Os poemas presentes nesse livro se encaixam dentro de cinco grandes temas, os quais, Sandro Ornellas, na apresentação no início do livro, classifica como mitopoéticas de matriz afrodescendente: Capoeira, Congado, Jongo, Orixás e Vissungos.
Cada mitopoética é composta por oito poemas, cada um em uma página, acompanhados de ilustrações em preto e branco. A passagem de uma mitopoética para outra é marcada por uma ilustração colorida que ocupa duas páginas e remetem ao assunto. As ilustrações, todas cheias de potência representativa, foram feitas por Mauricio Negro.
Na mitopoétca Capoeira, experimentei uma sensação de nostalgia dos tempos em que eu praticava essa atividade na infância. Nos poemas, o autor dá destaque para as partes do corpo que são fundamentais nessa prática, o ritmo dos poemas lembra muito o gingado natural da capoeira, principalmente em “O som dos sons” que recupera alguns instrumentos característicos, como o caxixi e o berimbau e claro, as palmas de quem está na roda.
O Congado é uma prática religiosa que une manifestações culturais africanas, indígenas e europeias. Nos poemas, o leitor poderá conhecer um pouco sobre o Rei Galanga, Santa Rosário, São Benedito, Zambi, Calunga, o Rei e a Rainha do Congo.
O Jongo é composto por dança, canto e exaltação de santos católicos e ancestrais afrodescendentes, muito presente no sudeste do Brasil. No Jongo, os pontos, a parte oral e os tambores têm fundamental importância, como se pode observar no poema “Tambores”, do qual destaco os seguintes versos:
“(…)Sem eles não há roda.Sem eles não há festa.Com eles tudo se faz:O encontro,O cumprimento, a bocaQue tira o canto.Com eles os antigosVivem outra vez”.
Os Vissungos são cantos que surgiram em decorrência da atividade mineradora, entre os séculos XVII e XVIII. Atualmente, os assuntos desses cantos são voltados mais para os assuntos sociais e cotidianos.
Foi muito enriquecedor poder entrar em contato com esses assuntos, que eu não sabia nada à respeito e poder conhecer um pouco sobre eles. Sem dúvidas, o que mais gostei foi da mitopoética dos Orixás, porque estou vivendo um momento de descobertas em relação a esse tema. Cada poema é intitulado com o nome de um orixá e cada um apresenta as características deles, suas ferramentas, suas ações. Desse modo, o leitor poderá conhecer Exu, Ogum, Iansã, Xangô, Iemanjá, Oxum, Omulú e Oxalá por uma ótica poetizada.
O título do livro foi muito bem escolhido porque cada poema transparece um ritmo, dá vontade de começar a bater palmas e cantar, ainda que não saibamos o ritmo exato.
É um livro infantil, para crianças a partir de 10 anos, mas que com certeza os adultos também podem tirar muito proveito deles.
*Exemplar enviado pela editora.
4 respostas
Na verdade nunca li poemas, é algo que não me chama atenção. Daí lendo "poemas para ler com palmas" só piorou, pois não tenho a menor ideia do que são aqueles temas, nem seus significados ahahahahah, talvez seja uma boa maneira de conhecer,certo?
Para tudo, que livro lindo é esse? eu amei a indicação a forma como a temática é explorada, a vida e a cultura em forma de poesia, dança, capoeira. 'Exu, Ogum, Iansã, Xangô, Iemanjá, Oxum, Omulú e Oxalá' amo todos, muito. Tenho um amigo que grava sobre essa temática, Kleber Melo.
Anotei aqui pra ler também!
Palmas para o premiado autor Edimilson de Almeida Pereira, palmas para Mazza Edições.