Professor de ilusões- Monica Martinez

Este livro nos apresenta a rotina de Sidney, um professor universitário de Jornalismo. Leciona essa disciplina há dez anos em uma universidade privada e já está cansado da rotina de seu trabalho. O relacionamento com os colegas é superficial e com os alunos, é sempre a mesma coisa: alunos novos, inexperientes e encantados com a faculdade, sem saber onde estão se metendo  e alunos mais vividos, adultos, que dividem sua vida entre família, emprego e faculdade. Destes últimos, percebe um esforço quase sobre-humano para continuarem no curso, por isso, sempre que possível, tenta compreendê-los e não deixá-los retidos em sua matéria. Quanto aos primeiros, observa o comportamento displicente, que muitas beira o desrespeito quando a tela do celular deles parece ser mais interessante do que está sendo ensinado pelo professor.

Aparecem algumas oportunidades de Sidney concorrer em alguns concursos, mas o que o motiva mesmo foi a ideia de escrever um livro de ficção, com uma linguagem diferente da acadêmica e por esse mesmo motivo, um desafio. Coloca na cabeça que para isso precisará de um mentor para o guiar nessa empreitada, então vai atrás de autores já conhecidos, mas não obtém êxito. O livro todo Sidney tenta escrever seu romance, mas a falta de tempo é constante.

Sidney passou por uma separação muito dolorosa, em que a primeira esposa o trocou por um outro homem. Depois de se envolver com mulheres mais novas, conheceu Sandra, sua esposa atual e mulher compreensiva e companheira, que aceitou não somente Sidney, como também o filho dele, Gabriel.

“(…) tinha uma admiração intensa por gente que sabia escrever, mas uma admiração ainda maior por quem sabia quando parar de escrever”. (p. 99)

Há diálogos pouco convincentes, que por vezes, me pareceu forçados. É constante a presença de divagações, o que torna a leitura mais lenta. Talvez seja um bom livro para quem quer saber a rotina de um professor de Jornalismo, mas fora isso, não sei se terá muito mais a oferecer.
 A capa é simples, lembra uma lousa para escrever com giz. A diagramação também é simples, mas confortável e o livro bem revisado.

2 respostas

  1. Olá Maria,
    Que decepçãozinha senti com esse livro. No começo de sua resenha, pensei que o livro seria bom, envolvente, que apresentaria a rotina do professor e uma lição de vida por ele ir atrás de seu sonho, mas não foi assim :/
    Não gostei de saber que os diálogos parecem forçados e que o relacionamento com os alunos é superficial.
    Esse livro não é pra mim :/
    Parabéns pela incrível resenha, adorei sua sinceridade.
    Beijos,
    Um Oceano de Histórias

  2. Olá, Maria.
    Uma pena que o livro não convence tanto, principalmente nos diálogos. Eles são essenciais para um bom desenvolvimento da trama.
    Não faço questão de conhecer a vida de professor de jornalismo não. De vida de professor já basta a minha. haha

    Desbravador de Mundos – Participe do top comentarista de julho. Serão quatro livros e dois vencedores!

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Maria Ferreira

Maria Ferreira é uma mulher negra baiana. É criadora do Clube Impressões, o clube de leitura de livros de ficção do Impressões de Maria, e co-criadora e curadora do Clube Leituras Decoloniais, voltado para a leitura e compartilhamento de reflexões sobre decolonialidade. Também escreve poemas e tem um conto publicado no livro “Vozes Negras” (2019). É formada em Letras-Espanhol pela Universidade Federal de São Paulo. Seus principais interesses estão relacionados com temas que envolvem literatura, feminismo negro e decolonial e discussões sobre raça e gênero. Enxerga a literatura como uma ferramenta essencial para transformar o mundo. 

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