Fragmentos de uma mente em construção- Maurício Nunes

Este livro foi publicado em 2012 e reúne um grande número das crônicas publicadas semanalmente no jornal Metrô News, de São Paulo.
A introdução recebe o título de “A Toca do Lobo Mau” e  nela o autor relembra o mito da Caverna, de Platão e com isso já vemos anunciado que seu livro irá ser um incentivo a nos arriscarmos e experimentarmos o novo.

Maurício Nunes é um artista múltiplo e plural e essa plularidade reflete em suas crônicas, que tratam de assuntos diversificados, passando pelo mundo da Música, do Cinema, da Literatura e também dos sentimentos humanos. No meio de tudo isso, ainda promove a reflexão a cerca de como a sociedade esta cada vez mas alienada e de como os valores estão invertidos. Não obstante, faz uso de uma ironia afiada e não se intimida quando tem que fazer alguma crítica, pois todas elas são bem fundamentadas.

Das crônicas que mais gostei, destaco “A difícil arte de escrever”, em que o autor fala sobre sua sempre companhia: um livro; e dos benefícios trazidos por ele, como também de como o processo de escrita  é muita trasnpiração e pouca inspiração. Também destaco o seguinte trecho: “No fundo todos nós somos anjos de uma asa e só conseguimos voar quando abraçados.  A busca confusa é que nos deixa em solo. A nossa eterna miopia para o verdadeiro amor gritando ali do nosso lado. Quem a gente ama e quem ama a gente nunca são a mesma pessoa, porque nós não notamos”. Esse trecho está na crônica “O que as mulheres querem?”. Nela, o autor diz que as mulheres querem viver um amor de cinema, mas as suas escolhas demonstram o contrário. Achei que o autor generalizou nessa afirmação e não concordo com ele, mas o trecho me toca de uma forma especial.

Antes do início de cada crônica há uma ilustração e um trecho do texto que se seguirá, sendo essa ilustração em uma página de cor preta e as letras do trecho destacado em cor branca. No final de cada crônica há a mesma ilustração do início. As páginas são brancas, com letras em um bom tamanho e bom espaçamento. A capa chama bastante a atenção por ser ilustrada com caricaturas de grandes personalidades, os mesmos desenhos da capa se repetem no decorrer do livro.

Para quem gosta de livros instigantes, com uma boa mescla de assuntos e de questionamentos, o livro certamente irá agradar.

6 respostas

  1. Como gosto de crônicas, a obra me interessou. O fato de trazer assuntos variados também é um ponto positivo, principalmente se isso é trabalhado de maneira crítica.
    Ademais, a diagramação também me chamou a atenção; dá um charme a mais para a obra.
    Ótima resenha. Quero conferir o livro.

    Desbrava(dores) de livros – Participe do top comentarista de fevereiro. Serão dois vencedores!

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Maria Ferreira

Maria Ferreira é uma mulher negra baiana. É criadora do Clube Impressões, o clube de leitura de livros de ficção do Impressões de Maria, e co-criadora e curadora do Clube Leituras Decoloniais, voltado para a leitura e compartilhamento de reflexões sobre decolonialidade. Também escreve poemas e tem um conto publicado no livro “Vozes Negras” (2019). É formada em Letras-Espanhol pela Universidade Federal de São Paulo. Seus principais interesses estão relacionados com temas que envolvem literatura, feminismo negro e decolonial e discussões sobre raça e gênero. Enxerga a literatura como uma ferramenta essencial para transformar o mundo. 

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