Pílulas azuis- Frederik Peeters

Esta é uma HQ autobiográfica em que o autor suíço, Frederik Peeters, retrata seu relacionamento com Cati, uma mulher soropositiva.

A história começa com ele narrando a primeira vez a viu, ainda adolescente, e  todas as vezes que se viram depois, quando, já adultos, num desses encontros, Cati lhe conta que casou, que teve um filho, mas que está separada. Com o decorrer do tempo, vão ficando cada vez mais próximos até que, antes de iniciarem um relacionamento de fato, ela lhe revela que é portadora do vírus HIV e que seu filho também, esperando que Frederik fosse preferir se afastar, no entanto, o que sente por ela é mais forte e ele decide investir no relacionamento.
No decorrer da narrativa, acompanhamos a rotina do casal, seus cuidados na relação sexual e também a inserção de Frederik na vida do filho de Cati, que ainda é pequeno e não entende muito bem a entrada de um novo homem na sua e na vida de sua mãe.
Apesar de tratar de uma tema delicado, o autor o faz de uma maneira bastante concisa, explana bem como a doença age e as consequências disso na vida das pessoas, não só as portadoras, mas também os familiares e amigos e ainda que seja preciso tomar muitos remédios, fazer tratamentos, mostra que ter uma vida com o mínimo de normalidade é possível. Tanto que no final há algumas páginas extras em que o autor faz uma espécie de entrevista com o enteado já grande, com a esposa e com a filha que os dois tiveram. É bem legal ver a visão deles em retrospecto.
A narrativa é feita em primeira pessoa, com diálogos com o leitor, em voz off e voz over, que são as vozes do enunciado e dos personagens, respectivamente. Os desenhos possuem um traço simples, que alterna entre o preto e o branco. vale a leitura.

5 respostas

  1. Oi Maria, tudo bem? Não conhecia essa HQ, mas fiquei interessada. Acho que o único livro que li sobre o tema foi "Depois daquela viagem", mas tenho vontade de saber mais, pois realmente é importante conhecer bem, pra gente não julgar e saber lidar com essa diferença. Tempos atrás vi um vídeo muito bacana em que um moço falava sobre isso de uma forma bem realista, crua, mas muito didática e leve. Infelizmente não lembro o nome do vídeo 🙁
    Beijos
    http://profissao-escritor.blogspot.com.br/

  2. Olá, Maria.
    Conhecia a obra apenas de capa. Porém, sua resenha me convenceu. Nunca li nenhuma obra onde um dos protagonistas fosse portador de HIV. Esse retrato, juntando com o relacionamento bonito que eles cativaram, certamente me agrada muito.
    Excelente dica.

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Maria Ferreira

Maria Ferreira é uma mulher negra baiana. É criadora do Clube Impressões, o clube de leitura de livros de ficção do Impressões de Maria, e co-criadora e curadora do Clube Leituras Decoloniais, voltado para a leitura e compartilhamento de reflexões sobre decolonialidade. Também escreve poemas e tem um conto publicado no livro “Vozes Negras” (2019). É formada em Letras-Espanhol pela Universidade Federal de São Paulo. Seus principais interesses estão relacionados com temas que envolvem literatura, feminismo negro e decolonial e discussões sobre raça e gênero. Enxerga a literatura como uma ferramenta essencial para transformar o mundo. 

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