Resenha “Se Um Viajante Numa Noite de Inverno”- Italo Calvino

Desde a primeira vez que tive contato com uma obra do Calvino, brotou em mim um desejo irreparável de ler todos os livros dele.
O livro Se Um Viajante Numa Noite de Inverno (ufa!) é um dos mais conhecidos e elogiados. Não sei até agora o que dizer sobre. Foi um baque. Um baque porque não esperava tamanha complexidade. Mas é uma complexidade genial.

O livro começa narrando a história de uma pessoa que vai começar a ler um livro. Este livro que vai começar a ser lido é “Se Um Viajante Numa Noite de Inverno”, do Italo Calvino. É uma metalinguagem impressionante. Mas aí, o personagem que está lendo o livro, percebe que o livro não tem fim, que a história fica se repetindo, conclui que é um erro de edição e vai na livraria em que comprou para trocar por um que não apresente este erro. O vendedor troca, mas quando ele, o leitor começa a ler, percebe que é um livro totalmente diferente do que ele tinha iniciado a leitura, mesmo assim, ele continua a ler, mas acontece a mesma coisa: o  livro é inacabado e não tem continuação. Ele vai em busca da continuação e de novo não é o livro que ele estava lendo e este ciclo se repete.

Claro que o livro não é tão monótono assim e entre a leitura de um livro e outro, e a busca da continuação correta, a personagem principal que tem o nome de Leitor, conhece a Leitora e sua irmã e mais alguns personagens também aparecem na história.
No final do livro tudo parece se resolver e fazer sentido, mas na verdade, eu achei que isso só intensifica o sentimento de confusão. É um livro confuso, que precisa ser lido com bastante atenção porque qualquer distração pode comprometer o entendimento.

Conversando com uma amigo, ele me disse que a intenção talvez não seja agradar, mas sim não nos deixar indiferentes. Eu concordo. Não dá mesmo para ser indiferente em relação a este livro.

7 respostas

  1. Ainda encararei. Te falei que ia comprar um livro do Calvino para mim mesmo de aniversário, né? Ia comprar esse, mas esgotou, então comprei O barão nas árvores, que você elogiou bastante também. Só a premissa de "Se um viajante…" já é genial, imagino o livro todo.

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Maria Ferreira

Maria Ferreira é uma mulher negra baiana. É criadora do Clube Impressões, o clube de leitura de livros de ficção do Impressões de Maria, e co-criadora e curadora do Clube Leituras Decoloniais, voltado para a leitura e compartilhamento de reflexões sobre decolonialidade. Também escreve poemas e tem um conto publicado no livro “Vozes Negras” (2019). É formada em Letras-Espanhol pela Universidade Federal de São Paulo. Seus principais interesses estão relacionados com temas que envolvem literatura, feminismo negro e decolonial e discussões sobre raça e gênero. Enxerga a literatura como uma ferramenta essencial para transformar o mundo. 

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