Resenha “Eles não usam black-tie”- Gianfrancesco Guarnieri

Este livro, na verdade é uma peça de teatro. Na época de seu lançamento foi aclamada pela crítica, não só pela qualidade da obra, como também pelo fato do autor ser novo, apenas 21 anos.
É uma peça/livro com uma trilha sonora: um samba que está presente em toda obra.

As personagens principais são Tião, Maria, Romana e Otávio. Maria e Tião são um casal que logo terão um filho e se apressam para noivar e assim, casarem o mais rápido possível. Romana e Otávio são os pais de Tião.
Pai e filho trabalham na mesma fábrica. Otávio, juntamente com outros operários, se configura em um sindicalista por estar organizando uma greve reivindicando o aumento dos salários. Já Tião, diferentemente de seu pai, não é a favor da greve, pois tem medo de perder sue emprego por conta disso; então resolve furar a greve em troca de um dinheiro extra.
Furando a greve, Tião é rejeitado por sua mulher, por seus colegas de trabalho e é, de certa foram, expulso de casa. Ao furar a greve, ele não traiu só seus colegas grevistas, ele traiu também sua classe, traiu sua família. Tudo isso em detrimento do dinheiro e do desejo de uma ascensão social que estava longe da realidade que vivia. Quando mais novo, morou com os padrinhos na cidade, e agora adulto, mora na casa dos pais em um morro carioca. Ou seja, não lhe é cômodo morar no morro, se ele já experimentou da cidade.

Também é possível estabelecer uma interdiscursividade com a corrente filosófica do  Naturalismo, se levarmos em consideração fatores como o determinismo (homem determinado pelo meio) e lutas de classes que remete sem dúvidas a ocupação dos morros cariocas na década de 1950.

GUARNIERI,  Gianfrancesco. Eles não usam black-tie. São Paulo: Civilização Brasileira, 1995.

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Maria Ferreira

Maria Ferreira é uma mulher negra baiana. É criadora do Clube Impressões, o clube de leitura de livros de ficção do Impressões de Maria, e co-criadora e curadora do Clube Leituras Decoloniais, voltado para a leitura e compartilhamento de reflexões sobre decolonialidade. Também escreve poemas e tem um conto publicado no livro “Vozes Negras” (2019). É formada em Letras-Espanhol pela Universidade Federal de São Paulo. Seus principais interesses estão relacionados com temas que envolvem literatura, feminismo negro e decolonial e discussões sobre raça e gênero. Enxerga a literatura como uma ferramenta essencial para transformar o mundo. 

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