Livro Recusado


Todos nós já tivemos nossos textos recusados por uma editora tradicional. É muito bom saber das alternativas práticas oferecidas por uma editora por demanda, mas é claro que todos nós também queríamos que uma grande editora acolhesse nossas obras para enfim podermos contar com uma ampla estratégia de marketing, publicação e distribuição, mesmo com os direitos autorais tão reduzidos.
Eu mesmo tive muitas cartas de recusa. Algumas nem se preocuparam em me responder. Eu até entendo, pelo fato do escritório receber diariamente dezenas de encadernações por correio, além de uma infinidade de arquivos virtuais.
Vamos listar alguns motivos notáveis da editora recusar uma obra. Talvez você se identifique com alguns desses itens:
1- A Editora não pediu nada
Isso acontece constantemente. Existe uma época em que a editora “abre a porteira” para um número limitado de obras e depois se fecha. É o período de análise e filtragem do que recebeu. Fique esperto no momento em que eles pedirem.
2- A Editora não Publica obras de Autores Iniciantes
Observe a linha editorial da sua futura aliada literária. Existem editoras que publicam mais da metade da lista só de publicações estrangeiras. Cuidado também para não mandar um romance para uma editora que somente publica livros técnicos ou religiosos. Além de gafe, demonstra total desconhecimento.
3- O Autor não Obedeceu as Normas da Editora
Se a Editora pedir impresso, mande-o impresso. Se a Editora pedir em arquivo digital em Word, fonte Arial, tamanho 12, numerado, em letras pretas sem negrito, nem itálico, mande-o dessa forma exigida. É nesse momento que a obra passa pela primeira filtragem. E eles descartam sem dó.
4- O Gênero é Chato
Raramente uma editora irá publicar e distribuir um livro de poesias, ou trovas, ou crônicas, ou qualquer texto de ótica mais pessoal do autor. Não que elas sejam ruins, só que elas não têm apelo comercial e são mais adequadas para um lote limitado em um determinado evento restrito.
5- Péssima Apresentação
É o pouco momento que o autor tem para se apresentar junto com o seu texto. Muitos não são práticos nem claros o suficiente no decorrer das linhas, fazendo o editor nem mesmo terminar de ler a carta.
Seja franco e objetivo na sua apresentação e na sinopse da obra. Se ficar fazendo firula de que “a obra vai revolucionar o mercado literário”, a carta será picotada.
6- Erros Ortográficos
Isso é terrível, inadmissível e imperdoável! Um escritor é um profissional que trabalha com as palavras. É claro que erros todos nós podemos cometer, assim como um cantor pode desafinar, um desenhista errar um traço ou um músico errar uma nota. Mas preste atenção: Na medida que lemos e escrevemos, ganhamos intimidade com as palavras e com isso, nossos errinhos são quase nulos com o passar da prática.
Muito cuidado para não errar feio na sua primeira impressão.

É claro que não é só isso. Mas esses são os mais destacados. O resto você vai desenvolvendo e também descobrindo nas demais postagens anteriores. Boa sorte!


Leo Vieira é escritor acadêmico; ator; professor; Comendador; Delegado Cultural, Bacharel, Mestre e Doutor em Teologia e Doutor em Literatura.

9 respostas

  1. Adorei a postagem… Mas a questão dos erros ortográficos é relativa – raríssimo encontrar livros sem erros, inclusive de editoras renomadas.
    Acho que o Brasil peca na questão da revisão ortográfica, o que é muito triste e isso sim, INADMISSÍVEL.
    Beijos

    Meu Meio Devaneio

  2. Eu escrevi meu primeiro livro aos onze anos, e achei que estava uma maravilha. Mandei para uma editora, toda feliz, e recebi um não… Eu tinha onze anos, então nem liguei muito. Mas hoje, escrevendo com afinco e fazendo disso uma meta, já me deu até um frio na barriga. Mas eu acredito que alguém ainda há de me dizer um sim 😀

    Beijos, Luu
    http://degradeinvisivel.blogspot.com.br

  3. Ótimas dicas. Eu mesma não fazia idéia de que certas editoras só recebem originais durante um certo período de tempo. Para mim, todas elas recebiam durante o ano inteiro.

    flyingwhisper.blogspot.com.br

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Maria Ferreira

Maria Ferreira é uma mulher negra baiana. É criadora do Clube Impressões, o clube de leitura de livros de ficção do Impressões de Maria, e co-criadora e curadora do Clube Leituras Decoloniais, voltado para a leitura e compartilhamento de reflexões sobre decolonialidade. Também escreve poemas e tem um conto publicado no livro “Vozes Negras” (2019). É formada em Letras-Espanhol pela Universidade Federal de São Paulo. Seus principais interesses estão relacionados com temas que envolvem literatura, feminismo negro e decolonial e discussões sobre raça e gênero. Enxerga a literatura como uma ferramenta essencial para transformar o mundo. 

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