Resenha “A Brincadeira”- Milan Kundera

Escrever resenhas dos livros do Kundera é uma tarefa uma tanto complicada dada a profundidade de seus

livros, e com esse não foi diferente; tanto que demorei dias para escrevê-la e nesse meio tempo, sempre oscilando entre escrever e não escrever. Eis que me decidi por escrever, mas deixo bem claro, que a resenha que se segue, não faz jus, de forma alguma, ao livro.

Por causa de uma simples brincadeira, o futuro de um homem e totalmente comprometido na época em que o comunismo era quase uma religião.
Ludvik era um jovem estudante que fazia parte do Partido, mas nas reuniões em que cada um avaliava o comportamento do outro afim de melhorarem, ele era constantemente acusado de individualista e de não levar as coisas à sério. De fato, Ludvik era muito brincalhão e foi por causa de uma de suas brincadeiras que sua vida mudou drasticamente. Ela namorava uma moça chamada Marketa, que teve que fazer uma viagem obedecendo ao Partido. Durante esse período em que os dois ficaram separados, se comunicavam por cartas. Ludvik, sabendo da ingenuidade de sua namorada e querendo feri-la, lhe escreve um cartão-postal com os seguintes dizeres: “O otimismo é o ópio do gênero humano! O espírito sadio fede a imbecialidade. Viva Trotski!” Claro que esse cartão foi interceptado e Ludvik foi duramente castigado: foi expulso do Partido, impedido de continuara seus estudos e ainda foi obrigada a prestar serviços militares. No dia de seu julgamento, todos, sem exceção, levantaram a mão contra ele. O que fez com ele se tornasse uma pessoa incapaz de confiar nos outros.
Durante sua prisão, num dia de folga, ele conheceu Lucie. Uma jovem tímida, com roupas simples, que passava o tempo no cinema. Desde então, nas folgas de Ludvik, os dois se encontravam.
Uma característica marcante nos livros do Kundera é a forma como ele escreve, sempre intercalando a história de uma personagem com a de outras e no final sempre ficamos surpresos ao constatar que está tudo interligado.

Sobre esse livro, é de fácil compreensão, mas é bom termos uma base do momento histórico retratado no livro para facilitar as coisas.

3 respostas

  1. Quando li, gostei bastante do livro. Hoje admito que lembro muito pouco. A história do Ludvik ainda me é clara, mas os outros pontos de vista que ele narra estão meio apagados na minha memória. Realmente, conhecer a história da Primavera de Praga, em 1968, deixa o livro bem mais interessante (A Insustentável Leveza do Ser também). Não a toa, Kundera teve que sair do país e viver como exilado na França.

  2. já li o livro á bastante tempo, mas lembro-me bem de duas passagens que nunca esqueci, e foram as principais "mensagens existenciais" que guardei:
    primeira "a brincadeira" e usar essa formar de comunicar em sociedade, tanto faz que seja um país totalitário ou "democrata", pode mudar a vida de qualquer pessoa perante "o poder cinzentão e estupido". o individuo nunca é dono do seu destino, e tantas voltas sartre deu á procura da "liberdade individual" e julgo não ter encontrado solução para esse "sonho humano".
    segundo quando a personagem principal está, julgo eu, com os amigos de juventude a tocar um concerto? julgo, e um amigo cai depois de lhe ter dado qualquer má ele percebe, e muito bem, que a vida pode acabar a qualquer momento, pode até acabar sem ter morrido, e viver com um sentimento de vingança como "motor", é desperdiçar a sua própria existência, é "viver" e não viver, significa "passar pela vida" e desperdiçar o que de melhor "Ela" nos pode dar

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Maria Ferreira

Maria Ferreira é uma mulher negra baiana. É criadora do Clube Impressões, o clube de leitura de livros de ficção do Impressões de Maria, e co-criadora e curadora do Clube Leituras Decoloniais, voltado para a leitura e compartilhamento de reflexões sobre decolonialidade. Também escreve poemas e tem um conto publicado no livro “Vozes Negras” (2019). É formada em Letras-Espanhol pela Universidade Federal de São Paulo. Seus principais interesses estão relacionados com temas que envolvem literatura, feminismo negro e decolonial e discussões sobre raça e gênero. Enxerga a literatura como uma ferramenta essencial para transformar o mundo. 

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