Prólogo, ato, epílogo- Fernanda Montenegro

Quando eu era criança assisti um filme que me impactou: Central do Brasil, de 1998. A atriz Fernanda Montenegro interpretava a protagonista, Dora, uma ex-professora que escrevia cartas para as pessoas analfabetas.
 
Fernanda Montenegro sempre esteve próxima dos brasileiros pelos personagens que interpretava no rádio, na televisão, no cinema e no teatro, lugar em que ela descobriu seu ofício, sua vocação.
 
Como fui uma criança que cresceu de frente para a televisão, esta atriz sempre foi uma referência para mim. Por isso, quando vi o Prólogo, ato, epílogo na lista das editoras parceiras, fiquei imensamente feliz pela oportunidade de conhecer as memórias dela.
 
Entre julho de 2016 e novembro de 2017, Marta Góes realizou dezoito entrevistas com Fernanda Montenegro e a partir do material recolhido e transcrito por Marta, Fernanda escreveu este livro entre novembro de 2017 e agosto de 2019.
 
O espaço temporal entre o ano de 2016, início das entrevistas e agosto de 2019, foi a primeira coisa que me chamou a atenção porque neste intervalo, o nosso país por mudanças significativas como o golpe que colocou Michel Temer no poder e as eleições de 2019 em que os brasileiros elegeram Bolsonaro.
 
Fatos que podem parecer irrelevantes para a leitura do livro, mas ao narrar sua trajetória, Fernanda Montenegro também narra a história do Brasil a partir da vinda de seus bisavós imigrantes, a atriz viveu e acompanhou grandes transformações no nosso país. A narração de Fernanda também ilumina episódios históricos do Brasil, sempre com reflexões críticas da autora, relacionando o passado com a atualidade.
 
Pelas palavras de Fernanda aprendemos sobre as radionovelas, teledramaturgia e história do teatro brasileiro.
No “ato” ainda temos reflexões muito interessantes que Fernanda Montenegro tece sobre o papel da mulher na sociedade e na arte.
 
O teatro é a tônica do livro como podemos ver na divisão que compõe o título. No prólogo conhecemos a história da família imigrante de Fernanda Montenegro, no ato conhecemos sua trajetória artística e no epílogo, a autora reflete sobre o teatro como ofício.
 
Embora, se identifique como atriz, neste livro nos mostra o que já era possível sentir em suas entrevistas, Fernanda Montenegro também é uma grande comunicadora.
 
Prólogo, ato, epílogo ainda traz fotos do arquivo pessoal de Fernanda Montenegro bem como a lista das produções em que já trabalhou e prêmios que recebeu ao longo de sua trajetória.

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Maria Ferreira

Maria Ferreira é uma mulher negra baiana. É criadora do Clube Impressões, o clube de leitura de livros de ficção do Impressões de Maria, e co-criadora e curadora do Clube Leituras Decoloniais, voltado para a leitura e compartilhamento de reflexões sobre decolonialidade. Também escreve poemas e tem um conto publicado no livro “Vozes Negras” (2019). É formada em Letras-Espanhol pela Universidade Federal de São Paulo. Seus principais interesses estão relacionados com temas que envolvem literatura, feminismo negro e decolonial e discussões sobre raça e gênero. Enxerga a literatura como uma ferramenta essencial para transformar o mundo. 

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