Representações Literárias e Artísticas da Guerra Civil Espanhola

Professor Ivan Martin, eu e Mayra

Sábado, dia 17/09, eu participei de um minicurso realizado na Caixa Cultural intitulado: Representações Literárias e Artísticas da Guerra Civil Espanhola, ministrado pelo Ivan Martin, professor do curso de Letras da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). O minicurso começou ás 13h30 e teve duração de quatro horas, com um intervalo para um lanche oferecido pelo próprio museu.

Como está acontecendo a exposição “A valise mexicana:  a redescoberta dos negativos da Guerra Civil Espanhola de Capa, Taro e Chim”, marquei com uma amiga de chegarmos mais cedo para vermos a exposição e depois já ficarmos para o minicurso, porque achamos que seria muito agregador vivenciar as duas experiências. Optamos por ver a exposição antes, porque imaginamos que depois do minicurso estaríamos com a mente um pouco mais cansada para a exposição.
Chegamos no museu por volta das 11h40, vimos toda a exposição, depois fomos almoçar e voltamos. Não vou me deter muito na exposição nessa postagem porque já estou planejando escrever outra só sobre ela, mas já adianto que estava sensacional.
Sobre o minicurso, fiz anotações que resultaram em cinco páginas de caderno, então seria inviável escrever tudo que foi dito lá, de modo que nessa postagem só me deterei em alguns aspectos. 
A Guerra Civil Espanhola foi originada por um golpe de Estado dado pelo  Franco, general fascista, no dia 17/07/1936. Foi a primeira guerra em que os aviões foram usados em combate, com bombardeios aéreos e também a primeira a ser fotografada.
Mobilizou mais de 120 mil brigadistas internacionais, pessoas que saíram de seus países e foram para a Espanha defender a República. Há quem diga que esta foi uma guerra de paixões ideológicas antes de ser militar, porque as pessoas saíram de suas casas para lutar por uma ideologia.
Na literatura, os embates ideológicos foram representados na ficção, com romances fascistas, comunistas e anarquistas que eram vendidos em bancas de jornal. Muitas dessas publicações visavam normatizar o comportamento da mulher.
Foram expostos diversos poemas de poetas que escreveram sobre o horror da guerra. Poemas que transparecem o medo sentido, “Alguién barre“, do Rafael Alberti; a falta de coragem de olhar para o rio para ver o que desce por ele, “Romance del Duero“, Gerado Diego e até mesmo transpõem o forte cheiro do sândalo como o cheiro da morte, “Rincón de la sangre“, Emilio Prados. Percebemos que os poemas mexiam com os sentidos, o olfato, a visão, o tato, o audição.
Teve exposição de romances que tem como temática a guerra. Dos autores brasileiros citados, foi uma surpresa para mim ver o nome do Jorge Amado, porque pouco se sabe de seus livros que não são “globais”, que são mais engajados politicamente. Dos poetas brasileiros, foram citados Bandeira e Drummond.

O cartelismo, foi muito utilizado para chamar pessoas para se alistarem. Nos foi apresentado alguns cartazes e feita a análise deles.
Nas artes plásticas, vimos um vídeo com uma leitura em 3D do quadro “Guernica“, do Pablo Picasso, cidade que em 1937 foi bombardeada por 43 aviões e na animação há uma intensificação do sentimento de dor e desespero passado pela pintura.
Finalizamos com os romances gráficos, ainda recentes na Espanha, com narrativas feitas pelos testemunhos escritos dos que viveram a guerra e com base na historiografia.
Por fim, a fotografia. Foi de um valor muito grande os negativos tirados durante a guerra terem sidos encontrados recentemente e por isso é importante visitar a exposição.
Foi uma experiência muito enriquecedora. Saí de lá com uma lista de indicações de documentários, filmes, livros e músicas. Aprendi muito sobre a guerra, de uma forma bastante didática e interseccionada.

2 respostas

  1. Imagino que deve ter sido mesmo uma experiência muito rica. Eu nunca li um romance que focasse na Guerra civil espanhola, também até hoje, não conheço o lado mais político de Jorge Amado. Sempre bom aprender dessa forma, contextualizada.

    Passei aqui também para agradecer a sua mensagem sobre sua página Lista Negra, tenho até vontade fazer o mesmo, assim que tiver um tempinho,temos que incentivar mais as nossas vozes.

    Abços!

  2. Parece ter sido um minicurso muito agregador. Além de conhecer um pouco mais sobre esse período bélico e mergulhar nas ideologias, é interessante ver o envolvimento do lado literário.

    Tomara que futuramente tenha algo semelhante aqui no RJ.

    Desbravador de Mundos – Participe do top comentarista de setembro. Serão três vencedores, cada um ganhando dois livros.

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Maria Ferreira

Maria Ferreira é uma mulher negra baiana. É criadora do Clube Impressões, o clube de leitura de livros de ficção do Impressões de Maria, e co-criadora e curadora do Clube Leituras Decoloniais, voltado para a leitura e compartilhamento de reflexões sobre decolonialidade. Também escreve poemas e tem um conto publicado no livro “Vozes Negras” (2019). É formada em Letras-Espanhol pela Universidade Federal de São Paulo. Seus principais interesses estão relacionados com temas que envolvem literatura, feminismo negro e decolonial e discussões sobre raça e gênero. Enxerga a literatura como uma ferramenta essencial para transformar o mundo. 

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