Sejamos todos feministas- Chimamanda Ngozi Adichie

A premiada autora nigeriana, nasceu em 1977 e vive nos Estados Unidos, é autora de três livros: Meio sol amarelo (2008), Hibisco roxo (2011) e Americanah (2014), todos publicados no Brasil pela Companhia das Letras. É interessante perceber como em sua obra as personagens femininas têm destaque.
Este livro é a transcrição adaptada de um discurso que a autora fez no TEDxEuston, conferência que ocorre anualmente para discutir questões sobre a África, que resultou em um livro de bolso, traduzido por Christina Baum e publicado pelo Companhia das Letras em 2014.
Disponível inicialmente somente na versão digital, no ano seguinte ganhou também uma versão impressa. 

O tema abordado na obra é o feminismo. A autora mostra o motivo dele ser tão importante para desconstrução das desigualdades, sejam elas sociais, políticas ou econômicas. A narrativa é feita em primeira pessoa, com uma linguagem acessível, em tom de conversa informal, uma vez que autora parte de suas próprias experiências pessoais para, de forma clara e didática, falar sobre como o machismo se manisfesta, muitas vezes, de forma tão naturalizada que parece que é o certo e, em contraponto a ele, o feminismo, que seria uma forma de diminuir as diferenças entre os gêneros.

“Perdemos muito tempo ensinando as meninas a se preocupar com o que os meninos pensam delas. Mas o oposto não acontece”.

O discurso começa com Chimamanda contando sobre a primeira vez em que foi chamada de “feminista” por um amigo. Na época, ela não sabia o significado dessa palavra e não quis que o amigo percebesse, ainda porque, pelo tom de voz usado por ele, não parecia ser algo bom. Quando foi procurar a palavra no dicionário. se viu identificada e começou se autodenominar feminista, ainda que essa palavra carregasse uma carga de negatividade.
Dos exemplos relatados pela autora, destaco o seguinte trecho: “Existem mais mulheres do que homens no mundo– 52% da população mundial é feminina, mas os cargos de poder e prestígio são ocupados pelos homens”. Esse fato deixa transparecer que a única justificativa para a ausência de mulheres em cargos de poder, mesmo elas sendo a maioria, baseia-se unicamente no preconceito de gênero.

”Uma vez estava falando sobre a questão de gênero e um homem me perguntou porque me via como uma mulher e não como um ser humano. É o tipo de pergunta que funciona para silenciar a experiência específica de uma pessoa”.

Indico fortemente a leitura para todas as pessoas. Sejam homens, mulheres ou jovens. Acredito que, meso quem não é feminista, após a leitura irá repensar seu posicionamento. Os homens conseguirão identificar atitudes machistas reproduzidas por eles e as mulheres terão mais amparo para não aceitarem a submissão imposta pela sociedade.

Uma resposta

  1. Olá Maria,

    Adorei a resenha,

    O livro da Chimamanda mudou muito minha visão sobre o feminismo, acho que me fez vê-lo de forma mais positiva. Antes da leitura ainda tinha um pouco de receio sobre o movimento mas, como você citou, a linguagem acessível é fundamental para tratar um tema tão complicado de forma simples, e de fato funcionou comigo.

    Gosto muito dessa capa da versão digital, que tem o rosto dela, acho até mais bacana do que a física.

    Parabéns por trazer um tema tão importante para o blog (tema esse que adoraria se fosse mais abordado na literatura atual!).

    Abração 😀

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Maria Ferreira

Maria Ferreira é uma mulher negra baiana. É criadora do Clube Impressões, o clube de leitura de livros de ficção do Impressões de Maria, e co-criadora e curadora do Clube Leituras Decoloniais, voltado para a leitura e compartilhamento de reflexões sobre decolonialidade. Também escreve poemas e tem um conto publicado no livro “Vozes Negras” (2019). É formada em Letras-Espanhol pela Universidade Federal de São Paulo. Seus principais interesses estão relacionados com temas que envolvem literatura, feminismo negro e decolonial e discussões sobre raça e gênero. Enxerga a literatura como uma ferramenta essencial para transformar o mundo. 

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