Serotonina- Michel Houellebecq

Defendo que conheçamos coisas diferentes do que estamos acostumados, por isso, quando vi na lista das editoras parceiras, este livro da literatura francesa contemporânea, me interessei. Além disso, Serotonina do Michel Houllebecq traz um tema que despertou a minha curiosidade: o uso de antidepressivos.
 
Nesta narrativa em primeira pessoa conhecemos Florent-Claude Labrouste, 46 anos, frustrado com o trabalho e levando um casamento que não vai nada bem.  Mas um dia ele descobre vídeos e fotos pornográficos da esposa e decide se separar.  Nesta parte temos uma mudança narrativa porque a partir disso, Florent-Claude começa a buscar todas as mulheres que fizeram parte de sua vida para se despedir delas.
 
O sexo para este personagem é uma catástrofe porque conforme usa os antidepressivos aumentam seus problemas de impotência e este fato, para ele, representa a morte, por isso, deseja se despedir de suas ex-mulheres.
 
O cenário do romance é a França contemporânea, então, neste livro, há muitas relações com as questões sociais, políticas e econômicas da França. Houllebecq expõe muitos problemas do mundo doente em que estamos vivendo e aparentemente, para Florent-Claude a única possibilidade de vida está no uso dos antidepressivos.
 
O que acho encantador em Serotonina é que lemos o ponto de vista de um personagem odioso que faz muitos comentários preconceituosos, ainda assim, é possível observarmos muitas perspectivas sensíveis por parte dele. 
Eu terminei este livro me perguntando se o grande conflito desta narrativa não é a ausência de afeto.
“Serotonina é um hormônio ligado à autoestima, ao reconhecimento obtido dentro do grupo”.
Dizem que Michel Houellebecq é um autor odioso bem como seu personagem. Descobri isso depois de pedir o livro para a editora, entretanto.  Depois de ler Serotonina eu queria admitir para vocês: eu fiquei curiosa para ler outros livros do Michel Houellebecq.
 
A literatura e o que ela nos causa nos coloca diante de desejos contradições.

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Maria Ferreira

Maria Ferreira é uma mulher negra baiana. É criadora do Clube Impressões, o clube de leitura de livros de ficção do Impressões de Maria, e co-criadora e curadora do Clube Leituras Decoloniais, voltado para a leitura e compartilhamento de reflexões sobre decolonialidade. Também escreve poemas e tem um conto publicado no livro “Vozes Negras” (2019). É formada em Letras-Espanhol pela Universidade Federal de São Paulo. Seus principais interesses estão relacionados com temas que envolvem literatura, feminismo negro e decolonial e discussões sobre raça e gênero. Enxerga a literatura como uma ferramenta essencial para transformar o mundo. 

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