Nocaute- Anderson Fernandes e Débora Kaoru

Este é o segundo livro dos autores jornalistas, sendo o primeiro “Entre quatro poderes”, escrito com mais dois colegas.
Neste, o protagonista é Antônio, uma criança que já nasceu sem estrutura familiar. Sua mãe era menor de idade e morreu no parto, o pai era um traficante que foi morto e os avós não queriam saber do neto, restando somente um tio, que ele perdeu aos cinco anos de idade.

Sendo órfão, foi posto em um orfanato, onde teve que aprender a se defender para que os outros não abusassem dele, o que o fez receber o apelido de Pitbull por estar sempre metido em brigas e ser temido pelos demais garotos, o que acabava dando muito trabalho para os funcionários do orfanato e resultou em o mandarem, com doze anos, para a Cracolândia.

Pitbull vive por um tempo nesse cenário do mundo das drogas trabalhando para o dono do lugar, mas é preso em uma emboscada e mandado para um reformatório, onde conhece o casal Marcos e Cláudia, que faziam trabalho voluntário com os infratores. Incrédulo da bondade das pessoas, no início Pitbull demonstra muita resistência ao trabalho do casal, mas quando percebe que eles querem ajudá-lo de verdade, permite abrir-se. A partir de então, com a prática de esporte, artes marcias mais especificamente, o garoto encontra uma forma de superar suas limitações. É assim que Antônio Silva, contraria todas as imposições sociais e tem oportunidade de mudar seu futuro.

“Em uma sociedade marcada pela extrema desigualdade social, as populações pobres e negras são as mais vulneráveis às violações de direitos humanos, sendo que as mais graves violações se dão justamente na infância e adolescência e que resultam em consequências muitas vezes irreversíveis”. (p.36-37)

O livro põe em debate questões sociais e polêmicas, como a diminuição do maioridade penal,  que estava sendo discutida há um tempo atrás, o papel do ECA, importância dos trabalhos sociais com adolescentes infratores e discriminação racial. Desse modo. é um livro que certamente faz o leitor refletir seus posicionamentos sobre a Educação e o Esporte, ferramentas capazes de transformar a vida de uma pessoa.

“Uma vida inteira erguendo muros para esconder seus pontos francos e um segundo para tudo desmoronar”. (p.105)

Num geral, gostei muito do livro por toda reflexão que ele provoca. Achei alguns diálogos, pouco verossímeis. A narrativa feita com uma  linguagem jornalística acabou formalizando muito a história, mas por outro lado, esse tipo de narrativa fez com a leitura fosse mais direta.

21 respostas

  1. Apesar de ter adorado a trama, fiquei bem interessada nessa mensagem que o livro traz, acho que a escrita direta e formal me incomodaria um pouco…
    Nunca ouvi falar no livro, mas se eu tiver a oportunidade um dia, vou procurar por ele.

    Virando Amor

  2. Olá
    Eu desconhecia a obra em questão, mas confesso que fiquei um pouco curioso pois gosto del votos que nos traga reflexões e cosias assim do tipo. É uma pena a escrita ser tão assim Jornalística. Sobre o trabalho gráfico eu tenho que dizer que a capa está uma cosia linda rsrs, a editora sempre arrasa. Até mais vê
    Bjks

  3. Olá
    Eu também já li esse livro e gostei justamente por conta das questões sociais, e que fazem o leitor pensar bastante. Gostei de ler suas impressõesa respeito, pois me identifico muito com o que você pensa. Sempre recomendo muito essa obra por conta das mensagens. Vale a pena conhecer!
    Beijos, Fer
    http://www.segredosemlivros.com

  4. Oie…
    Adorei sua resenha!
    O livro tem uma premissa muito interessante e por ultimamente estar lendo tantos romances fofos eu meio que me interessei nessa obra, pois, estou mesmo precisando de uma leitura mais real e com assuntos polêmicos e atuais.
    Preciso ler…
    Beijos

  5. Oii!
    Ainda não conhecia esse livro, mas como sou jornalista por formação, fiquei bem interessada com a proposta.
    Achei a temática incrível e muito bem colocada. É muito importante que haja debate sobre esses temas como maioridade penal, orfanatos e reabilitações. A maior parte da população enfrenta problemas sérios familiares que desencadeiam problemas ainda maiores e falar disso na literatura e abertamente já é uma ótima forma de tentar começar a melhorar as coisas.
    Por outro lado, também acho que uma linguagem jornalística talvez deva ter deixado a narrativa um pouco mais formal mesmo. Quem sabe se puxasse um pouco mais para a literatura o livro atingisse mais pessoas?
    Enfim, obrigada pela dica! 🙂
    Beijos!

    http://www.beyondbluedoors.com

  6. O livro trás ou fala sobre assuntos importantes e que deveriam ser discutidos diariamente e com seriedade. Esporte e educação são duas ferramentas importantes para a mudança e melhoria de um país.
    Bjs

  7. Não conhecia a obra ainda, mas confesso que fiquei interessada por saber que trata sobre a maioridade penal, confesso que é um assunto que eu não tenho uma opinião definitiva formada. Adorei sua resenha, quero conferir a obra, mesmo os diálogos sendo mais jornalísticos como você disse.
    beijos
    http://www.apenasumvicio.com

  8. Oi!

    Tenho muita vontade de conhecer esse livro, devido a essa parte mais formal e sobre o assunto abordado. É sempre bom ler sobre questões sociais e pertinentes que rondam a sociedade, até para a gente ter mais conhecimento e formar opiniões. Sua resenha reforçou que eu devo fazer a leitura logo.

    beijos =)

  9. Oi Maria, tudo bem?
    Nunca tinha ouvido falar desse livro e me parece ser uma história bem impactante, visto que o Pitbull é órfão, é mandado para a Cracolândia e vai preso. Deve ser difícil perceber toda essa trajetória do personagem e as dificuldades enfrentadas e estou ansiosa para ver como um casal irá mudar a perspectiva dele sobre a bondade e como o esporte irá influenciar a sua vida. Espero muito ler um dia, apesar de me incomodar um pouco com livros de linguagem jornalística, me parece ser um livro bem real e intenso.

    Beijos! ♥

  10. Olá!
    Ainda não conhecia esse livro, mas achei bem interessante a forma como a história parece acontecer e as reflexões que o livro traz. Achei legal abordar questões que estão em alta e sendo discutidas. É uma pena que os diálogos tenham sido pouco verossímeis.
    Vou anotar a dica, mas não será uma leitura que farei de imediato.
    Beijos

  11. Tenho Entre quatro poderes mas ainda não li. Fiquei com um pouco de receio de ler esse livro por conta dos diálogos pouco críveis e dessa questão da linguagem jornalística formalizando a história, isso atrapalharia bastante meu envolvimento com o enredo. A parte legal é que faz refletir, mas provavelmente eu não leria.

  12. Helloo, tudo numa nice?!
    Eu acredito já ter visto esse livro por aí, mas nunca dei muita ligança porque achei a capa bem blargh e eu ainda gosto de livros com capas muito bonitas. Mas ainda bem que pela sua resenha a estória me convenceu. Fiquei curiosa com a vida desse órfão e tudo que precisa fazer para mudar sua vida e seguir em frente. Apesar da formalidade do texto acredito que de certa forma o livro seja tocante.
    Ótima resenha.
    Beijin…

  13. Oi
    Apesar de ser um livro interessante, que trata de assuntos importantes, ele não me atraiu no momento.
    Acho que o fato de ter uma linguagem mais formal pode limitar o acesso dos leitores também.
    Mesmo assim, anotei a dica para ler em outro momento.
    Beijinhos
    Rizia – Livroterapias

  14. Oi Maria, lendo sua resenha fiquei imaginando como deve ser difícil crescer em um orfanato. Com certeza Pitbull fez o que podia para se defender e gostei do apelido que ganhou. Vou procurara saber mais sobre o livro, dica anotada! Arbaços

  15. Olá!
    Não conhecia ainda esse livro, mas achei muito importante trazer em cena a situação dessa criança e debater sobre questões sociais e situações de saúde pública, além de demonstrar a importÂncia da educação na formação de uma criança.
    Beijos.

  16. Olá, tudo bem?

    Confesso que mesmo tua resenha me chamando atenção, a capa me deu um certo tipo de bloqueio quanto a história. Sei que não se pode julgar um conteúdo pela aparência mas comigo, é a primeira impressão que fica!

    A historia em si é bastante intrigante e sua resenha ficou muito bacana. Hoje deixo a dica passar (:

  17. Oie
    Eu tenho esse livro em casa na verdade é do meu irmão porém ainda não fiz a leitura gosto de livros que nos fazem pensar e nos colocar no lugar do próximo, traz a tona questões que precisam ser discutidas abertamente pela sociedade e não só atender a demanda/pedido da maioria.
    Enfim adorei a resenha espero arranjar uma folga para fazer a leitura e tirar proveito assim como você.
    Bju
    Mary Reis

  18. Oi, tudo bem?
    Eu não conhecia esse livro e apesar dele não ser do tipo que costumo ler, eu fiquei bem animada e curiosa. Acho bacana obras que retratem temas importantes como essa e imagino que deve causar várias reflexões acompanhar o livro. Enfim, eu vou marcar a dica e espero ler algum dia.

    Beijos :*

  19. Olá Maria =)
    Já tinha visto esse livro mas não tinha me atraído por ele. Mas agora lendo sua resenha vejo que ele apresenta ser interessante. Acho importa lermos, refletimos e conversamos sobre assuntos polêmicos. Pois assim criamos nossa opinião e fazemos melhores escolhas. E ficar por dentro desses assunto além de poder ajudar ao fazer uma prova ou escrever uma redação, nos faz ter assuntos para conversa com as pessoas. Vou anotar a dica. Beijos'

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Maria Ferreira

Maria Ferreira é uma mulher negra baiana. É criadora do Clube Impressões, o clube de leitura de livros de ficção do Impressões de Maria, e co-criadora e curadora do Clube Leituras Decoloniais, voltado para a leitura e compartilhamento de reflexões sobre decolonialidade. Também escreve poemas e tem um conto publicado no livro “Vozes Negras” (2019). É formada em Letras-Espanhol pela Universidade Federal de São Paulo. Seus principais interesses estão relacionados com temas que envolvem literatura, feminismo negro e decolonial e discussões sobre raça e gênero. Enxerga a literatura como uma ferramenta essencial para transformar o mundo. 

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