Resenha “Admirável mundo novo”- Aldous Huxley

Fonte

Edição: 2
Editora: Editora Globo
ISBN: 8525033472
Ano: 2002
Páginas: 314

Este livro é classificado como uma distopia por retratar um mundo idealizado, no qual se encontra uma sociedade perfeita, na qual não existe liberdade de escolha.

O livro é dividido em duas partes. Sendo que a primeira é apresentação desse mundo pelo autor e a segunda é como este mundo é visto pelo olhar de um novo personagem que surge, o Selvagem. Chamado assim, por não fazer parte dessa “civilização”.
Os seres humanos do livro são produzidos em laboratórios e divididos em castas: Alfas,  Deltas, Ípsilons…  Nessa “civilização” organizada e perfeita não existia a maternidade, uma vez que todos eram feitos por fecundação em laboratório e a sociedade havia sido treinada desde cedo para repeli-la com fervor. Da mesma forma não existia o casamento. As pessoas não eram obrigadas a serem fieis a uma pessoa só, todo mundo era de todo mundo e ninguém era de ninguém.
Os personagens com mais destaque no livro são: Bernard e Lenina. Bernard porque mesmo pertencendo a uma casta de superioridade, por diversas vezes se pega perguntando porque que as coisas tinhas que ser daquele jeito, porque deveria existir uma casta superior e outra inferior, empregados e patrões… Lenina aparece como exemplo de mulher daquela sociedade.
O Selvagem, citado anteriormente e também chamado de John, surge no livro quando Bernard viaja com Lenina para uma Reserva de Selvagens, que é um lugar habitado por índios e que não tem nenhuma influência da “civilização”. Prova disto, é que nesta reserva tudo é o oposto do que é ensinado na “civilização”. Lá conhecem Linda, que havia pertencido a “civilização”, mas por ter engravidado, o que do ponto de vista social, era a pior coisa que poderia acontecer se perdeu nessa reserva e foi aí que deu luz a John. Ambos foram rejeitados. Linda porque como havia vindo de uma sociedade na qual o casamento não existia, não era  capaz de entender o porquê de ser odiada pelas mulheres só porque se deitava com os homens delas. E John por ser loiro e não parecer com os índios.
Bernard levou os dois para a “civilização”. John queria muito ir conhecer Londres, a cidade da sua mãe e também porque pensava que ia se sentir melhor lá. Ficava repetindo as palavras de um livro do Shakespeare: “Oh, admirável mundo novo”.
No entanto, tendo contato com esse mundo novo, o Selvagem não se agradou, principalmente porque ia contra tudo o que ele havia aprendido. A começar pelo amor. Se apaixonou por Lenina, mas percebeu que a ideia de amor dela era muito diferente da ideia de amor dele. Quanto à sociedade, não concordava com o uso do Soma, a droga que eles usavam para fugir da realidade. Não querendo compactuar com esse mundo, se isolou e adotou práticas de quem não vive para esse mundo, como por exemplo, ficar se autoflagelando e resistir as tentações.

O final é surpreendente. Confesso que ainda vou precisar de um tempo para me recuperar. Mas me recuperar no sentido bom.

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Maria Ferreira

Maria Ferreira é uma mulher negra baiana. É criadora do Clube Impressões, o clube de leitura de livros de ficção do Impressões de Maria, e co-criadora e curadora do Clube Leituras Decoloniais, voltado para a leitura e compartilhamento de reflexões sobre decolonialidade. Também escreve poemas e tem um conto publicado no livro “Vozes Negras” (2019). É formada em Letras-Espanhol pela Universidade Federal de São Paulo. Seus principais interesses estão relacionados com temas que envolvem literatura, feminismo negro e decolonial e discussões sobre raça e gênero. Enxerga a literatura como uma ferramenta essencial para transformar o mundo. 

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