Resenha “Persépolis”- Marjane Satrapi

Edição: 1
Editora: Companhia das Letras
ISBN:9788535911626
Ano: 2007
Páginas: 352

“A história de Persépolis é muito interessante no todo. A versão separada em quatro volumes é ainda melhor, pois tem uma ordem lógica: primeiro a invasão do Irã e a instalação do xá, quando Marjane era criança, o fortalecimento do xá, quando adolescente, o exílio de Marjane após o Irã tornar-se insuportável e a volta para casa, com o regime já homogêneo.
O primeiro livro é, permito-me dizer, o mais divertido. Além disso, é o mais fiel à ideia de passar a história do Irã e dos seus sistemas governamentais. Além disso, houve empatia automática com a personagem, que assim como eu está no início dos estudos que fundamentam seu pensamento de esquerda.
O segundo livro mostra histórias duras e, caso a leitura não seja feita com o intuito de acrescentar a respeito do atual regime iraniano, há grande propensão à desistência.
Quando Marjane se exila na Austria, se esquece um pouco a história do Irã, o que é explicado no quarto livro, pois a inércia começa então a tomar conta do Irã. O livro é centrado na vida de Marjane e nas experiências que nunca poderia ter em terras iranianas. Talvez o que venha a impedir o prosseguimento da leitura seja o conservadorismo. Mas calma: também tive que aprender a aceitar que minha Marjane havia crescido.
No quarto livro, Marjane enfim volta pro seio da sua família, que não mais é bombardeada diariamente. O que poderia ser uma vitória para a população, é, na verdade, a comprovação da vitória do regime opressor: o xá havia se tornado tão real e tão normal, que os que não concordavam deram suas vidas e os que ainda tinham o que viver preferiram conceder e aceitar. Dessa forma, na aceitação de um destino enfadonho, Marjane se casa, se forma e logo se separa. Volta então a ser Marjane.
O fim da série de livros sem um fim propriamente dito dá uma ideia de continuidade: Marjane que hoje não chegou sequer ao seu meio século é retrato de um passado recente e de um presente corrente e representa um grito daqueles que já viveram tempos melhores em sua pátria.”

A resenha acima foi escrita por uma amiga e foi publicada em seu Skoob. Com o consentimento dela, publiquei aqui.
Estabelecemos uma relação com esse livro, quando eu o descobri em uma das bibliotecas que frequento. A foto acima, é do livro completo, mas nós lemos os livros individuais, que são  quatro ao total.
Impossível não se apaixonar e sentir uma certa empatia por Marjane e sua história de vida, uma vez que o livro se trata de uma autobiografia em quadrinhos.
Também foi feito um filme baseado no livro ( que pode ser facilmente encontrado no youtube).

Uma resposta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Maria Ferreira

Maria Ferreira é uma mulher negra baiana. É criadora do Clube Impressões, o clube de leitura de livros de ficção do Impressões de Maria, e co-criadora e curadora do Clube Leituras Decoloniais, voltado para a leitura e compartilhamento de reflexões sobre decolonialidade. Também escreve poemas e tem um conto publicado no livro “Vozes Negras” (2019). É formada em Letras-Espanhol pela Universidade Federal de São Paulo. Seus principais interesses estão relacionados com temas que envolvem literatura, feminismo negro e decolonial e discussões sobre raça e gênero. Enxerga a literatura como uma ferramenta essencial para transformar o mundo. 

R$ 5.829/mês 72%

Participe do Clube Impressões

Clube de leitura online que tem como proposta ler e suscitar discussões sobre obras de ficção que abordam assuntos como raça, gênero e classe, promovendo o pensamento crítico sobre a realidade de grupos minorizados.