“Gente legal está em todo lugar”: um livro infantil de Alice Walker para todas as idades

Gente legal está em todo lugar é um livro infantil escrito por Alice Walker, com ilustrações de Quim Torres, traduzido por Nina Rizzi e publicado pela Editora José Olympio. Alice Walker é uma mulher negra, norte-americana e ativista que luta contra a desigualdade social e a pobreza. Ela possui várias obras publicadas, dentre elas A cor púrpura, a qual foi premiada em 1983, com o Prêmio Pulitzer em ficção e o National Book Award.

O poema que compõe o livro é dedicado a Byron, um jovem músico de aproximadamente 19 anos, que ficou hospedado com a autora durante um tempo, antes de iniciar uma viagem a China. Byron estava nervoso, pois nunca havia saído de seu país (Estados Unidos). Através de seu poema, Alice Walker demonstra que não importa o lugar para onde você vá, as pessoas ainda serão parecidas com você de alguma forma, ou seja, existem indivíduos incríveis em todo lugar. Assim, ela queria que Byron vivesse a experiência por completo e conhecesse culturas diferentes da dele, porém livre de preconceitos.

O livro traz 37 países diferentes e cada um deles é representado por uma ilustração. Nelas podemos ver características desses locais, como por exemplo, na página dedicada a Islândia, onde manifestam-se as cores da aurora boreal. Mais à frente, aprendemos que em alguns países da Ásia existe o costume de usar bicicletas como meio de locomoção. No Quênia somos apresentados ao “bano”, conhecido no Brasil como bolinha de gude, e nas páginas reservadas a Israel e Palestina, vemos um jogo de futebol, forma utilizada por diversos grupos para que essas crianças se conheçam.

Gente legal está em todo lugar é indicado ao público infantil, mas encanta pessoas de todas as idades e nos ensina a importância da empatia. As ilustrações estimulam a imaginação do leitor, contribuindo com referências culturais de cada local que aborda, ajudando também na desconstrução de alguns estereótipos. É um livro que traz fragmentos da cultura de cada país, mostrando que apesar das diferenças de clima, idioma e costumes, sempre podemos encontrar indivíduos que amam, brincam, choram e demonstram seus sentimentos como qualquer outro.

No final, encontramos uma entrevista com a autora que conta um pouco sobre sua trajetória e relembra momentos de sua infância, conforme vemos a seguir: “Minha mãe diz que quando eu estava engatinhando escrevia na terra com um graveto”. Alice Walker relaciona alguns desses relatos com o surgimento de seu interesse pela escrita e também fala sobre suas viagens, suas lutas como ativista e ainda deixa uma mensagem para todos os leitores do livro.

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Maria Ferreira

Maria Ferreira é uma mulher negra baiana. É criadora do Clube Impressões, o clube de leitura de livros de ficção do Impressões de Maria, e co-criadora e curadora do Clube Leituras Decoloniais, voltado para a leitura e compartilhamento de reflexões sobre decolonialidade. Também escreve poemas e tem um conto publicado no livro “Vozes Negras” (2019). É formada em Letras-Espanhol pela Universidade Federal de São Paulo. Seus principais interesses estão relacionados com temas que envolvem literatura, feminismo negro e decolonial e discussões sobre raça e gênero. Enxerga a literatura como uma ferramenta essencial para transformar o mundo. 

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