Depois de organizar Por uma revolução antirracista: uma antologia de textos dos Panteras Negras (1968-1971), editado em 2018, publicar Levante (2020, Jandaíra), livro de poemas, e o romance experimental Uma temporada no inferno (2022, Editora Malê), o escritor e professor universitário Henrique Marques Samyn retorna com o sucinto e fluido Os Panteras Negras: uma introdução (2023, Jandaíra), que como o subtítulo já indica, nos promete apresentar a história desse partido tão importante e influente.
Aos que porventura ainda desconhecem os Panteras Negras, eles foram um partido anticapitalista estadunidense – mas de pretensões internacionais – que visavam, grosso modo, o bem estar não só da população negra, seu grande foco, mas de outros grupos não brancos ou oprimidos. Para tanto, se valeram de um projeto extremamente organizado no qual buscavam – e muitas vezes ofertavam – para o seu povo uma educação de qualidade, saúde pública, assistência social, direito à moradia, acesso à cultura, autodefesa e muito mais. Contudo, em um contexto onde os conflitos raciais e a busca pelos direitos civis estavam fervilhando, os Panteras Negras foram tidos pelos Estados Unidos como um grande problema a ser resolvido.
Em Os Panteras Negras: uma introdução, Samyn se propõe a fazer um apanhado básico de boa parte da trajetória do grupo. Em capítulos curtos, que estão mais para breves comentários do que qualquer outra coisa, o autor vai nos contando a respeito de diversos fatos e episódios importantes em torno do partido. Assim, conhecemos alguns de seus maiores personagens, descobrimos que a relação de certos nomes mais famosos associados a eles era bem mais frouxa do que sempre acreditamos – mas nem por isso menos séria ou relevante – e temos um vislumbre dos acontecimentos que ajudaram a cravar os Panteras Negras na história.
De leitura fácil, o livro é daqueles em quem em uma, no máximo duas sentadas, a gente dá conta. E para um trabalho de caráter puramente introdutório, isso nos parece bastante interessante. Sobretudo, por sua leitura não ser nada maçante. Samyn vai no ponto, conseguindo tanto matar a curiosidade de quem quer saber pelo menos um pouco sobre o partido como aguçar o interesse daqueles que se sentem seduzidos por ele. E embora essa talvez não tenha sido a intenção do autor, é muito palpável a possibilidade de tratar esta pequena obra como uma espécie de livro de referência. Os títulos de cada capítulo são bem diretos e objetivos, facilitando a localização de assuntos que, por conta do bom trabalho de Samyn, nos dá pistas do que procurar a respeito de algum capítulo ou personagem da história dos Panteras Negras. A propósito, há ao fim do trabalho uma bibliografia sugerida que só enriquece esse breve manual.
Por fim, só nos basta dizer que Henrique Marques Samyn foi muito feliz com a sua proposta para Os Panteras Negras: uma introdução. Como deixa claro logo no início do livro, tudo o que o queria era “oferecer uma brevíssima introdução à trajetória do Partido Pantera Negra, às suas perspectivas políticas e ao seu legado”. Exatamente o que alcança com esse trabalho que, apesar de simples, sem dúvida alguma se mostra uma contribuição bastante interessante para quem quer começar a conhecer a história do povo negro ao redor do mundo.