Lavínia e a Magia Proibida- Lucinei M. Campos

Lavínia e a Magia Proibida é o segundo livro do autor Lucinei Campos, publicado de forma independente e lançado na Bienal do Rio, em setembro de 2015. Seu primeiro livro é Lavínia e a Árvore dos Tempos, no qual conhecemos Lavínia, uma menininha de nove, quase dez anos, que é perseguida na escola e tem um único amigo, Léo, com quem passa as tardes e divide suas aventuras ao ganhar uma fada homem e rabugenta chamada Lorivaldo.

Nesse segundo livro, Lavínia está com dez, quase onze anos, ainda tem um único amigo e sua fada rabugenta, mas a menininha já não é mais aquela garotinha despreocupada em relação à vaidade do ano anterior. Começa a aparecer os primeiros sinais da vaidade feminina, sinais esses provocados pelas marrentinhas, as meninas que pertubam Lavínia na escola, e os efeitos causados é fazer com que Lavínia passe a se perguntar o motivo de ser tão pouco feminina. Além dessa mudança nos pensamentos da garota, Alexandre, um colega de sua classe, passa a falar com ela e isso lhe surpreende, porque ninguém nunca fala com ela. No campo escolar ainda, Lavínia tem que lidar com a inconformidade de não poder mostrar para seus colegas quem ela realmente é, não poder mostrar sua fada e não poder falar das muitas aventuras que vivem juntos.

Não bastando todos esses pensamentos que permeiam a cabecinha de nossa protagonista, ela ainda tem que lidar com o irmão do mal de sua fada, Kaus, que quer o seu sangue e não mede esforços para alcançar seu objetivo. Lavínia está novamente em perigo de vida e só sua fada e os elementais, seres mágicos que fazem  sua proteção, não serão suficientes para garantir seu bem-estar.
A chegada de muitos ilegálgicos, seres pouco quistos no mundo mágico, começa a preocupar e quando se descobre que Kaus está recrutando esses seres para ajudá-lo em seus planos, Lavínia já está no meio de uma disputa que não trará bons resultados. Mas Lavínia é muito querida e ao longo dessa aventura, amadurece e torna-se  cada vez mais critíca. É um processo difícil e doloroso, mas com as novas amizades e com o apoio de sua fada e de Léo, ela aprenderá muito com as experiências vividas.

O livro é uma continuação do primeiro, mas quem quiser se aventurar pelo mundo da Lavínia por esse, pode fazer sem medo porque muitos fatos ocorridos no primeiro são brevemente retomados e assim, familiariza o leitor que está fazendo o primeiro contato, além de que refresca a memória de quem já leu o primeiro.

Mais uma vez, Lucinei Campos nos presenteia com uma obra eminentemente nacional e originalidade é o que não falta: onde mais encontraríamos uma luta entre Snoop e Darth Vader? Onde mais encontraríamos a quebra do conceito de gênero ao inserir uma fada  homem na narrativa? Onde mais se tem a Copa do Mundo que aconteceu no Brasil como pano de fundo importante para o desenrolar das ações? E o autor vai além com sua forma de narrar, que mais parece uma conversa na qual estamos frente a frente com o ele, sem deixar de lado seu humor irônico e sarcástico.

Em relação a parte física, novamente a capa, a cor das folhas e o tamanho das letras foram muito bem escolhidas. A diagramação me surpreendeu: na parte inferior de cada página há o desenho de um galho de árvore com um pergaminho na ponta e no início de cada capítulo se encontra um desenho que tem relação com ele. Fiquei encantada com isso. São pequenos detalhes, mas que cooperam para uma experiência de leitura mais agradável e demonstram uma preocupação em agradar o leitor. Encontrei alguns errinhos que a revisão deixou passar, mas nada que atrapalhe a leitura.

Além de tudo isso, o livro não se esgota nele mesmo, é cheio de referências e alusões, desenrolando sutilmente diante de nossos olhos uma nova perspectiva. Mais do que indico a leitura e aguardo ansiosamente pela continuação.

11 respostas

  1. Que história fofa!! Quando eu leio resenhas sobre livro infantojuvenis eu sinto a maior nostalgia…fico lembrando das leituras que fazia! Dos livros da Coleção Vaga-lume, dos Livros do Pedro Bandeira, dos almanaques da Turma da Monica…ô tempo bom!
    Não conhecia a autora e nem o livro, mas achei interessante as referências! Eu não leio mais livros desse gênero, mas tenho dois sobrinhos e estou sempre comprando livros para eles…essa é uma ótima opção! 🙂

    Beijo
    – Tamires
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  2. Oi Maria.

    Eu tenho que agradecer mais uma vez por você ter me apresentado à escrita do Lucinei, ele é maravilhoso! Adorei a resenha e assim que tiver um dinheirinho vou entrar em contato com ele para adquirir o meu exemplar e continuar curtindo essa história que tanto amei. 😀 😀 Bjoks da Gica.

    umaleitoraaquariana.blogspot.com

  3. Maria, você é a minha maior inspiração no que se diz respeito de blogueiros literários. Adoro como você sai da linha de conforto de ler "bestsellers" ou livros que possuem uma base forte de marketing editorial, buscando autores independentes e, melhor ainda, NACIONAIS!

    Mais uma vez, uma ótima resenha!

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Maria Ferreira

Maria Ferreira é uma mulher negra baiana. É criadora do Clube Impressões, o clube de leitura de livros de ficção do Impressões de Maria, e co-criadora e curadora do Clube Leituras Decoloniais, voltado para a leitura e compartilhamento de reflexões sobre decolonialidade. Também escreve poemas e tem um conto publicado no livro “Vozes Negras” (2019). É formada em Letras-Espanhol pela Universidade Federal de São Paulo. Seus principais interesses estão relacionados com temas que envolvem literatura, feminismo negro e decolonial e discussões sobre raça e gênero. Enxerga a literatura como uma ferramenta essencial para transformar o mundo. 

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