‘”Vida e proezas de Aléxis Zorbás” consegue ser ao mesmo tempo um romance de aventura, que se lê com febre, e um romance de formação, que transforma. Como em todo grande livro sua leitura não é apenas uma experiência literária de excelência, é uma experiência de vida”. -Carlos Eduardo de Magalhães
Escrito em primeira pessoa, o livro é um relato de um homem que é considerado um intelectual ao ser julgado por suas relações com os livros. Esse homem, que em momento algum nos é dado seu nome, resolveu fazer uma viagem, influenciado pela partida de seu grande amigo, muito estimado, Stavridákis, que na sua despedida, o chamou de “roedor de papel”. Tal frase, o fez acordar para a vida e perguntar a si mesmo “Eu que amava tanto a vida, como podia estar há tantos anos enredado nos papeis e nas tintas?!”. Então, resolveu viajar para Creta. Alugou uma mina de linhito abandonada e foi conviver com as pessoas simples. Nas palavras dele ” longe da classe dos roedores de papel”. No entanto, ainda assim levou consigo um manuscrito inacabado, no qual escrevia sobre Buda e um livro de bolso, Dante.
Enquanto esperava o navio partir, foi abordado por um senhor de cerca de sessenta e cinco anos, se oferecendo para que o levasse consigo “pensei- levar comigo esse velho alto e desengonçado para a longínqua praia solitária. Sopas, risos, conversas… ele parecia um Simbad o Marujo, muito viajado, muito vivido. Gostei dele” E lá se foram os dois, Zorbás apenas levava seu instrumento, um santir, e muitas histórias para contar.
Já em Creta, se hospedaram na casa de madame Hortense, uma mulher vivida, que foi apaixonada pelos homens que representavam as quatro grandes potências: Itália, França, Inglaterra e Rússia. Zorbás, logo quando a vê não consegue desviar os olhos e os dois passam a se relacionar.
Zorbás é o personagem central desse livro. E ele que faz com que o livro seja profundo, seja reflexivo e filosófico, ainda que muitas vezes esta personagem se mostre machista, mas tal defeito é facilmente encoberto pelo modo como ele vê a vida. “Eu entendi que esse Zorbás era o homem que há tanto tempo eu procurava sem encontrar: um espírito vivaz, uma fala calorosa, uma grande alma bruta que ainda não cortara o cordão umbilical com sua mãe, a Terra”.
O que encanta nesse livro é a profundidade com que Nikos Kazantzákis, o autor, penetra do íntimo de seu leitor, o fazendo refletir sobre as suas mais diversas escolhas. A forma como ele escreve flui naturalmente, cheia de poesia. O livro é quase um poema, no qual é extremamente valorizado o poder de uma amizade.
Temo que minhas poucas palavras não façam jus ao livro, que foi transformado em filme no ano de 1964, com o título de “Zorba, o grego” e é uma grande pena que Kazantzákis ( 1957) não tenha tido oportunidade ver o sucesso de seu Zorbás.
Este livro que tenho foi traduzido diretamente do grego por Marisa Ribeiro Donatiello e Silvia Ricardino e publicado no Brasil pela editora Grua. Vale lembrar que Nikos foi do mais importante escritor o século XX e esta obra está impregnada de um inegável valor histórico.
3 respostas
Não conhecia esse livro, mas fiquei curiosa em lê-lo!
Parabéns pela resenha!
Beijos!
Borboletas Literárias
Adoooro suas resenhas flor. Quase deu pra sentir a leveza do livro daqui.
Não tinha ouvido falar dele ainda, mas curti demais a resenha e gostaria muito de lê-lo futuramente.
Ps: Lindinho demais esse novo Banner do blog.
Beeijos
quenerdissealice.blogspot.com.br
Não conhecia o livro até agora rs, mas gostei de sua resenha e vc me fez querer ler o livro.
Beijos
http://fernandabizerra.blogspot.com.br/