Resenha “Todo terrorista é sentimental”- Márcio Menezes

O livro começa narrando, como se fosse uma matéria de jornal, a morte de três políticos cariocas, em setembro e dezembro de 1994 e janeiro de 1995.
Cito e Gonzáles são amigos que se conheceram na faculdade de Jornalismo. São declaradamente de esquerda e após presenciarem a morte de uma vendedora ambulante em uma praia do Rio de Janeiro e descobrirem que a morte dela estava associada ao consumo de um remédio alterado que era fornecido pelo Estado, os dois amigos decidem que a situação não poderia ficar daquele jeito.
Assistindo uma partida de futebol no estádio do Maracanã, criam o Comando Terrorista Anti-Corrupção. Que consistia basicamente em fazer justiça com as próprias mãos. Queriam justiça pela morte de dona Angelina, a ambulante que havia morrido em seus braços, vítima da corrupção política.
Suas primeiras duas vítimas são mortas com uma bomba e a terceira vítima é morta por envenenamento com o auxílio de um elemento feminino que entrou para o Comando: Ana . E o quarto atentado volta ser com bomba também.
Depois do quarto atentado escrevem uma carta para a imprensa, assumindo seus atos terroristas e com isso exigem o fim da Lei de Impunidade Parlamentar que impede que os políticos sejam julgados como pessoas comuns.
O livro terminou de uma forma bem satisfatória, apesar do destino trágico de um dos membros do Comando.
Há erotismo, há sexo, drogas e rock’n roll e há o despertar para o questionamento de como está a situação política do Brasil. Apesar dos acontecimentos do livro serem datados no ano de 1994 e 1995, ter o espaço amostral no Rio de Janeiro, tudo é muito atual. De tal forma que você fecha o livro e se pergunta “será que  isto aconteceu mesmo ?”, mas na orelha do livro já adverte: “qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência”.

3 respostas

  1. Simplesmente amo romances políticos! Sou uma das poucas mulheres que se interessa por esse assunto, e pelo jeito você também, o que me deixa feliz!
    Adorei a resenha, sempre amo os livros que você traz, já te falei isso né??
    Beijos

    Meu Meio Devaneio

  2. Li este livro há um tempo, emprestei e nunca mais o vi… No entanto procuro pela bandas que sempre aparece no livro… Alguém poderia me ajudar? o livro é ótimo e a " trilha sonora" digamos assim muito boa… Quem puder dar uma força agradeço.

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Maria Ferreira

Maria Ferreira é uma mulher negra baiana. É criadora do Clube Impressões, o clube de leitura de livros de ficção do Impressões de Maria, e co-criadora e curadora do Clube Leituras Decoloniais, voltado para a leitura e compartilhamento de reflexões sobre decolonialidade. Também escreve poemas e tem um conto publicado no livro “Vozes Negras” (2019). É formada em Letras-Espanhol pela Universidade Federal de São Paulo. Seus principais interesses estão relacionados com temas que envolvem literatura, feminismo negro e decolonial e discussões sobre raça e gênero. Enxerga a literatura como uma ferramenta essencial para transformar o mundo. 

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