma, evidenciando o caráter de resistência desde antes dos capturados pisarem em solo americano. Nessa sala vão aparecer trabalhos que evidenciaram a luta pelos direitos civis no Estados Unidos.
Um nome que chama atenção é Sidney Amaral, que tem mais de um trabalho nessa sala e um deles é a reunião de cinco desenhos em aquarela que juntos formam um quadro maior:
“Incômodo”, Sidney Amaral, 2014 |
“Mãe Preta ou A Fúria de Iansã”, Sidney Amaral, 2009-14 |
Cena do filme “Cristo Rey”, 2013 |
Ativismos e Resistências é então último núcleo, no qual a abordagem é de caráter mais notadamente político e atual.
Uma resposta
Que exposições assim sejam cada vez mais frequentes. Essa semana fui ao CCBB daqui do Rio ver a do Basquiat, foi uma das melhores coisas que fiz esse ano… saí de lá diferente.