Por Arsenio Meira
“… o destino daquelas nossas primeiras viagens era sempre o horizonte.”
Mario Quintana nunca seguiu as modas literárias. Ele sabia que nunca sairá da moda o poeta que estiver despido, ou seja, quem estiver apenas comunicando-se através da sua própria verdade, com arte. Esse é o motivo que chancela o autor a não considerar mais ninguém no momento da sua (re)criação:
“…muita vez o poeta é induzido a modas, quando na
verdade não há nada tão ridículo como os figurinos da
última estação. Só nunca sai da moda quem está nu.”
Ou, escaldado pela fina ironia, sem levar-se a sério, soube dizer aos denominados poetastros:
“Esses poetas que tudo dizem
Nada conseguem dizer:
Estão fazendo apenas relatórios… “
Manuel Bandeira, Cecilia Meireles, Vinicius de Moraes, Paulo Mendes Campos e Carlos Drummond de Andrade conseguiram arrancar o poeta de sua querida Porto Alegre, ainda que por poucos e raros momentos. Mas cada um desses nomes estelares, reconheceu em Quintana um irmão. Aprovação da crítica? Ora, com o reconhecimento do pessoal citado acima, a crítica é que foi reprovada.
Fez poemas banhados de delicadeza, em cada palavra que tocou soube transportar essa espécie de signo que só os poetas parecem possuir. Em cada verso tecido na penumbra que ele tinha por companheira , a espontaneidade de um sentimento atemporal: bem-querer. Ajudou-nos a compreender os mistérios da vida e da morte, provocando-nos a buscar reflexões que só nós podemos resolver. Ora, se o texto não nos ajuda a pensar e a resolver os seus enigmas,será simplesmente um amontoado de palavras sem utilidade. O poeta gaúcho foi um grande observador do mundo, das coisas e dos pequenos (sempre grandes) gestos.
Deu luz a esse mundo segundo a sua sensibilidade, ou seja , segundo a sua percepção da realidade. Ele apalpou a realidade,entendeu o caminho e foi essencial. E ainda lecionou sem saber e sem pedir nada em troca:
“Um poema não é quando páras no fim,
porque um verdadeiro poema continua sempre…
Um poema que não te ajude a viver e não saiba
preparar-te para a morte
não tem sentido: é um pobre chocalho de palavras!”
Eis Mario Quintana e o seu modo de fazer poesia. Como se diz: um poeta definitivo.
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