As imagens que criamos sobre determinada pessoa ou determinado povo, diz muito sobre nós. Emitimos juízos de valor, julgamos, sem antes refletir sobre o fato de que o outro pode ser apenas diferente, não necessariamente inferior. Acreditamos em imagens que não são reais ou verdadeiras só porque é o senso comum, sem nos questionarmos se de fato aquela imagem corresponde à realidade. É essa reflexão que Chimamanda Ngozi Adichie suscitou em sua primeira palestra proferida no TED Talk, em 2009, uma das mais acessadas da plataforma, dez anos depois editado em formato de livro pela Companhia das Letras, com tradução de Julia Romeu.
Em seu discurso Chimamanda conta como foi uma garota nigeriana que tinha como referências as histórias americanas e britânicas e que por isso, em suas histórias infantis, seus personagens eram brancos de olhos azuis. Também relata que quando foi fazer faculdade nos Estados Unidos, sua colega de quarto tinha em mente uma imagem de pessoa africana a qual Chimamanda não correspondia.
Ao mesmo tempo que traz relatos sobre as histórias que identificou, também nos indica autores que admira, tais como Chinua Achebe e Alice Walker e expressa o quanto a Literatura, principalmente a africana, foi um dos meios que a fizeram enxergar as diferenças.
O perigo de uma história única é um pequeno grande livro. Uma verdadeira aula que nos faz refletir sobre as imagens que criamos e acreditados sobre quem é diferente de nós.